REVIEW | ‘Pillars of Eternity II: Deadfire’ beira a perfeição

Alex Rodrigues

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14 de junho de 2018

Quando recebemos aqui na equipe o título Pillars of Eternity II, não contivemos a ansiedade. Jogamos o primeiro título e foi um daqueles RPGs inesquecíveis. Quando tivemos os primeiros contatos com o segundo jogo da série, que foi lançado no dia 08 deste mês, ficamos surpresos pelo game superar as expectativas em todos os sentidos.

Mas o que faz de Pillars of Eternity um jogo especial? Primeiro fator é ser um RPG com sistema de jogo baseado nos clássicos Role Playng Games de mesa. Podemos dizer nos dias de hoje, que seria o RPG raiz, no qual os amigos sentavam em volta da mesa e um “mestre” ia conduzindo a partida, com dados e fichas de personagens.

Nostalgia à parte, o jogo mostra o melhor dos divertidos RPGs de “mesa” em uma versão totalmente digital. A história é uma continuação do primeiro jogo, porém, são enredos independentes, então, você pode jogar tranquilamente PoE II, que não ficará perdido na trama.

A boa e velha “ficha do personagem”

Para falar a verdade, é tão agradável explorar o mundo desenvolvido pela Obsidian Entertainment, que o game não precisava de uma histórica central, bastava criar o personagem e sair se aventurando em busca de fama e riqueza. Não que o enredo seja pobre, muito pelo contrário, mas, em muitos momentos, você se esquece que existe uma trama e ela deve ser seguida.

Não vamos nos estender na história, porque ela não é o atrativo principal. Então, vamos falar do começo, com a construção do personagem e como os detalhes se assemelham às antigas fichas dos heróis do RPG de mesa. É possível escolher a raça, classe, gênero, aparência e cultura do seu protagonista, alguns itens recebem modificadores, que podem acrescentar ou penalizar certos atributos.

Talvez o grande diferencial na construção do personagem em PoE II é a possibilidade de criar um herói multiclasse. Um guerreiro com habilidades ladinas, pode se tornar protagonista interessante na sua aventura, misturando técnicas de combate com furtividade. As classes se subdividem, oferecendo várias opções de escolha e combinações, logo, você provavelmente gastará um tempo na primeira etapa do jogo.

A parte ruim de um multiclasse é que seus pontos de experiência são divididos pelas classes, desacelerando o crescimento do nível do jogador. Isso não acontece com um personagem de classe única, por exemplo, sendo indicado para jogadores que não desejam gastar muito tempo com escolhas no início e durante a partida.

Este RPG é isométrico, no estilo Diablo, com dinâmica point and click. O cenário é belíssimo e caprichado nos detalhes. Cada personagem, é muito bem definido, com características físicas próprias, e, apesar de ter uma grande quantidade de figuras ao longo do jogo, você não percebe repetição nos traços entre eles.

Um ponto que me agradou bastante foi a noção de proporção entre personagens e itens do cenário. Em muitos jogos isométricos, alguns objetos que deveriam ser pequenos, aparecem maior que o personagem, isso não acontece em Pillars of Eternity. O cenário é medieval, mas existem dispositivos mais complexos como armas de fogo. Um clima de Piratas do Caribe ou do game Man O’ War: Corsair define bem o mundo vivido em PoE II.

Storyteller de primeira

Um dos detalhes que mais chamou a minha atenção foi a narrativa detalhada de cada diálogo entre os personagens. É muito difícil para os desenvolvedores transmitir o clima de um determinado momento da partida. Provocações antes de uma batalha, podem situar o jogador sobre o que vai acontecer, porém, não consegue deixar o gamer completamente imerso no clima tenso, antes de uma batalha. Em PoE II, uma narrativa detalha tudo o que acontece na cena, assim como faziam os “mestres” nos RPGs de mesa.

Em muitos diálogos você pode ler que “o anão conduzia o personagem com cortesia e um sorriso nos lábios” ou “sua expressão ficou mais séria, enquanto ela balançava a cabeça afirmativamente”. Todas essas descrições ditam o clima da partida, contando mais que a história, colocando o jogador realmente dentro da trama.

Sistema de jogo

A dinâmica de point and click costuma ser bem simples, e não é diferente neste título. O início pode ser levemente confuso porque o herói possui armas secundárias, que escolhidas de forma errada pode deixar o personagem sem ação. Mas isso é logo contornado e você não terá problemas com o sistema de batalha.

Raramente seu protagonista estará sozinho. Você pode controlar todos os demais companheiros da sua equipe. Inclusive, não é difícil se agradar de alguns, deixando o seu herói um pouco de lado, em certos momentos. Equipar todos eles e traçar estratégias de combate, levando em consideração as singularidades de cada um é primordial para um bom desenvolvimento do jogo.

Como líder, é sua função manter a ordem e gerenciar os problemas da equipe. Dinheiro traz felicidade para a maioria, mas, coloca-los em perigo constantemente para buscar tesouros e riquezas não te deixa muito poupar. Equilíbrio entre cautela e cobiça é o segredo para deixar todos unidos e focados.

Som e efeitos

Podemos dizer que a trilha sonora completa o cenário do jogo. Sinceramente não vi nada épico, porém cada música se encaixa no momento certo das cenas. Nada faltando ou em excesso, na medida ideal. Assim como a narrativa, o soundtrack criado por Justin Bell, que também produziu o primeiro game, leva o jogador para a atmosfera do jogo.

Os sons e efeitos também ajudam a compor as cenas. Os sons do litoral, como ondas e gaivotas, logo no começo da partida, mostram o cartão de visitas do game. Assim como o gráfico, todo “clank” é produzido no momento certo e com riqueza de detalhe.

O VEREDITO

Pillars of Eternity II: Deadfire foi muito bem desenvolvido pela Obsidian e trouxe algumas inovações sem deixar de lado todos os fatores que vez do primeiro jogo também um sucesso. RPG é o meu gênero favorito nos games e Pillars of Eternity certamente entra para a minha lista de melhores RPGs já criados até hoje.  O ponto negativo fica por conta da falta de anúncio do terceiro jogo da saga, que já estou ansioso para jogar.

Alex Rodrigues

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