‘Dias Perfeitos’ é um drama contemplativo, simples e tocante
Bruno Oliveira
|2 de abril de 2024
Dias Perfeitos é o novo filme do diretor alemão Wim Wenders (Paris, Texas). Apesar desse detalhe, é todo feito no Japão e 100% falado em japonês. O longa chegou por aqui agora, mas já teve um longo caminho através de festivais. Suas maiores conquistas foram o Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes de 2023, para o ator Koji Yakusho (13 Assassinos), e a indicação de Melhor Filme de Língua Estrangeira no Oscar 2024, do qual não ganhou. Esse é um longa simples e bastante tocante que mostra a beleza do dia a dia através do olhar cotidiano de nosso protagonista.
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Sinopse
Hirayama (Koji Yakusho) é um homem de meia idade que vive sozinho, sem família e de forma bem modesta. Todo dia, acorda no mesmo horário e mantém a rotina sempre igual indo para o seu trabalho como zelador limpando banheiros públicos em Tóquio. Além disso, acompanhamos o amor dele por pequenos hobbies como música, livros, fotografia e até mesmo o seu fascínio pela natureza. Alguns encontros inesperados surgirão e aos poucos vamos conhecendo o seu passado na medida em que entendemos a pessoa que ele é agora.
Uma poesia visual
O filme começa nos mostrando toda a rotina de nosso protagonista, do momento que acorda até o momento em que vai dormir. Tudo isso com poucos diálogos e com uma poesia visual rara nos dias de hoje. O que para uns pode parecer uma grande obra de pintura poética em movimento, para outros pode se tornar uma obra completamente tediosa que não tem muito o que dizer. Uma pena para quem está englobado nesse segundo grupo, embora eu entenda também. Em nenhum momento o roteiro se dispõe a explicar certas atitudes. Tudo nos é revelado através de nuances e pelo conhecimento que temos do personagem desde o início.
Contemplação e admiração
A contemplação faz parte da narrativa. Um dia, teoricamente, tedioso para ele é quase um agradecimento por tudo o que ele está vivendo no momento. Hirayama não almeja dinheiro e nenhum tipo de status que faça ele ser uma pessoa diferente do que é. Viver sozinho é tudo o que ele quer. Muito do que se passa com ele é explicado através das músicas famosas da qual escuta todo dia indo para o trabalho e voltando dele. Sua vida analógica mostra o quão longe está do mundo real e o quanto isso é o suficiente para ele.
Encontros forçados nos ajudam a entender o passado
Toda essa tranquilidade acaba sendo abalada quando pessoas tentam se aproximar dele. Um amigo do trabalho, uma sobrinha distante e até mesmo uma dona de bar do qual nota-se um carinho a mais. Esse contato forçado nos mostra mais sobre ele e acaba nos revelando (sem dizer nada) muito sobre o seu passado. Uma dessas revelações nos dá um dos momentos mais emocionais do filme que só vai sentir a dor desse momento se estiver 100% imerso em toda a narrativa.
Conclusão
Dias Perfeitos pode ser considerado um filme de arte na veia. Daqueles dignos de um bom festival e de uma boa sala de cinema intimista. Não é para todos. A geração Tik Tok nunca irá entender o propósito de um filme assim (espero queimar a língua). Particularmente, não gosto de obras com esse estilo contemplativo, mas tenho que dar o braço a torcer de que estou diante de algo especial do qual nem encontro palavras melhores para descrevê-lo. A minha apatia inicial se transformou em admiração.
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Trailer – Dias Perfeitos
Ficha Técnica
Título Original: Perfect Days
Direção: Wim Wenders
Roteiro: Wim Wenders e Takuma Takasaki
Elenco: Dias Perfeitos, Perfect Days, Win Wenders, Takuma Takasaki, Koji Yakusho, Tokio Emoto, Arisa Nakano
Onde assistir: Cinemas
Data de estreia: 29 de fevereiro de 2024
Duração: 124 minutos
País: Japão, Alemanha
Gênero: Drama
Ano: 2023
Classificação: 12 anos
Bruno Oliveira
