Foto: Giovanna Landucci / BLAH CULTURAL

O Grande Circo Místico | “Não ficaria incomodado em não ir ao Oscar”, afirma o diretor do filme

Giovanna Landucci

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31 de outubro de 2018

Na tarde desta terça-feira, 30, a imprensa foi recebida por elenco produção e direção do longa-metragem O Grande Circo Místico. A obra do consagrado diretor Cacá Diegues foi escolhida por membros do júri da Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil no Oscar desse ano. A película conta com pano de fundo um circo e a história de uma família passando por todas as suas gerações, com cenas de contorcionismo, dança, animais circenses e trapézio. Baseado em um poema de Jorge de Lima, além dos espetáculos circenses, a obra também faz um cruzamento de outras expressões artísticas como a música e o balé. O cineasta contou como foi misturar diversos tipos de narrativas e elementos em um só filme:

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– Eu já pensava nesse filme há muito tempo e levei 12 anos para fazê-lo, desde que sentei para escrever até o fim em pós-produção. Eu sempre gostei de Jorge de Lima, um dos maiores representantes da literatura e sempre pensei em fazer alguma coisa com ele, mas achava difícil. Hitchcock diz uma coisa muito interessante: “só dá pra fazer filme adaptado de livro ruim porque o bom você não consegue”. Eu não acho isso, mas tenho um problema: eu gosto muito de literatura e livro bom você tem medo de estragar.

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Da esquerda para a direita: Mariana Ximenes, Cacá Diegues, Juliano Cazarré e Marcos Frota (Foto: Giovanna Landucci / BLAH CULTURAL)

Cacá ainda complementou:

– Foi uma tentativa de voltar ao barroco brasileiro, que está tão esquecido. A arte brasileira preferencialmente sempre foi barroca. Na literatura, nas partituras, eu queria recuperar essa arte. Fiz isso em outros filmes também, mas, dessa vez, eu queria fazer com esse pensamento de incluir e misturar música com balé, com literatura, com poesia.

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Sobre o Oscar

A produtora Renata Almeida disse que ela e o diretor Cacá Diegues farão campanha para o filme da forma que for possível por falta de orçamento.

– Tem países que gastam milhões de dólares com seus filmes para divulgar, depois do lançamento do filme vão para Los Angeles para mostrar o filme e fazer a campanha, conversar com as pessoas, mas que o interessante de ir ao Oscar é promover o cinema brasileiro.

Cacá, por sua vez, afirmou que não acredita que isso seja o juiz supremo de filmes brasileiros, pois não é porque vai concorrer ao Oscar que é bom ou maravilhoso. O prêmio, na visão dele, é uma competição corporativa com um gosto muito específico em relação a cinema. Ele garante que não tem nada contra ganhar a estatueta, mas também não ficaria incomodado em não ir à festa.

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Mariana Ximenes comentou como foi a preparação para o filme (Foto: Giovanna Landucci / BLAH CULTURAL)

Domínio da arte circense e os atores convidados locais

O Grande Circo Místico é uma coprodução entre Brasil, Portugal e França que contou com artistas circenses e atores locais, principalmente pela necessidade do uso de animais em cena, que, no Brasil, é proibido. O elenco ficou miscigenado com pessoas de diversas localidades como França, Polônia e Ilhas Canárias.

– No meu caso, com o trapézio, foram meses de preparação. Filmar em Portugal, dentro de um circo, já com toda essa atmosfera circense nos contagiando, foi muito rico, um processo extraordinário e inesquecível. Poder contar a história daquele jeito, intenso e drástico, é um deleite um prazer para qualquer ator! O fato de se ter na equipe pessoas de diversas culturas também foi uma troca muito interessante, contou a atriz Mariana Ximenes.

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Curiosidades sobre o longa

  • Não houve uso de dublês nas cenas de Mariana Ximenes ou de Bruna Linzmeyer;
  • As tatuagens no corpo da personagem Margarete interpretada por Mariana Ximenes foram decalques feitos a mão em que ela não podia se mexer para ir secando aos poucos e fazendo os outros lados;
  • As cenas de nudez também são reais, não se usou dublês;
  • Os animais são verdadeiros de um circo local de Portugal onde eles ficaram alojados durantes as gravações;
  • Juliano Cazarré treinou bastante em casa para fazer o chicote estalar e teve medo em algumas cenas de se machucar;
  • Uma das cenas finais com o trapézio realmente foi feita sem rede, somente com uso de cinto de segurança;
  • A única trilha original foi a de Milton Nascimento. As demais foram versões adaptadas para o longa feitas por intérpretes.

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O Grande Circo Místico tem previsão de estreia para 15 de novembro e foi exibido com exclusividade na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sendo aplaudido pelo público e convidados.

::: TRAILER

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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