RESENHA | ‘Respire’ empolga o leitor em reviravoltas inesperadas

Respire de K.A. Tucker é um romance dramático surpreendente que se esconde por trás da máscara clichê recorrente, porém muito se engana quem pensa que a obra se limita a essas esferas. O livro aborda uma temática pesada a qual permeia situações como tragédias, acidentes, mortes e, sobretudo, perda.

A história foca na vida de Kacey, uma jovem recuperada de um acidente de carro ocorrido há quatro anos o qual levou a vida de sua mãe, seu pai, sua melhor amiga e seu namorado. Dessa forma, ela e sua irmã mais nova devem encarar os desafios da vida por conta própria após entenderem que seus guardiões legais – seus tios – haviam esgotado suas fontes de renda.

A obra traz à tona a questão da resiliência. Questões recorrentes durante o enredo abrangem o quanto é preciso para que uma pessoa possa se recuperar de um trauma e possa sentir-se inteiro novamente. Além disso, a luta diária das personagens contra os próprios medos e demônios internos e contra as feridas presentes na alma de cada uma faz o leitor questionar-se a necessidade de ter-se uma sanidade mental estável para que se possa progredir com a vida.

Com linguagem simples e direta, a personagem principal expressa-se sem demasiado rebuscamento, uma vez que não atingiu completamente seu amadurecimento após o ocorrido, por mais que tente manter o controle da situação, fugindo da casa dos tios com sua irmã e tornando-se responsável por ela. Contudo, ao longo do livro é possível notar a intensidade dos sentimentos escondidos de Kacey quando percebe-se os floreios metafóricos presentes em pontos específicos do texto.

Ao longo da leitura, pode-se notar a maneira de Kacey gradativamente se abrir emocionalmente e fisicamente conforme se aproxima de Trent e, assim, a pergunta existente a partir da metade da obra é: “Será, mesmo, o amor capaz de curar e ultrapassar barreiras do passado? O amor liberta ou aprisiona?”.

Tucker põe em xeque, nos capítulos finais, a confiança e a fraqueza de cada indivíduo ao derrubar as barreiras pessoais para entregar-se ao outro. O “plot twist”, ou seja, a reviravolta no final da história torna os últimos momentos empolgantes. É uma obra recomendada para leitores que buscam entender a necessidade de encontrar a recuperação. À medida que a história aproxima-se do final é intenso o sentimento de “pontinha” de esperança e a vontade por um alívio chamado: “O amor vence”.

FICHA TÉCNICA