‘JUNG_E’ tem bons embates filosóficos, mas peca pelo ritmo
Bruno Oliveira
JUNG_E é o novo filme sul-coreano que acabou de chegar na Netflix. O longa é dirigido e roteirizado por Sang-ho Yeon, responsável por obras como “Invasão Zumbi” (2016) e “Profecia do Inferno” (2021). Essa última, uma série que pode ser vista também na locadora vermelha.
O alvo dessa resenha se trata basicamente de uma história de ficção científica que se passa em um futuro onde a humanidade possui abrigos pelo espaço, já que não consegue mais viver em nosso planeta devido ao aquecimento global e, por consequência, aos alagamentos causados por isso.
Sinopse
No ano de 2194, a humanidade vive uma guerra civil que se perdura por 40 anos. A única pessoa que poderia ter evitado tanto tempo de guerra foi ferida em seus primeiros anos de luta e permanece em coma desde então. Como os humanos conseguiram alcançar um alto grau tecnológico, resolvem que devem criar uma inteligência artificial baseada nessa pessoa que se chama Jung_E. Até que ponto é filosoficamente aceitável infringir dor a um ser para conquistar a vitória, seja ele humano ou robô?
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Prejudicada pelo ritmo
Sempre falo isso por aqui e vou falar de novo. O grande ápice da ficção científica é o embate filosófico entre o certo e errado com criaturas orgânicas ou sintéticas. Quando a trama possui robôs, toda essa filosofia escorre como água em um grande rio. É perfeito, por mais que o filme em geral não seja tão bom assim. Esse é o caso de Jung-E, uma obra que beira o monótono, mas que nos traz viézes de pensamentos sobre o que é certo ou errado.
Muito tempo se passou desde a morte da personagem do título. O suficiente para que sua filha, pequena na época, venha a se tornar pesquisadora chefe do projeto de inteligência artificial. Todos os dilemas e todas as emoções provêm dessa personagem.
A culpa só aumenta quando a dor é infringida em sua mãe, mesmo que saiba que ela é apenas um robô. O relacionamento das duas é o grande centro moral da trama e é de onde vem todo esse questionamento entre o que é eticamente aceitável. As coisas vão na base do “custe o que custar” ou poderão ter todo um guia moral para se seguir em uma situação como essa?
O background dessa história é fraco, porém serve como motivação para as personagens principais. No momento em que tal guerra é dada como encerrada, logo o projeto Jung_E também acaba. Ainda mais por não ter um resultado satisfatório. As grandes corporações querem usar tal inteligência artificial para indústria do pornô. Muito plausível se pensarmos como grandes empresários sugadores de dinheiro. Essa é a gota d’água para agirem e terem assim pelo menos duas sequências boas de ação que culminam em seu final que de certa forma é poético.
Conclusão
Amo a temática, que é até bem explorada, mas o resultado de JUNG_E, no geral, não é tão satisfatório. O mundo criado é pouco explorado e vemos apenas alguns cenários nesse futuro quase apocalíptico, mas tecnológico. A ação sugerida por ele só acontece no seu início e na sua parte final. No meio, somos preenchidos por uma barriga que poderia ter sido desenvolvida melhor com um ritmo um pouco mais ágil. No mais, o longa é uma boa adição ao catálogo, mas se tornará memorável.
Onde assistir ao filme JUNG_E (2023)?
A saber, Jung_E estreou nesta sexta-feira (20) no catálogo da Netflix.
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Não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:
Trailer do filme JUNG_E (2023), da Netflix
JUNG_E (2023): elenco do filme da Netflix
Kang Soo-you
Kim Hyun-joo
Ryu Kyung-Soo
Ficha Técnica do filme JUNG_E (2023), da Netflix
Título original do filme: JUNG_E
Direção: Sang-ho Yeon
Roteiro: Sang-ho Yeon
Duração: 98 minutos
País: Coreia do Sul
Gênero: ficção científica, ação, drama
Ano: 2023
Classificação: 12 anos