Crítica de Teatro | Eu Te Amo

Ana Carolina Garcia

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13 de janeiro de 2015

A peça Eu Te Amo, de Arnaldo Jabor, começa com um sobressalto.  Juliana Martins faz uso do lugar de espectadora para dar o pontapé inicial no espetáculo.  A encenação começa com a atriz na plateia. Pelo alvoroço feito,  somos levados a confundi-la facilmente com uma mulher louca ou desequilibrada. E esse é o tom da peça. O fato é que todos somos um pouco desequilibrados e instáveis quando sofremos, quando perdemos alguém, quando tentamos, em vão, realizar uma autópsia em um amor que já acabou.

Definir ao certo, qual tema circunda e do que se trata o espetáculo é tentar dar palpabilidade ao abstrato. Como exprimir o indizível, pois isso é do que os relacionamentos são feitos de cumplicidade e silêncio, de dor e espera, do que foi dito e do que se esperava dizer.

Sergio Marone e Juliana Martins retornaram para mais uma temporada no Teatro Fashion Mall e dão vida ao casal Paulo e Maria. Eles se conhecem na internet e decidem marcar um encontro, porém fingindo ser outras pessoas. Paulo finge ser rico e Maria finge ser uma garota de programa e a partir daí, ambos jogam, manipulam um com o outro como num baile de máscaras, milimetricamente deixando o outro ver apenas o permitido.

Toda essa dissimulação é uma forma frustrada de se preservarem, de colocar uma armadura, pois os dois estão se sentindo frágeis, vulneráveis no momento que se encontram. Paulo acaba de se separar de Barbara após um relacionamento de três anos e Maria se sente rejeitada por manter um relacionamento com um homem casado, ou seja, ambos se cruzam no ápice das suas crises emocionais.

Os diretores Rosane Svartman e Lírio Ferreira, oriundos da sétima arte, buscam entrelaçar a história encenada no palco com o artifício audiovisual, mostrando cenas que ocorreram no passado (término com Barbara) e eventos presentes (como ligações telefônicas para Maria e para o amigo de Paulo), porém há ressalvas se a estratégia dos cineastas é eficaz.

A versão teatral de Eu Te Amo foi adaptada do filme homônimo lançado em 1981 por Arnaldo Jabor e trazia Sonia Braga e Paulo César Pereiro, como Maria e Paulo, vivendo o casal protagonista. Estamos diante da terceira montagem teatral da peça, pois em 2010 quem dava vida a Paulo era o ator André Gonçalves, no ano seguinte Alexandre Borges e nessa temporada o ator Sergio Marone, já a atriz Juliana Martins é a veterana das diversas adaptações.  A verdade é que falta fôlego na atual montagem desse espetáculo.

:: Ficha Técnica

Texto: Arnaldo Jabor

Direção: Rosane Svartman e Lírio Ferreira

Elenco: Juliana Martins e Sergio Marone

Realização e Produção: Bubu Produções Artísticas e Jorge Elali Produções.

Ana Carolina Garcia

Penso melhor com a caneta em punhos cintilando no papel ou com meus dedos tocando nos teclados a espera da escrita que desabrocha. Adoro os livros da Martha Medeiros acompanhados de um bom café e uma boa música para começar os domingos. Cinéfila por opção tenho Almodóvar, Tarantino e Woody Allen no meu altar particular. Escrevo no blog A Razão de Toda a Pressa e o site Engramas.
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