Crítica de Filme | Jovem Aloucada  

Larissa Bello

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5 de setembro de 2014

Com um atraso de 2 anos, desde que o filme foi lançado em 2012, Jovem Aloucada (Joven y Aloucada) finalmente entrou no circuito comercial do Rio de Janeiro. A produção chilena foi exibida no Festival do Rio deste mesmo ano com o título de “Young and Wild: As Aventuras de uma Ninfomaníaca”, e agora chega com o nome original. Ainda bem, pois a história não é abordada da forma como a mirabolante “tradução” sugeria.

A diretora e roteirista Marialy Rivas descobriu o blog “Joven y Alocada”, de Camila Gutiérrez, em 2005. Passou a acompanhar e comentar as postagens da confusa e divertida adolescente durante seis meses. O que a intrigou foi testemunhar o constante conflito entre sexo e religião expresso nas palavras de Camila. Ela descrevia suas histórias sexuais ao mesmo tempo que narrava o ambiente cotidiano de sua vida dentro de uma criação religiosa evangélica. Ela postava frases do tipo: “Eu não acredito em Deus, mas tenho medo do inferno”. Rivas resolveu então conhecer Camila pessoalmente e realizou uma série de entrevistas com ela. Depois disso se juntou a Pedro Peirano, um dos roteiristas do excelente “A Criada” (La Nana, 2009), e escreveu 15 páginas do que se tornaria o argumento do filme. Camila colaborou diretamente na parte do texto dos diálogos e das narrações em off da protagonista.

 O filme gira em torno de Daniela (Alicia Rodríguez), uma adolescente que faz uso de um blog para expressar os seus sentimentos em relação a tudo que rodeia sua vida. A questão é que Daniela pertence a uma família ativamente religiosa e está com os seus hormônios juvenis à flor da pele. Partindo dessa premissa, a abordagem escolhida pela diretora é de fazer tudo da forma mais bem humorada possível. Seja através de divertidas animações ou das narrações em off da protagonista, o filme traz uma leveza ao que poderia ser um tema angustiante e complexo. E tudo isso é acompanhado de uma cativante trilha sonora, que conta com a participação da sensação do eletropop chileno atual, Javiera Mena.

A sexualidade de Daniela se aflora ainda mais quando ela vai trabalhar num canal de TV religioso e lá conhece Tomás (Felipe Pinto) e Antonia (María Gracia Omegna), e acaba se envolvendo com os dois de forma separada e concomitantemente. O interessante do filme é tratar de questões consideradas polêmicas da forma mais divertida possível. Afinal, os conflitos de Camila são os mesmos de qualquer adolescente que está amadurecendo e querendo descobrir seus próprios caminhos.

BEM NA FITA: conseguir tratar com leveza ao tratar de um assunto complexo e angustiante e uma cativante trilha sonora.

QUEIMOU O FILME: o tratamento dado pelo roteiro à questão pode não agradar muitos dos espectadores.

FICHA TÉCNICA:

Título Original: Joven y Aloucada
Diretor: Marialy Rivas
Elenco: Aline Küppenheim, María Gracia Omegna,Alicia Rodriguez, Alejandro Goic, Andrea García-Huidobro, Luis Gnecco, Catalina Saavedra
Roteirista: Marialy Rivas e Pedro Peirano
Gênero: Drama
Duração: 1h32min
País: Chile

Larissa Bello

Graduada em Rádio & TV. Pós-graduada em Leitura e Produção Textual. Capixaba, residiu por 8 anos no Rio de Janeiro, onde atuou em diversas áreas do audiovisual. Atualmente reside em Fortaleza/CE, onde é afiliada da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema) e é autora do blog Cine em Foco (https://cineemfoco.blogspot.com/).
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