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Foto: Divulgação

Måneskin entrega disco de rock sem soar datado e diverte

Marcelo Fernandes

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28 de janeiro de 2023

Lançar um álbum completo, ainda mais de rock, em pleno 2023, é uma jogada corajosa. Se você ainda canta em inglês, mesmo com o seu país não sendo anglófono, chega a quase ser considerado loucura. Mas ainda bem que ainda existe gente corajosa (e louca) para tentar fazer sucesso com o batido formato de banda de rock. No caso, a banda italiana Måneskin.

Depois de ganhar um boost graças aos TikToks da vida, a banda enfrentou a maldição da efemeridade nestes tempos líquidos, e pode-se falar com tranquilidade: venceu com sobras. Rush, novo álbum do Måneskin, é divertido sem ser bobo, acelerado na medida certa, tem guitarras que soam modernas sem parecerem datadas. Além disso, tem o trunfo do timbre vocal de Damiano David, que hoje é reconhecível até mesmo para quem não gosta da banda.

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Pressa

O disco faz jus ao título, e mostra pressa nas duas primeiras músicas, “Own my mind”, com um refrão delicioso e grudento; e “Gossip”, que conta com a participação luxuosa de um tal de Tom Morello, cuja guitarra combina muito com a proposta do Måneskin, e é a melhor de Rush. Logo depois, eles puxam o freio de mão para a obrigatória baladinha, “Timezone”, que, provavelmente, vai ser tocada nos shows entre as mais agitadas.

Em “Bla bla bla” e “Baby said”, uma mistura de popzão com um tempero indie nos riffs agradam. “Gasoline” mostra o timbre do baixo de Victoria De Angelis em um riff simples, sujo e bem hipnótico. A banda se mostra bem entrosada no disco, mudando bastante a dinâmica no meio das canções, buscando nunca cair na previsibilidade.

Guitarra de Thomas Raggi

Há de se destacar a guitarra de Thomas Raggi, que é bem direta, aparecendo sempre na hora certa. Embora às vezes soe um pouco de mais do mesmo, o instrumentista dá conta do recado. O mesmo pode-se dizer do baterista, que reveza marcações com levadas bem dançantes, mas nada de outro mundo.

Até um punk raiz é homenageado em “Kool kids”, parecendo algo da década de 70 embrulhado para as novas gerações. Já na lenta “If not for you”, a “pressa” puxa o freio de mão e soa um pouco fora de lugar no meio de tanta energia espalhada pelas faixas. O italiano não é esquecido e aparece na segunda parte de Rush, sendo o idioma da dançante “Mark Chapman”, do mezzo rap “La fine”, e da intensa “Il donno dela”.

Som universal

Mas a língua não importa muito, pois o som é bem universal. O inglês volta nas festeiras “Mammamia” e “Supermodel”, com letras recheadas de ironias e palavrões, como a maior parte do trabalho. O disco termina com a triste “The Loneliest”, com um clipe representando um enterro e um solo de guitarra que provavelmente Tom Morello ensinou a Raggi. A canção acaba  deixando um gosto agridoce depois de tanto vigor nas faixas anteriores.

Em suma, Rush parece um disco da boa época do rock. Mas a banda não soa antiga, embora musicalmente não ofereça novas direções para o gênero. Porém, em uma época que a música pop parece mais com a produção de uma linha industrial do que nunca, a atitude “f*da-se” contida dos italianos, uma pitada de raiva, muito pouserismo do grupo é mais que bem-vinda no mainstream. Com muito carisma e identificação com as novas gerações, esperamos que o Måneskin tenha vindo para ficar bom tempo.

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Ouça Rush, novo álbum do Måneskin (2023)

Marcelo Fernandes

Jornalista, músico diletante, produtor cultural e fã de guitarras distorcidas e bandas obscuras.
4.5

Créditos Galáticos: 4.5

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