RESENHA | ‘O Cambista do Cais do Porto’ é um espelho interessante da década de 40

Natalia Gulias

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21 de junho de 2017

O Cambista do Cais do Porto de J.C. de Toledo Hungaro é uma ficção que conta a história que muitos passam nos dias atuais, no entanto, a história de Hungaro se passa nos anos 40. Um imigrante chega ao Rio de Janeiro sem sua mala e torna a morar no cais do porto. Com oportunidades e conhecendo diferentes pessoas, das quais algumas viraram sua família, Jacobo Abrahann Marttuz prosperou ao começar a trabalhar no câmbio de moedas. Após perder o seu navio para Montevidéo, fizera do Rio sua casa. Mesmo com toda a boemia pertencente da cidade mais bossa nova que existia, Marttuz relata histórias que ocorrem no lado oposto da cidade, perto da miséria de outros imigrantes.

“Essa cidade é a mais linda já vista por um visitante.”

Apesar de um enredo muito interessante, a linguagem por vezes encontra-se sendo monótona, deixando por conta do leitor que o interesse o motive história adentro, a repetição destaca-se como um fator de tédio. O autor despinta o quadro montado pela Bella Époque de um Rio de Janeiro desenvolvido, inclusivo e “maravilhoso”. No meio dos miseráveis, a personagem principal é apenas mais uma em um crowd de famintos e sem terra. Como a data não é especificada, cabe ao leitor entender o momento de guerra que se passa pelos países europeus, fato que é dito de maneira singela pela personagem.

Jacobo parece conversar com o leitor do livro, compartilhando pensamentos e visões mais da personagem que do autor em si, como a descrição étnica que é feita que cada pessoa, por isso estar explícito para uma personagem judia que foge da Europa.

“Shalom, irmão! Conceda-me a honra de convidá-lo para um café!”

Longe de se enquadrar em uma literatura politicamente correta, Hungaro transmite sem escrúpulos os pensamentos de Marttuz como eles ocorreriam na época, permeados de preconceitos, sem vergonha alguma e nada velados, além de usar termos abominados pela sociologia atualmente. O autor não se importa diretamente com a demonstração do tempo e se afasta de uma ideia de ser um conto histórico.

A história traz o ponto de vista de um imigrante mundialmente reprimido, o que é interessante para entender o lugar do outro. J.C. de Toledo Hungaro não busca assemelhar-se de histórias como “O Diário de Anne Frank”, o que é bom, pois a torna única e a apresenta como um espelho interessante da década de 40, a partir do Brasil, país que geralmente não é incluído em narrativas do período de guerra e de miséria mundial.

FICHA TÉCNICA

CÓD. BARRAS 9788568307045
ANO DA EDIÇÃO 2016
NÚMERO DA EDIÇÃO 1
NÚMERO DE PÁGINAS 497
PROFUNDIDADE 1.00 cm
LARGURA 17.00 cm
ALTURA 26.00 cm
EDITORA Kwabb-Fortec
 

Natalia Gulias

Uma vestibulanda de medicina de 17 anos usa seu curto tempo livre para ler bastante e descansar da pesada rotina de estudante.
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