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As Histórias de Meu Pai 2020 crítica do filme francês

‘As Histórias de Meu Pai’, um filme contido sobre traumas não resolvidos

Bruno Oliveira

As Histórias de Meu Pai (Profession du Père) é um filme francês de 2020 que está chegando em breve nos cinemas nacionais. O longa é dirigido e roteirizado por Jean-Pierre Améris (“A Linguagem do Coração”) em cima do romance homônimo escrito por Sorj Chalandon.

No elenco, temos os nomes de Benoit Poelvoorde (“Românticos Anônimos”), Audrey Dana (“Crimes de Autor”) e o jovem Jules Lefebvre (“Instinto Materno”). Todos eles nos trazem uma história de época em que o delírio e a toxicidade vão influenciar a vida de uma criança para sempre.

Sinopse

O ano é 1961 em Lyon, França. Emille Choulans (Lefebvre) é um menino de 12 anos que passou sua vida toda ouvindo histórias incríveis de seu pai, André Choulans (Poelvoorde). Principalmente sobre todas as profissões que ele já exerceu nessa vida. De paraquedista a lutador de judô, de jogador de futebol a conselheiro pessoal do General de Gaulle. Agora, para salvar a Argélia francesa, o patriarca convoca seu filho para ajudá-lo fazendo missões perigosas que não são dignas de uma criança.

Delírios ou apenas mentiras deslavadas?

Um problema de As Histórias de Meu Pai é o fato de não saber exatamente como era o momento histórico da época. Nos anos 60, na França, o povo francês odiava os argelinos por alguma razão que não é apresentada aqui para que o espectador possa entender melhor a situação. Isso não estraga o filme como um todo, mas é um detalhe importante que faz diferença.

Sobre a obra em si, tenho muitos pensamentos. Logo que somos apresentados aos nossos dois protagonistas centrais, notamos que tem algo errado. Não é possível um pai ser tão mentiroso e tão tóxico para uma criança como o que vemos em tela. Essa loucura leva com que seu filho vire um fanático lutando por uma causa em que ele nem entende direito. O que começa como uma simples aventura, escalona para algo muito mais sério e perigoso.

Extremismo

O extremismo que começa a fazer parte dessa criança faz com que ela “convoque” um amiguinho de classe argelino para ajudá-lo. É nesse momento que notamos o quanto algumas mentiras contadas como verdades podem afetar a vida de alguém de forma trágica. Emile se torna um grande mentiroso, justamente por ter seu pai como exemplo, e a história se degringola a um ponto em que a polícia tem que ser envolvida para que as coisas não cheguem a um patamar pior.

A dúvida entre delírio e mentira se torna muito tênue e fica difícil separar uma coisa da outra. Junte isso a uma pessoa que você admira e que possui características tóxicas, e a sua cabeça pessoa pode mudar para sempre. O final nos dá um parecer oficial do que é verdade ou não e esse é um momento chave. Pois é nesse instante também que vemos que a mãe de Emile teve uma parcela de culpa por tudo o que ele passou. Às vezes, fingir que não viu nada pode parecer bom, mas, dependendo, pode acabar com a vida de alguém.

Conclusão

Apesar de se passar em um época de conflitos bem sérios politicamente, o que vemos é um longa bem contido que se preocupa em mostrar o relacionamento entre um pai e um filho. O quanto um pai pode influenciar na mente de uma criança. Isso faz toda a diferença sobre o desenrolar da vida de alguém. Caso seja bem criado, a expectativa de ser uma pessoa feliz e realizada é grande. Do contrário, isso pode afetar de forma negativa a ponto de não conseguir seguir em frente devido a traumas não resolvidos. Em suma, As Histórias de Meu Pai é um bom filme.