‘Need for Speed Payback’ tem narrativa interessante assim como sua jogabilidade

Leandro Stenlånd

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29 de novembro de 2017

Need for Speed é uma franquia antiga. Lembro bem quando eu jogava um dos primeiros jogos no PC contra um amigo em multiplayer local. Era interessante ver que o game não tinha necessariamente uma narrativa de roubo de carros onde a intenção era apenas cruzar a linha de chegada antes dos demais carros.

A intenção de qualquer jogo de carro – em sua maioria é sempre colocar o pé no acelerador e andar em todos os tipos de veículos tanto quanto diferente tipos de pistas. Seja numa rota tradicional ou alternativa, dirigir um carro esportivo sempre foi o sonho de muita gente. Em Need For Speed sempre tivemos como foco também passar pelo tráfego na cidade movimentada e caótica, fazendo com que a incursão seja mais complexa do que o que aparenta!

A Electronic Arts ‘rebootou’ a franquia há algum tempo e agora temos um novo episódio da série. Apesar de termos um título que novamente estaria nas mãos do estúdio Ghost, até para tentar introduzir algo novo aos fãs da franquia, o desenvolvimento do jogo levou exatos dois anos, fazendo com que todos que aguardavam por algo novo pudessem esperar um bocado mais, dando um alívio à série que vinha disputando ano a ano igualzinho como acontece em jogos de esporte como NFL, NBA, PES e FIFA.

Após conquistar o mundo com a franquia, chegou a vez de Need For Speed Payback chegar “causando”. Temos uma narrativa interessante onde somos introduzidos ao protagonista Tyler Morgan, um piloto nato que possui instintos incríveis de corrida e uma vontade inabalável de vencer, o que faz dele um oponente formidável, seja em uma corrida de rua ou na pista de arrancada. De cara, já estaríamos jogando com ‘Ty’ e apostando uma mini corrida com Jess (uma motorista de aluguel para os ricos e infames que precisam fugir, independente do grau de risco da situação), num formato muito similar à franquia de filmes Velozes e Furiosos. Na verdade, a semelhança é tão grande que, inclusive, já aconteceu de ter DLC com o nome do longa-metragem. Nessa pequena disputa, além de Jesse e Tyler, temos também Sean Mcalister (ou Mac, se preferir). Mac é o especialista da equipe em drift e off-road, um piloto despreocupado com um estilo exibido e imprevisível. Ele adora se sujar na trilha ou executar aquela linha perfeita em uma curva fechada. Após uma breve disputa entre os três, eles param em frente a uma garagem e começam a conversar. Logo depois chega Lina Navarro que – aparentemente – quer introduzir o pessoal em uma nova corrida, só que tudo que acontece é o oposto disso. Pouco depois de incentivá-los a correr por aí, eles chegam à cidade e um magnata chamado Marcus Weir aparece com um baita carro em formato de protótipo para que Tyler venha a correr com ele, vencer e testá-lo. No entanto, Lina acaba roubando o veículo e é aí onde toda a confusão acontece. A proposta do game é pilotar diversos carros com três protagonistas diferentes no decorrer da narrativa, tendo eles um propósito em comum: Vingança. Em uma história que se passa no submundo do vale Fortune, você e sua equipe se reúnem com objetivo de se vingar da Casa, um cartel desprezível que controla os cassinos, criminosos e policiais da cidade. Nesse paraíso de apostadores corruptos, os riscos são altos, e a Casa sempre vence. Somos forçados a lidar com uma variedade de eventos como Tyler, Mac e Jess.

Agora só nos resta acionar o turbo e o nitro, entre outras ferramentas que possam nos auxiliar e manter o controle em curvas alucinantes e surpreendentes. Derrapar nas curvas e acelerar nas retas é a principal função deste jogo independente de sua narrativa. Assim você acaba tendo um maior controle total da situação, com uma visão de um todo, de seus adversários, inimigos e poderá traçar a melhor estratégia para vencer e ser mais rápido, além de cumprir as missões que lhe são dadas após Navarro ter roubado o carro.

Algumas missões do jogo não agregam a quase nada à trama. Exemplo disto são as de uso de drift, assim como fugir da polícia. A atuação dos protagonistas e diálogos, como acontece logo no início do jogo, é gratificante, mesmo que a linguagem (vulgar) utilizada no game seja voltada apenas para um público jovem. Temos um mundo aberto no qual podemos ir para qualquer direção, e isso acaba confundindo um pouco, visto que, em diversos momentos, o mapa não ajuda a dizer exatamente para onde devemos ir.

Os gráficos melhoraram bastante, e a personalização e o tunning do jogo chega a ser interessante, lembrando mais uma vez a franquia de filmes Velozes e Furiosos. A forma como podemos conduzir o carro é bem satisfatória, apesar de eu não ser fã de ronco de motor (sempre preferi carros silenciosos). Os melhores carros, claro, são os mais potentes e, consequentemente, os mais caros. O maior problema do jogo está justamente aí. A progressão é muito lenta e para comprar aquele carro foda vai te custar não somente dinheiro, mas muito tempo. Apesar dos protagonistas serem renomados – lembrando de imediato Dominic TorettoLetty Ortiz e Brian O’Conner – os carros não são tão conhecidos assim e, por essa limitação, acaba que nossa equipe é forçada a repetir as mesmas corridas até que consigamos domar a fera em pistas que não tem nada a ver com os carangos. A fórmula que te força rodar a mesma pista por um bom tempo lembrará jogos de RPG, os quais por muitas vezes se faz necessário voltar num determinado mapa para upar seu personagem, sendo que aqui não é muito diferente com os carros na mesma pista rodando por um bom tempo.

Aparentemente, os modelos de carros do game são todos automáticos. Mesmo que a visão seja periférica ou não, não sentimos nenhum engate por parte do protagonista. O desempenho dos carros é bastante irregular e peca pela falta de precisão. Consequência direta da relação conflituosa entre os motores oferecidos pelo jogo. A imprecisão do escalonamento do câmbio, sendo automático ou não, obriga o veículo sempre a girar alto (e é essa função do título afinal), mas não atrai tanto quanto deveria. Embora as trocas sejam sutis, nessa faixa de rotação, a discussão entre motor e transmissão se torna tão alta que chega a invadir todo o interior da máquina. Tudo bem que estamos falando de um jogo de corrida, mas para aqueles que não são afeitos ao barulho, o que fazer?

Uma coisa interessante é que o velocímetro avança bem, mas temos a sensação de que não estamos tão rápidos assim nos modelos oferecidos inicialmente no jogo.

A maioria das pistas iniciais, apesar de serem convidativas, em sua maioria levarão seu ‘cavalo corredor’ para a frustração total ao perceber que, por mais habilidade que se tenha, sempre ocorrerá a falha como resultado final. Até para ganhar dinheiro no jogo é complicado e nosso amigo Marcus Weir, que faz com que nos tornemos seu capacho, não ajuda em nada. O ideal é passar por checkpoints e efetuar bons saltos com seu carro. Isso lhe contemplará alguns centavos para ajudar na compra de itens para tunar seu carro ou até mesmo comprar um outro.

O jogo possui função online, podendo participar até oito jogadores, desfrutando de um vasto número de provas. Nesse quesito, então, o game está OK. O que irrita é que, apesar de termos muita velocidade, o fator realidade não ocorre como deveria. Exemplo disto é que, se você está a 300 km/h e bater no meio fio ou numa parede, seu carro não estrebucha e continua correndo como se nada tivesse acontecido. Isso é MUITO frustrante. Mesmo que o título tenha como foco a velocidade, acredita-se que essas batidas ao menos poderiam diminuir o rendimento do carro em algum momento, forçando o jogador a tomar mais cuidado nas curvas, retas e jumps. Testamos a funcionalidade online e tivemos diversas quedas de framerate, mas não somente lá. E olha que instalamos o jogo em um HD recentemente adquirido, ou seja, estava novinho. Logo o problema não era o HD ‘velho’ nem o console (Xbox One Fat – primeira geração). Será que rodaria melhor no Xbox One X? Quem sabe.

O VEREDITO

Need For Speed está de volta em Payback e temos um ótimo contexto em sua narrativa, assim como um gameplay interessante e uma boa trilha sonora. Não há como afirmar que é o melhor da série, mesmo que tenhamos diferentes estilos de condução. E vendo como a trama se desenvolve, há inúmeras inconsistências, além de gráficos aquém do desejado.

Need for Speed: Payback foi analisado pela equipe do Blah Cultural no console Xbox One. O game foi gentilmente cedido pela EA.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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