Alva

O poder feminino e a coragem de ALVA

Guilherme Farizeli

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23 de outubro de 2020

Em um país que lidera o ranking de cirurgias plásticas no mundo, onde pesquisas dizem que apenas 4% das mulheres se sentem bonitas e que a pressão estética cresce a todo momento dentro, ALVA veio para quebrar essas barreiras.

Dona de voz e talento singulares, a cantora lançou, no início de outubro, verdadeiro MANIFESTO FEMINISTA em formato de música. “Meu Bem” fala de envelhecimento, aceitação do corpo e empoderamento da mulher poucas vezes vista na indústria musical.

Com um discurso muito forte de feminismo, a cantora ALVA conversou como ULTRAVERSO sobre carreira, formação musical, indústria e, claro, poder feminino. Pega a cadeira e viaje no nosso bate-papo por vídeo (resumo) e em texto (completa)!

Você começou como cantora gospel e agora defende causas que parecem um pouco distantes dos evangélicos. Como foi essa mudança?

Alva: Na verdade, se você pensar na ideologia da Igreja, tem muito a ver. Porque é uma ideologia do não-julgamento, do amor ao próximo como a você mesmo. Então, a ideologia cristã combina muito com o meu movimento. De consciência e de respeito, sabe?

Mas eu acho que a região que não só ocupa no lugar evangélico, mas também pode ocupar no lugar pessoal – porque religião é um conjunto de regras, né? – isso sim é algo que eu fui muito disruptiva. Mas não na religião só. Eu acho que na sociedade também. Como hoje em dia, eu digo.

A minha mãe me criou de uma forma muito atenta ao que era real e ao que era parte de mim, ao que era parte do mundo. Então eu sempre tentei ter essa análise muito clara. Claro que é difícil porque a gente está aqui vivendo essa realidade. Então a gente absorve coisas que a gente não quer.

Mas, dentro da própria igreja, eu já questionava isso desde muito cedo. Quando eu tinha seis anos, eu não podia ver televisão no sábado, mas eu assistia. E a minha mãe me perguntava: “Por que você está assistindo televisão? Não pode!”. E eu falava: “Mas Deus deixou…” (risos).

Assim, eu era criança, mas já estava questionando aquele sistema há muito tempo. Então, a minha ruptura desse sistema nunca houve. Frequentava a religião, mas lá dentro eu já era eu.

Na verdade, é o que a própria religião prega, né? Hoje parece bem diferente do que fazemos e pregamos…

Acho que já tem um tempo, né? Eu acho que o próprio Cristo foi disruptivo na época dele, sabe? Ele mostrou para a sociedade um novo ponto de vista. Ele curava leprosos, andava com qualquer pessoa, pregava e se relacionava com qualquer pessoa.

Não tinha nenhuma prepotência relacionada à ideologia dele. Pelo contrário: era entender o que estava acontecendo em volta dele e amar as pessoas da melhor forma que ele podia.

Na verdade, eu tenho uma relação muito bonita com o conceito cristão, sabe? Eu carreguei muitas coisas da religião para mim. Então, o amor quanto ao um quesito divino, que traz nobreza, que é o rosto de Deus na nossa matéria, é algo que visita muito minhas músicas.

O difícil dessa questão que você falou (como foi essa transição), eu acho que é o relacionamento com a família. Esse lugar que eu iluminei para mim, que foi uma iluminação para mim, para eles não é visto tanto dessa forma.

Acho que existe um medo num lugar um pouco anacrônico. Onde o artista vai se drogar, ou vai morrer cedo, ou qualquer coisa desse tipo. Mas não é o meu caso. Eu sou vegetariana, não uso drogas, quase não bebo, sabe? (risos)

A sua família aceita bem o rumo que tomou na sua carreira?

Não. (silêncio) Ainda não. Essa (“Meu Bem”) foi a primeira faixa que a minha mãe teve algum tipo de relacionamento. Porque ela ouviu e falou da vida dela, que lembrou de situações que viveu, que ficou emocionada. Então foi a primeira faixa que ela se relacionou de alguma forma, sabe? O resto foi tipo: “Ah tá, não gosto muito desse tipo de música”“Ai, poxa! Por que tem que ser assim?”.

Então é complicado, mas está tudo bem, sabe? A gente tem uma relação que preserva muito o respeito. A verdade é que eles me dão um apoio em lugares diferentes. Da minha essência, de quem eu sou, da minha vida financeira. É uma relação muito bonita.

Você veio de uma família sem músicos, mas com quatro anos já cantava no coral da igreja e com cinco fazia apresentações solo. Aos sete, já compunha suas próprias canções. O que a puxou para a música?

Eu não sei. Ainda vou descobrir. Acho que estou num caminho de descobrir e é um caminho muito transitório, mas ainda vou descobrir qual é o meu objetivo na música. Porque hoje ele já está muito mais forte para mim, mas era muito confuso ser de uma família que não tem um músico, que não tem um artista, sabe?

Agora a gente tem a Bebela (atriz mirim Isabela Barreto, que está no clipe de “Meu Bem”). Ela é realmente a “ALVA mini”. Ela canta, toca, compõe… é muito bonito para mim ter outro artista, mesmo que seja uma criança, porque eu consigo me relacionar com isso.

Bebela, a “ALVA mini” (Foto: Divulgação)

Como é a sua relação com a indústria musical?

Sempre foi da minha maneira. Quando eu digo que eu mesma me coloquei numa estampa de “Fionna Apple brasileira”, uma artista alternativa, uma artista que faz show sentada no piano. Eu mesma coloquei isso em mim por um tempo, sabe?

Eu já tive muitas ofertas para ser um sucesso dentro de um gênero ou de algum personagem que não tinha a ver comigo. E eu disse muitos nãos e continuo dizendo não para o que eu acho que não tem a ver, o que não está dentro do que acredito.

Isso é difícil porque eu acho que o meu trabalho não se encaixa em nenhuma fatia do mercado. Então, eu acho que não só o público brasileiro tem uma certa dificuldade para absorver esse som, quanto o próprio mercado, às vezes, não sabe o que fazer comigo um pouco, sabe? Aonde colocar.

A minha última saída da gravadora tem muito a ver com o fato de eu estar indo para um caminho que eles não concordam. Isso é difícil porque é menos apoio, menos tudo. Você estar fora, você estar independente.

As propostas que recebeu eram para lhe encaixar num estilo Anitta, Ludmilla, por exemplo?

Sim. Na verdade, lá atrás, eu ouvi assim: “Você vai ser a próxima Vanessa da Mata”. Aí eu falava: “Nossa, mas eu não sou a Vanessa. Eu não tenho nada a ver com ela. Eu toco piano”. Aí diziam: “Então você pode ser uma Anitta”. Nessa época eu nem dançava!

Eu, inclusive, admiro as duas, mas eu acho que os artistas são autênticos nos lugares deles. Então, quando digo “não”, não foi só isso também. Eu já bati boca com produtores em estúdio, já joguei três discos fora. Foram processos muito dolorosos.

Eu já estive dentro de um estúdio com um produtor muito grande que olhou para mim e falou: “Você precisa confiar em mim porque eu sei mais do que você, estou nesse ramo há muito tempo”. Mas eu dizia não, que não queria assim.

Eu voltei de uma faculdade (a cantora estudou Trilhas para Filme e Voz em Boston) onde eu regia orquestras, onde estudava arranjos. Então eu cheguei no Brasil com as pessoas dizendo: “Peraí, você tem 25 anos! Tá achando que você vai dizer como vai ser seu disco?”.

Então eu demorei muito para lançar o meu primeiro disco. Foi em 2018, no Dia da Mulher (8 de março), inclusive. Foi difícil demorar tanto para lançar o disco depois do projeto que fiz que já era autoral, mas foi o caminho que eu quis, sabe?

Foto: Divulgação

Você estudou música em Boston, nos Estados Unidos. Como você avalia as diferenças de cultura musical?

A música brasileira lá fora tem uma visão… hoje não, né? Mas na época que estudei, ela era muito visada pela bossa. As pessoas queriam ouvir bossa e samba. A gente tem muitos artistas que estão morando lá fora porque o próprio Brasil não escuta muito, né? Chico Pinheiro, César Camargo Mariano… é até um absurdo dizer isso.

A música brasileira agora está numa expansão muito maior. O pop está chegando lá, assim como o espanhol está entrando aqui também. Mas, na época em que estudei, eu vivia num universo onde a diversidade era a escola. Qualquer sala de aula tinha japonês, africano, alemão, brasileiro, americano. Então a gente ouvia diversidade o tempo todo. Acho que isso até está muito presente no meu som.

Você ‘jogou fora’ três discos prontos e, mesmo já tendo iniciado sua carreira há certo tempo, só em 2018 lançou um álbum completo. Por que descartou os trabalhos anteriores?

 Eu acho que sou perfeccionista, mas é muito difícil produzir no Brasil uma cantora que toca piano, canta em português, tem referências gringas e tem a personalidade forte (risos)! É difícil produzir essa cantora, você ver alguma cantora brasileira pop ou alternativa que toca piano.

O primeiro disco que eu produzi tinha um caminho meio teen, sabe? O segundo… eu lembro que discuti com um produtor que tirava as guitarras, mas queria que ele colocasse. O segundo já tinha um caminho mais perto do que queria, mas ainda foi para um lado muito MPB e não me considerava isso. Considerava o meu som mais estranho, mais ácido, mais dramático.

Então, assim, todos os discos que foram produzidos são lindos (risos). Não é nem por perfeccionismo. É que eu achava que eles não representavam esse nível de poesia e de drama que eu queria dar, sabe? Eu queria que meu público ouvisse as músicas e se descabelasse, chorasse, saísse correndo pela rua, entendeu? E não sentia que meu disco trazia aquilo.

Tanto que, quando entrei na Sony eu já tinha um disco e a gravadora falou para gravarmos outro. Foi quando gravei “Coração Só”. Foi um processo muito diferente, porque o Pupillo é um produtor que respeita muito o artista e o que ele tem para dar.

Então, o impute dele é muito forte, porque ele é um baterista muito foda. Mas ele ficou muito atento às minhas referências e ao fato de eu ser uma musicista. Então a gente gravou o álbum em cima dos meus pianos e das minhas vozes. Ele tem a minha essência, num lugar meu e do Pupillo, o que é muito lindo, sabe?

Aproveitando a deixa: vem disco novo em breve?

(Risos) Vem. Agora, no final do ano. A gente separou o álbum em dois EPs. O primeiro será lançado agora no fim do ano. É uma junção de todas as músicas que foram lançadas, mais duas novas. Ele se chama “De Onde Eu Vim, O Amor Não Acaba” (referência à letra da canção “Honestamente”).

O próximo EP, que será lançado em 2021, já está também muito bem encaminhado.

E você pensa em aproveitar ainda alguma coisa desses discos?

Muitas músicas desses discos estão em “Coração Só”. Mas acho que seria interessante. É uma boa ideia lançar alguma coisa. Dá vontade de ouvir (risos).

Em seu canal no YouTube, você disponibiliza diversas covers. Suas composições também são bastante diversas. Então, quais artistas ou bandas são referências para você?

Eu tenho referências diferentes para cada lugar da carreira. Então, por exemplo: quanto à força e potência, eu assisto muito Elis (Regina). É uma artista brasileira que ainda me impressiona muito no palco.

Quanto a trabalho visual e conceitual, eu tenho muito acervo da Lisa. Eu acho que ela consegue traduzir artisticamente coisas inimagináveis. É um trabalho muito forte.

Musicalmente, eu tenho referências de pianistas percussivos. Para o meu piano, eu gosto da Fiona (Apple), do Benjamin Clementine, do César Camargo Mariano. Mas o meu trabalho não tem uma referência exata.

Mas acho que, musicalmente, passeia por Bobby McFerrinCamilleNina SimoneWilson Simonal… Tem um lugar muito inusitado da (Lady) Gaga como pianista, que me interessa muito. Um lugar que tem um discurso muito social. Então, ela também é uma referência nesse lugar para mim, sabe?

À primeira vista, o clipe de ‘Meu Bem’ se assemelha bastante ao vídeo de ‘Chandelier’, da SIA. Foi uma referência ou apenas coincidência?

Não, não foi uma referência proposital. A SIA também é uma referência muito forte para mim, quanto musicista, artista. Eu assisto shows dela ao vivo. Ela me traz muitas ideias. Esse roteiro foi escrito pelo Pedro Tofani, que é um grande artista também. Ele escreveu o roteiro sozinho, apesar de eu já ter algumas ideias relacionadas aos manequins. Foi uma coisa inimaginável quando ele me mandou o roteiro e eu entendo totalmente essa referência. Eu me sinto muito lisonjeada quando as pessoas comparam.

SIA é uma artista que tem uma história muito interessante. Ela não quis estar nos palcos. Ela era compositora e, muito tempo depois, surgiu escondendo o rosto. Então ela tem uma força muito grande nesse lugar do corpo também.

Essa comparação não é pejorativa, muito pelo contrário. É um elogio, já que ambos os clipes são muito bem produzidos.

Total. Eu acho que o artista nunca tem a intenção de parecer com nenhum outro artista, sabe? Mas é muito legal construirmos essa referência do tipo “parece um clipe da SIA no Brasil”.

Eu me sinto muito lisonjeada porque a gente tem uma coisa meio “clipe do Brasil”, “música do Brasil”, e eu acho que temos o mesmo nível de qualidade, de potência, de talento – até mais talento, às vezes.

Então, eu sinto muita falta de trabalhos no Brasil que tenham essa força da qualidade que a gente tanto valoriza lá fora, sabe? Eu sei que é difícil porque a gente tem muito menos dinheiro e muito menos recursos. Estamos num país que não está economicamente bem. A intenção nunca é copiar ou fazer algo similar.

‘Meu Bem’ fala em “se enxergar além do que um só corpo”. Como foi essa questão contigo durante a vida e quando chegou à essa aceitação do corpo?

Como toda mulher, acho que vivemos num mundo cruel relacionado ao nosso corpo. O nosso corpo sempre chega primeiro. Isso é uma coisa impossível de não acontecer. De você não olhar para mim e me julgar pelo tamanho do meu corpo, pelo formato do meu corpo, principalmente no meio artístico.

Então, é claro que, durante a minha vida, eu fui traumatizada por várias coisas que estão no meu corpo. Eu acho que ainda estou tentando descontruir isso. Esse clipe foi uma forma de construir isso. A ALVA é uma artista que pretende estar nesse momento se descontruindo de todas as ficções que ela acredita, porque são ficções.

Então, nesse clipe, foi um processo muito difícil de expor todos os meus “defeitos”. Celulite, culote, olheira, ruga, barriga, gordura do braço. Tudo isso disponível para você assistir. É algo complicado para uma mulher, sabe? Mas acho que é muito necessário. Essa mudança acho que vem com referências.

Camila Faus é uma referência para mim. De uma mulher que é potente na idade dela, que está reconstruindo esse lugar de envelhecimento de um jeito totalmente potente. Tem a Cássia Kiss, que sobe no palco e, independente do corpo dela, é um furacão. Eu tive exemplos na minha geração e eu, como artista do pop, queria ser esse lugar de mulher, onde minha ideia chega antes do meu corpo. Está sendo difícil ainda para mim.

Foto: Divulgação

E o que você pensa sobre as cirurgias plásticas?

Eu não vejo problemas em cirurgias plásticas. Acho que elas servem a sociedade num lugar importante porque o ser humano passa por situações que ele precisa delas. Mas a questão da plástica é que ela está se tornando um lugar comum de modificação da nossa estrutura física.

Então, hoje, a mulher não se sente bonita dentro do seu individualismo. Ela precisa estar dentro daquele conforme para que sinta bonita. Isso eu acho um absurdo.

A cirurgia plástica ter aumentado o acesso é muito complicado. Porque a mulher brasileira, que é lindíssima, maravilhosa, tem traumas. A gente não se sente bonita. Nem a magra, nem a que é considerada gorda. Nenhuma se sente bonita. Principalmente as que são exemplos de beleza. São as que mais sofrem, as que mais têm cobrança.

Eu não sou contra cirurgias plásticas, mas eu acho que é um lugar para você desconstruir esse estereotipo e pensar: “Eu preciso disso? Isso é realmente algo que eu preciso, que é da minha saúde, que vai melhorar o meu jeito de viver ou é algo que está na minha cabeça porque está todo mundo fazendo?”. Eu acho que é nesse lugar que a gente tem que se conscientizar.

Você tem um discurso bastante feminista em suas músicas. Em virtude do que estamos vivendo no Brasil, onde temos um líder que diz que sua filha foi uma fraquejada, como você enxerga essa questão por aqui?

(Risos) Essa pergunta é muito boa. A verdade é que o nosso presidente é um reflexo do que existe em muitas casas. Isso é importante. Claro que eu sou totalmente contra ter um presidente desses, mas eu acho importante que a veja que, no máximo do poder do nosso país, isso se reflete, sabe?

Então é um lugar interessante de discurso. É um lugar que a gente precisa debater, porque não é só ele. Ele é um típico que está em várias casas, entendeu? E onde cria muitos traumas em várias mulheres.

No seu Instagram, você colocou áudios de depoimentos de mulheres que sofreram assédios. O quão difícil é ser mulher no Brasil?

É muito difícil. É uma prisão, um medo constante. Ser julgada constantemente, ser marginalizada, sexualizada, abusada o tempo todo. A gente desce na garagem e olha para o lado com medo de qualquer coisa, sabe? Uma vez eu saí do carro, dentro do meu prédio, eu ouvi gritando algum absurdo. Eu voltei no carro, bati (no vidro) e vi que eram cinco meninos se divertindo. Eu disse: “Você não deve falar isso”. Um deles respondeu: “Não, pô! Você está dentro do prédio”. Eu respondi: “Não, você não deve falar isso lugar nenhum”.

A gente passa por isso no trabalho. Eu, como artista, sofri assédio, sabe? Várias vezes perdi muitos trabalhos porque disse não a assédios. O meu corpo não pode ter esse valor. O meu corpo não pode ter esse sistema de troca. Não pode valer dinheiro. Não pode.

Eu acho que o Brasil é um país muito machista. Com relação a esse quesito da beleza, é um dos países que mais tem pressão estética. E eu acho que a gente tem que se libertar disso. As mulheres na Europa, por exemplo, estão mais livres desses conceitos. Elas se sentem livres para envelhecer, têm essa “permissão”. Já a brasileira não tem. Quantas mulheres brasileiras você vê que envelhecem realmente? Com cabelos brancos, rugas e está tudo bem, estou feliz? Não, a mulher brasileira tem muito medo de envelhecer.

E a gente ainda tem uns estereótipos, uma coisa muito brega de que o cara larga a mulher para ficar com uma mais nova. Isso é de tempos atrás, já deu. E acho que é uma desconstrução, mas está muito distante da nossa mídia. Muito distante da mulher mais velha ser valorizada e ter a potência que ela tem, sabe?

Mesmo com um representante desse machismo como presidente, estamos avançando nesse discurso feminista?

Totalmente. Esse presidente não define nada da população. Não define quem é a população, como que esse brasileiro vai expor mais esses assuntos ainda. A real é que eu sinto que esse movimento só cresce, independente do poder.

Eu acredito muito no poder do povo e as mulheres estão tomando consciência de muita coisa. Não só as que se dizem feministas. As que vivem do lado desses homens. Elas estão se conscientizando, sabe? É uma consciência coletiva.

Anteriormente, você usava o nome de Tais Alvarenga. Quando e por que decidiu mudar? Não tem nada a ver com numerologia, né?

Não! (risos) Inclusive, numerólogos falam que meu nome tem um quesito muito social, que cuida de causas. Eu tive um ano onde mudou absolutamente tudo na minha vida. Inclusive, sou tão diferente que, às vezes, encontro profissionais que não me reconhecem, sabe? Que conhecem a Taís Alvarenga, estão falando com a ALVA e não sabem que já me conhecem.

Existiu essa necessidade da mudança de nome, estética, do som. Eu diria que estou vivendo outra vida dentro da minha vida, sabe?

É um personagem, digamos assim?

Não, não é. É uma libertação de várias coisas que eu precisava. Acho que sou uma artista que tenho para dar, para a minha arte e para o mundo, mais do que aquela menina que ficava sentada no piano puramente. Acho que isso precisa se expandir.

Então, a ALVA é uma expansão, um lugar mais inusitado, mais corajoso, sem medo, porque aquela artista tinha muitos medos. A ALVA, hoje, representa um lugar de libertação.

Por fim, como você se define?

Acho que coragem. ALVA por ALVA: coragem.

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Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho.

Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail wilson@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
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