Crítica de Filme | Leviatã

Leandro Stenlånd

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24 de janeiro de 2015

A Russia e a Ucrânia nos dias de hoje em seu embate lamentável por área e outros detalhes. Quanto mais se reza, mais sangue aparece, mais disputas sócio-politicas, e com isso, um país que ostenta as geleiras da sibéria em seu ímpeto, demonstra claramente que se precisar, o inferno pode sim, derreter tais geleiras.
Para um filme excepcionalmente estrangeiro e com o Brasil fora da disputa do Oscar, chegou ao país nesta última quinta feira (15), um dos fortes candidatos aos prêmios da temporada: o russo Leviatã,de Andrey Zvyagintsev. Premiado como o melhor roteiro do Festival de Cannes do ano passado, o longa venceu o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e está na disputa por um lugar entre os laureados com a estatueta dourada.
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Há sim, uma necessidade plena de contexto totalmente histórico-filosófico para compreender as críticas à Putin e numa forma sutil, conquistar os Americanos. Atacando o governo russo, “Leviatã” chegou a ter cenas censuradas no país, o que não atrapalhou o seu triunfo internacional. Dado o histórico, o espectador desavisado espera um filme com sequências chocantes, entretanto, a grande audácia da trama está em criticar o abuso de poder – e o faz com louvor (Poderiam então fazer quanto a Coréia do Norte e outros países muito mais arredios, certo?).
Se tornar praticamente o único representante da Rússia na temporada de prêmios já é um feito para o filme, que critica abertamente o sistema político do país como dito acima. Segundo a legislação local, é proibido usar palavrões em obras artísticas de amplo alcance – e isso é o que não falta em Leviatã.
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O longa que se passa no noroeste da Rússia, exatamente numa cidade da Península de Kola, às margens do Mar de Barents, toca fundo no quesito que se propõe. Os críticos de Putin dizem que a história reflete a vida na Rússia nos últimos 15 anos, desde que o ex-espião da KGB chegou ao poder, com seus representantes públicos corruptos se enriquecendo ilícita e impunemente. O Ministério da Cultura russo foi um dos financiadores do filme, mas agora alega que o longa prejudica a imagem da Rússia somente para conseguir aclamação internacional. Ter uma inspiração no conto bíblico é uma coisa, mas ironizar a Rússia para alguns já é até demais.
Claro que sabemos que surge um dilema que já ocorre nos dias de hoje, como um confronto entre o que os indivíduos acham correto ou não, pois os direitos naturais de um não correspondem as obrigações dos demais, resultando no conflito entre os indivíduos é algo para alguns talvez inverossímil. Assim, surge a ideia imposta na criação de um Estado (homem artificial), detentor de uma autoridade central, mas para isso é preciso existir um contrato social, no qual os indivíduos se organizam em sociedade, abdicam de seus direitos, para ter boas qualidades de vida e estabilidade total.
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A crítica ao governo Russo é só uma parte do ”problema”. Assim como no Brasil, a Russia é um país extremamente corrupto, e a maquina política também massacra aqueles que não conseguem fazer por si mesmos. Massacra sim, para fazer aquilo que querem e sem piedade. O Fracasso econômico de um país onde há muitos ricos assim como no nosso, assim como o desmantelamento das relações políticas é algo espantoso. Se ficarmos na Europa até por comparação, ultimamente Portugal, Grécia, Espanha e outros também tem caído num buraco torpe e talvez sem volta , e tudo por causa do abuso político!
Um fato ainda que elusivo para alguns, mas que é a mais derradeira verdade: O longa foca na Decadência, a Injustiça e a Tragédia. “Ideologia, eu quero uma ‘pra viver”, para muitos mortais e aqueles que são julgados e sofrem a corrupção no dia-a-dia que foge da presença funesta da película e então, o verdadeiro primor surge, gerando um burburinho à la carte aos que se deliciam com aquilo que Zvyagintsev proporciona.
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O diretor realiza um ótimo trabalho de crítica ao mostrar o lado político de seu país, e claro, não limitando o longa a somente a história da Europa oriental, mas também para aqueles que a carapuça servir. Diferente do Jó bíblico, Kolia não recebe as recompensas de Deus após suas terríveis provações. De forma irônica, a pregação fala sobre a salvação representada pela verdade, enquanto a história mostra que o poder e o dinheiro são as únicas características realmente salvadoras em um mundo dominado pelo egoísmo e a desconfiança.
BEM NA FITA: O Roteiro, fotografia, o filme é sim, uma excelente forma de crítica ao seu país, mostrando a verdade nua e crua do sistema político dos países corruptos.
QUEIMOU O FILME: Há trechos desnecessários e em alguns momentos o humor ácido para criticar Putin ficou meio que forçado. O longa também se arrasta em alguns momentos.

FICHA TÉCNICA:
Direção: Andrey Zvyagintsev
Roteiro: Andrey Zvyagintsev e Oleg Negin
Elenco: Elena Lyadova, Vladimir Vdovichenkov, Aleksey Serebryakov, Roman Madyanov, Anna Ukolova, Sergey Pokhodaev, Kristina Pakarina, Dmitriy Bykovskiy-Romashov, Lesya Kudryashova, Aleksey Rozin, Irina Graba, Irina Vilkova, Vyacheslav Gonchar, Vladimir Lupanov, Sergey Bachurskiy, Igor Litovkin, Platon Kamenev, Irina Ryndina, Sergey Zhivotov, Aleksey Pavlov, Sergey Grab, Evgeniy Yakunin, Andrey Kolyadov, Andrey Belozerov, Alim Bidnenko.
Gênero: Drama
Duração: 140 minutos

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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