documentário Os Reféns de Gladbeck crítica do filme 2022 Netflix

Foto: Netflix / Divulgação

O show midiático da imprensa em ‘Os Reféns de Gladbeck’

Matheus Soares

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10 de junho de 2022

Casos de sequestro sempre causam tumulto e viram palco de para que a mídia dê seu show. Foi assim por exemplo em casos do ônibus 174 (2000) e no sequestro da menina Eloá (2008). Esse, por sinal, teve sensacionalismo exagerado muito graças à jornalista Sônia Abrão, que foi duramente criticada na época.

História real do sequestro de Gladbeck

Mas casos assim não são exclusividade brasileira. Em 1988, aconteceu em Gladbeck, na Alemanha, o maior sequestro do país: foram 54 horas de sofrimento. Por lá, a imprensa também fez seu show particular. É justamente esse caso que o novo documentário da Netflix Os Reféns de Gladbeck (Gladbeck: The Hostage Crisis) traz para seus assinantes.

Gladbeck é uma cidadezinha da Alemanha (na época, Ocidental) onde dois criminosos, Dieter Degowski e Hans-Jürgen Rösner, tentaram assaltar um banco. Contudo, a tentativa acabou em um sequestro, inicialmente com dois reféns, e, logo em seguida, com um ônibus inteiro, o que me fez pensar o tempo todo no caso brasileiro citado anteriormente.

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Escolha perfeita de produção

Os Reféns de Gladbeck é produzido 100% com material original. Literalmente. Até mesmo as narrativas são contadas por jornalistas da época que transmitiam o acontecido ao vivo. A direção utilizou câmeras de segurança do banco, das ruas, bem como breves fotos de pedestres. No entanto, as imagens mais icônicas, por assim dizer, ficaram por parte da imprensa, que são o alvo principal desse documentário. Não se iluda pensando que o filme trata exclusivamente sobre o sequestro.

A grande problemática chamada ‘Imprensa’

Normalmente, os jornalistas só acompanham os fatos de longe, enquanto um grupo especial da polícia faz as negociações. Contudo, nesse episódio na Alemanha, a imprensa foi além, fazendo do caso seu circo. O Newsweek, dos Estados Unidos, apelidou todo o evento de “Hans And Dieter Show”, ou seja, o “show de Hans e Dieter”, criminosos responsáveis pelo sequestro. Para ter noção, até mesmo o repórter Udo Röbel ajudou os sequestrados, guiando eles através de uma cidade que não conheciam. O jornalista foi até mesmo criticado e julgado como cúmplice, mas não foi penalizado.

A grande discussão do documentário Os Reféns de Gladbeck é justamente essa. Teria a imprensa fomentado a megalomania dos sequestradores? Afinal, eles estavam o tempo todo em contato e até mesmo fizeram entrevistas bem descontraídas, com risos e piadas. Tudo isso enquanto 30 pessoas ficavam presas por mais de 50 horas. Alguns especialistas se referem a esse evento como o caso mais terrível do jornalismo alemão.

Por curiosidade, é vetado aos repórter entrevistarem qualquer acusado durante o acontecimento, seja sequestro, assalto e afins.

Enfim, Os Reféns de Gladbeck é uma produção da Netflix que poderia ser um pouco mais curta na sua montagem. Já que se utiliza de filmagens reais, muitas vezes é bem repetitivo, como as perseguições que não acrescentam em nada. Mas vale muito assistir, principalmente, para entender como a mídia, muitas vezes, também pode atrapalhar mais do que ajudar – ou informar.

Onde assistir ao documentário Os Reféns de Gladbeck?

A saber, Os Reféns de Gladbeck está disponível para assinantes da Netflix desde quarta-feira, 8 de junho de 2022.

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Trailer do documentário Os Reféns de Gladbeck, da Netflix

Ficha Técnica: Os Reféns de Gladbeck, documentário da Netflix

Título original da série: Gladbeck: The Hostage Crisis
Direção: Volker Heise
Duração: 94 minutos
País: Alemanha
Gênero: documentário
Ano: 2022
Classificação: 16 anos

Matheus Soares

Math, para os chegados, historiador e escritor (pelo menos tenta). Quadrinhos, livros e filmes são sua paixão, mas passa longe de ser "cult" ou "cinéfilo". Todos saúdem a Matrix!
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