Judas Priest, Alice in Chains e Black Star Riders fazem show memorável no Rio de Janeiro

Danilo Firmino

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15 de novembro de 2018

Em meados deste ano, os fãs de rock de todo o Brasil, em especial de heavy metal, receberam uma ótima notícia: a lendária Judas Priest, com quase 50 anos de carreira, iria desembarcar em nossas terras. Porém, essa não foi a única notícia boa: a turnê contaria ainda com Alice in Chains, uma das mais icônicas dos anos 90 de Seattle e com o Black Star Riders, banda de hard rock formada pelos membros da mais recente formação do Thin Lizzy. Com grande expectativa, o público lotou o KM de Vantagens Hall no último domingo, dia 11.

Quando o Black Star Riders iniciou o seu show, o público já estava presente em peso. Como era de se esperar, os fãs do Thin Lizzy estavam ansiosos pela banda, esperando ver ao vivo as performances de Scott Gorham, Ricky Warnick e Damon Johnson. Nessa turnê, a banda divulgava seu terceiro álbum, Heavy Fire (2017), lançado depois de The Killer Instinct (2015), trabalho que alcançou grande sucesso de crítica. O show do BRS foi exatamente o que os fãs esperavam: um hard rock pesado e de grande energia. A plateia vibrou bastante, principalmente com as músicas The Killer Instinct Heavy Fire Além disso, claro, o público cantou junto os clássicos Jailbreak The Boys Are Back in Town do Thin Lizzy.

(FOTO: DANILO FIRMINO | BLAH CULTURAL)

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Depois da ótima apresentação do BRS, foi a vez da banda Alice in Chains subir ao palco. O conjunto foi formado em 1984 com o nome de Diamond Lie, mas depois da entrada de Layne Stanley, em 1987, começou a ser chamado de Alice in Chains. Assim então foi a formação original dos álbuns Facelift (1990) e Dirt (1992): Jerry Cantrell na guitarra, Layne Staley nos vocais, Michael Starr no baixo e Sean Kinney na bateria. Em 1993, Michael Starr deixou o AiC – oficialmente por razões amigáveis, extraoficialmente por problemas com drogas – sendo substituído por Mike Inez. Com Mike Inez, a banda gravou Alice in Chains (1995) e, no auge da fama, MTV Unplugged (1996), tornando-se ao lado de bandas como o Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, um dos principais nomes da cena grunge, sendo conhecida por muitos como a banda mais “metal” do grunge de Seattle.

Porém, depois do acústico da MTV, a banda entrou em um hiato, gravando apenas singles e lançando inúmeras compilações. Layne Staley passava por problemas ligados ao uso de drogas, tornando-se cada mais isolado. Embora não oficialmente acabado, parecia improvável uma “ressurreição” do AiC, ainda mais depois da trágica notícia: Staley foi encontrado morto em seu apartamento em 2002, vítima de uma overdose. Era o fim do já acabado AiC, afirmaram muitos. Porém, Jerry Cantrell, líder da banda, não permitiu que isso acontecesse: em 2006, recrutou o vocalista William DuVall e lançou em 2009 o aclamado Black Gives Way Blue, marcando o retorno triunfal. Depois disso, o AiC não parou mais: lançou The Devil Put Dinosaurs Here (2013) e Rainier Fog (2018)0.

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Era nítida a presença de diversos fãs do AiC no festival, não sendo exagero afirmar que muitos foram ao show para ver principalmente a banda. O AiC entrou no palco executando Black My Brain, uma das principais músicas do Black Gives Way Blue. Depois, tocou as ótimas Never FadeStone The One You Know, de seus álbuns mais recentes, intercalando com clássicos como Them Bones, No Excuses We Die Young – cantada em peso por toda a plateia. Porém, o ponto máximo do show foi o hino Man in the Box, onde o público foi ao delírio, marcando o evento como uma das músicas mais cantadas da noite.

Grande parte do público esperava por eles, a lenda do metal, Judas Priest. Formado em 1969, a banda dispensa apresentações: com mais de 20 discos, inúmeros álbuns ao vivo e uma legião de fãs, a plateia aguardava com ansiedade Rob Halford, ícone do heavy metal, cantor com uma voz única e influenciador de centenas de vocalistas mundo afora. A turnê, em especial, marcou a divulgação do álbum “Firepower” (2018), considerado por muitos o melhor álbum do Judas Priest depois do retorno de Rob Halford aos vocais. Durante um tempo, mais precisamente entre 1992 e 2004, Halford lançou em carreira solo depois de sair da banda por problemas contratuais e divergências musicais. Não que os trabalhos Angel of Retribution (2005), Nostradamus (2008) e Redeemer of Souls (2014) sejam exatamente ruins, mas não faziam jus ao retorno de Halford, nem ao legado de Judas Priest. Mas Firepower, esse sim, não decepcionou.

(FOTO: DANILO FIRMINO | BLAH CULTURAL)

Depois de uma introdução que homenageava War Pigs do Black Sabbath, a banda entrou no palco tocando justamente Firepower. Depois disso foi um clássico atrás do outro: Running Wild, Grinder, Sinner, The Ripper. No show do último domingo, o Judas não esqueceu as músicas do mais recente trabalho, executando as ótimas Lightning Strike, No Surrender e Rising from Ruins.

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Como se fosse possível, o melhor ainda estava por vir. Em Freewheel Burning, a banda exibiu imagens no telão de Ayrton Senna, fazendo uma bela homenagem; em Hell Bent for Leather, Halford entrou no palco com sua clássica Harley-Davidson. E o que dizer de Painkiller? O público foi à loucura, cantou, bateu cabeça e abriu diversas “rodas” por todo o Km de Vantagens Hall. E, para fechar, os clássicos Breaking in the Law Living after Midnight.

(FOTO: DANILO FIRMINO | BLAH CULTURAL)

Era impossível não notar a satisfação de todos os presentes depois da apresentação das três bandas, marcando a noite memorável no Rio de Janeiro. Para todos, a certeza de que assistiram um dos maiores e melhores eventos que passou pelas terras cariocas nos últimos anos. Além disso, ficou o estrago: com o som extremamente alto, muitas pessoas, inclusive os que vos escreve nesse momento, foi dormir com o ouvido explodindo, com um alto zumbido que permaneceu durante pelo menos o outro dia inteiro. E não, não foi em sentido figurado, mas esse “porém” valeu a pena e foi um pequeno preço em troca de uma noite inesquecível.

Danilo Firmino

Danilo Firmino é mestre em história, entusiasta de filmes de terror, RPG e filosofia. Rubro-negro, não perde a chance de ir ao Maracanã mesmo com o Flamengo não merecendo. Apaixonado por metal, mas permite MPB e músicas anos 80/90 em sua vida - mas isso é segredo.
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