Sabia que hoje é o dia do escritor?

Demétrius Carvalho

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25 de julho de 2015

Márcia Barbieri é escritora e professora de português e literatura e está lançando seu quarto livro pela Terracota intitulado “A Puta”. Aproveitando a data, ela fala sobre seu livro, viver de literatura e sobre o dia do escritor.

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Foto: Divulgação

BLAH CULTURAL: Dá para viver de Literatura no Brasil?

Márcia Barbieri: Não sei se é possível viver de Literatura no Brasil. Provavelmente não. Talvez a palavra correta seja “sobreviver”, e ainda assim, é para poucos e para os que pagam o preço. Além disso, quem diz viver de Literatura, na verdade sobrevive das beiradas da escrita, ou seja, fazendo oficinas, palestras, roteiros televisivos, não se dedicam exatamente à literatura. Quantos escritores podem afirmar que vivem exclusivamente de direitos autorais? Eu prefiro viver com a Literatura.

BC: E existe algum país que se viva de Literatura?

MB: Eu realmente não sei responder com propriedade essa questão, mas conheço algumas pessoas de outros países e brasileiros que vivem fora e não percebo na fala deles um quadro tão diverso do brasileiro. Talvez o que mude seja a quantidade de leitores.

BC: O brasileiro lê menos que o resto do mundo?

MB: Segundo todas as estatísticas e todas as informações que são divulgadas, sim. Talvez seja bem simples chegar a essa conclusão se pensarmos quantas livrarias existem nas periferias brasileiras.

BC: O que você pensa que poderia ser feito para mudar isso?

MB: Eu poderia afirmar que melhorando o sistema educacional poderíamos sanar esse problema, no entanto, dou aulas e sei que o problema não é tão simples assim. A questão não é apenas educacional, mas social. Quantos livros você leria se passasse fome? A fome é sempre mais urgente que qualquer tipo de ambição cultural ou literária.

APuta

BC: Você está em seu quarto livro com o lançamento do recente “A puta”, então deve no mínimo ser gratificante escrever visto continuar diante de tais dificuldades. Fale um pouco do processo desse livro, da aceitação dele e de como adquirir um exemplar.

MB: Sim, escrever é gratificante. Costumo dizer que se assemelha a um orgasmo ou um pico na veia. Esse livro em especial foi extremamente prazeroso escrever. Não que todas as ideias tenham surgido facilmente, mas achei muito gostoso experimentar a escrita erótica. Foi uma entrega tanto metafísica quanto corporal e muitas vezes o meu prazer se misturava ao prazer da protaonista. De todos os livros que escrevi, com certeza esse foi o mais prazeroso. Ele teve uma aceitação pelo leitor, talvez porque o humano tem uma relação muito estreita com o erótico. Mais com o erótico que o sexo em si. O livro está a venda na Livraria Cultura e na editora Terracota.

BC: E o dia do escritor tem alguma importância? Para você especificamente?

MB: Sou pisciana, então só me lembro do dia do escritor quando começa escurecer (risos), mas gosto das comemorações.

BC: Existe literatura feminina e literatura masculina?

MB: Não acredito na divisão da literatura por gêneros, mas acredito que alguns livros possam interessar mais ao universo masculino ou feminino. Creio nos devires. Um homem pode escrever devindo mulher e uma mulher pode escrever devindo homem.

BC: Para finalizar, qual conselho daria aos novos escritores no dia do escritor?

MB: O único conselho que acho válido é ler. Ler os clássicos, os seus contemporâneos e sobretudo escrever. Experimentar.

Demétrius Carvalho

Demétrius Carvalho é músico, multi-instrumentista e produtor musical de origem, mas anda com frequência em outras artes passando pela literatura, fotografia. Blogueiro, da suas impressões ainda sobre cinema, artes plásticas e definitivamente é multimídia adorando sobrepor arte sobre arte.
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