Pabllo Vittar Angra preconceito

Pabllo Vittar Angra preconceito

Pabllo Vittar e Angra: uma lição de luta contra o preconceito na música

Gilda Nobrega

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5 de outubro de 2020

Pabllo Vittar e a banda Angra estão dando que falar. Muitas vezes chega-se ao preconceito, o que é, no mínimo, contraditório quando se trata de rock’n’roll e de heavy metal. E a caveira? O sentido é da boca para fora? No último fim de semana, Pabllo Vittar postou em sua conta do twitter “ouvindo só as tristes do Angra” e o que seria um simples post, virou um estrondo no meio do Heavy Metal. Porém, o Angra com muita humildade retweetou: “Confesso que esse tweet me nocauteou, me tonteou“. A resposta foi vista como afronta aos fãs mais fervorosos.

Um estilo realmente democrático?

Quem nunca ouviu falar algo do tipo: “Metaleiro que se preza só ouve rock!” Afinal, o que nos impede de ampliar nossos horizontes, reconhecer que há qualidades em artistas de outros ritmos que não são de nosso estilo musical favorito, e principalmente, aprender a respeitá-los? Nesse quesito em particular parece que tanto o artista Pop Pabllo Vittar quanto os metaleiros da banda Angra estão dando uma verdadeira aula, embora essa atitude não seja unanimidade em nenhum dos estilos. Sendo uma das maiores expressões culturais e artísticas da humanidade, a música é também uma das maiores formas de divulgação da arte e nos dias atuais não deveria mais ter espaço para preconceitos. Através dela, pode-se expôr ideias, denunciar, dialogar o cotidiano político e até aspectos de uma sociedade.

A maioria das culturas considera a caveira como um dos símbolos da morte, mas no rock ela está longe de ter apenas este sentido sombrio. As caveiras em geral, simbolizam igualdade, sendo assim, todas iguais, não importando a classe social, cor, religião, e tão pouco, orientação sexual.  Porém, no meio de tantas vertentes, por que é tão difícil aceitar não apenas outros estilos musicais, mas outras variações do próprio rock´n´roll?

Paz e Amor?

A cultura do rock and roll surgiu por volta de 1950, na Inglaterra e Estados Unidos, tornando-se um dos estilos mais populares já na década de 70, com o advento da filosofia hippie onde se pregava a liberdade generalizada e que a sociedade poderia viver sem regras, baseada apenas no amor e no respeito às diferenças (e regada à drogas, sexo e rock´n´roll).
Todavia, não é de hoje que entre os “roqueiros” e “headbangers” (“batedores de cabeça” em tradução literal) existem posturas extremamente conservadoras, moralistas e até uma rivalidade acirrada. Dessa forma, os maiores representantes do estilo foram homossexuais assumidos e encararam o preconceito, embora alguns poucos artistas tenham conseguido ser maiores que os padrões e rótulos da sociedade. Podemos citar: Rob Halford (Judas Priester), Freddie Mercury (Queen), Renato Russo, Cazuza e Cassia Eller.

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Rob Halford. Foto: divulgação

Preconceito x Bandas Femininas

Por ser um estilo extremamente machista, mulheres dentro do próprio Rock também sofrem preconceito e presenciam muitas vezes olhares de reprovação. Um exemplo disso aconteceu no último Rock in Rio em 2019, quando um frequentador do festival, inundado no seu extremismo, conservadorismo e preconceito na cena, veementemente, diz:
“Não sou obrigado a gostar de uma porcaria de banda de umas menininhas metidas a besta e sem história no metal. Hoje qualquer um toca no Rock in Rio, é só pagar.” (Uol)

Banda Nervosa Rock in Rio 2019

Banda Nervosa. Foto: divulgação


Do mesmo modo, a devoção ao rock, ao heavy metal, às suas bandas preferidas, cria uma espécie de ideologia que coloca alguns outros gêneros musicais como sendo inferiores. Se dessa forma, piadas e sátiras são comuns até mesmo dentro do estilo, imagine o que estão fora dele? Como acontece aos gêneros musicais brasileiros, como o funk, sertanejo, axé ou pagode.
Por fim, o comportamento de certos “roqueiros” é extremamente radical e não condiz com a realidade de um país tão rico culturalmente e miscigenado como o Brasil. Então, o que levamos de aprendizado? Afinal, o amor à música não deveria ser maior do que qualquer preconceito? Curta e aproveite muito!

Gilda Nobrega

Carioca, apaixonada por música, shows e cinema.
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