Mesmo com boas intenções, ‘Reflexões no Espelho’ tem péssimo desenvolvimento

Com uma sociedade mais consciente da importância das minorias, o número de produções que abordam temáticas LGBTQIAP+, felizmente, vem aumentando a cada ano. Entretanto, quantidade nem sempre quer dizer qualidade. O filme Reflexões no Espelho (Espejo, Espejo), comédia espanhola que acaba de estrear na Netflix é um exemplo de que essa afirmação é a mais pura verdade.

A trama foca em quatro funcionários de uma mesma empresa de cosméticos: o diretor de marketing que tem quase a mesma idade; uma assistente ambiciosa; sua irmã sendo pressionada a “sair do armário”; e uma administradora quarentona insegura com seu sobrepeso. Cada um desses personagens vê seu reflexo no espelho de como deveriam – ou ao menos gostariam – de ser.

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Boas intenções, mas…

Vale dizer que a intenção Reflexões no Espelho é ótima. Mas, como diz o antigo ditado, de velhas intenções o inferno está cheio (para quem acredita nele, claro). E nesse caso, o desenvolvimento do filme é bem capenga.

A escolha do diretor em utilizar o espelho para fazer uma reflexão é bastante interessante. O problema é que o roteiro degringola de tal forma que sai do trilho e atropela tudo o que poderia haver de bom. Além disso, os personagens são completamente estereotipados, o que pode provocar um certo asco do público-alvo.

Final explicado de Reflexões no Espelho

A partir daqui, este texto traz spoilers. Então, seguir lendo é por sua conta e risco.

A jornada dos personagens é relativamente bem construída, mas sai do eixo a partir do momento em que eles começam a se encontrar. O final quase cai para o puro preconceito e o que deveria ficar como uma boa lição de moral, pode ser entendido de outra forma por grupos mais conservadores.

Caso você não tenha entendido o desfecho, é bem simples. A própria Cristina (Malena Alterio), maior defensora dos direitos dos transexuais, resolve deixar a luta para lá em função de sua posição na empresa. O reflexo no espelho muda a partir do momento em que ela abandona a causa e resolve ser alguém que não é.

Portanto, como disse acima, a escolha pelo encerramento do filme é muito equivocada. Quem não compreender bem o que acontece após a confusão pode interpretar de uma maneira que a luta da protagonista foi um erro e que ela simplesmente deveria aceitar como a sociedade é: preconceituosa. Lastimável.