Foto: Netflix / Divulgação
‘A Mulher dos Mortos’ mata a nossa paciência
Wilson Spiler
|13 de janeiro de 2023
Baseado no livro de Bernhard Aichner, a série A Mulher dos Mortos (Totenfrau) estreou no início de janeiro na Netflix e, desde então, tem ocupado o top 10 entre os mais assistidos no serviço de streaming. A razão é até compreensível, já que produções de suspense e vingança costumam render bem na vermelhinha, mas é mais um dos muitos exemplos de como o público é pouquíssimo exigente no que tange à qualidade das produções.
Na trama, Blum (Anna Maria Mühe) é dona de uma funerária em uma renomada estação de esqui e mãe de duas crianças. Em determinado dia, ela assiste o atropelamento do seu marido na porta de casa por um carro cujo motorista não presta socorro e foge. Deste então, ela resolve que não vai descansar até descobrir quem foi o responsável pela morte do amado.
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Previsibilidade on
A Mulher dos Mortos até tenta captar o espectador com uma teia de personagens que se entrelaçam, mas não consegue. A série vende uma trama banal como complexa, mas que é completamente previsível e recheada de diálogos cansativos e simplórios. Algumas situações são pura vergonha alheia, como a cena da sessão de fotografia, e o desleixo com o drama da personagem principal e do melhor amigo do marido dela, que se apegam sexualmente poucos dias depois da morte dele. Nesse caso, fazendo um trocadilho com o nome do seriado, os dois nem deixaram o corpo esfriar.
Se ao assistir você suspeitar de algum personagem, pode ter certeza: é exatamente isso. Praticamente todo o enredo já é entregue nos dois episódios inaugurais, quiçá no primeiro. Personagens comuns e facilmente identificáveis de outras produções, que não transmitem qualquer profundidade.
Além disso, alguns dramas são desnecessários, como o bullying que a menina sofre na escola e a crise no casamento de Massimo Ricci (Felix Klare), um grande amigo da família. O próprio filho pequeno Jakob (Luis Vorbach) é inútil à trama. Todos esses detalhes em nada acrescentam ao subtexto.
Por quê?
Para piorar, a arrogância de se vender como complexa se junta a algumas questões sem sentido. Por exemplo: por que a mulher dos mortos? Somente pelo motivo de sair atrás dos assassinos do seu marido? Por que ela ‘supostamente’ fala com mortos? Por que ela é dona de uma funerária? Aliás, esse ‘poder’ de falar com quem já se foi é outro detalhe completamente jogado apenas para trazer um ar de sobrenatural e ‘honrar’ o nome da série. Você pode até alegar que se trata de uma espécie de metáfora da consciência da personagem, mas não convence.
Mas que me deixa mais apreensivo é que, provavelmente, terá uma sequência. Afinal, o livro de Bernhard Aichner é uma trilogia. E, a julgar pelo final, tudo indica que veremos uma continuação. O desfecho, aliás, pode ser encarado como um ponto positivo ou negativo. Isso porque ele explica alguns pontos importantes da série. Por outro lado, fica esse receio de uma segunda temporada de A Mulher dos Mortos. A única coisa que a produção consegue, de fato, matar é a nossa paciência para terminar de assisti-la.
Onde assistir à série A Mulher dos Mortos (2023)?
A saber, A Mulher dos Mortos estreou em 5 de janeiro de 2023 no catálogo da Netflix.
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Por fim, não deixe de acompanhar o UltraCast, o podcast do Ultraverso:
Trailer da série A Mulher dos Mortos (2023), da Netflix
A Mulher dos Mortos (2023): elenco da série da Netflix
Anna Maria Mühe
Yousef Sweid
Hans-Uwe Bauer
Ficha Técnica da série A Mulher dos Mortos (2023), da Netflix
Temporada: 1
Episódios: 6
Duração: de 45 a 49 minutos
Criação: Barbara Stepansky, Benito Mueller, Wolfgang Mueller
País: Áustria
Gênero: suspense, drama, policial
Ano: 2022
Classificação: 16 anos
Wilson Spiler
Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.Créditos Galáticos: 1.5
