‘Se vivêssemos em um lugar normal’ no Parque das Ruínas

Giselle Costa Rosa

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15 de outubro de 2015

Após a curta temporada no Espaço Sesc Tijuca, o espetáculo Se vivêssemos em um lugar normal reestreia no Parque das Ruínas. A montagem é a primeira adaptação para o teatro da obra literária homônima do escritor mexicano Juan Pablo Villalobos, autor de contos, crônicas e críticas de cinema e literatura. O livro faz parte de uma trilogia sobre o México, que começou com o aclamado ‘Festa no covil’ (2010), e se encerrou com o recém-lançado ‘Te vendo um cachorro’ (2015), ambos abordando o tema da violência, da desigualdade social e da injustiça.

Encenada e adaptada por Roberto Rodrigues, o romance, de texto conciso, direto, leve, bem-humorado e às vezes irônico, narra a saga de Orestes, um dos sete filhos de uma família cujo pai é um professor de educação cívica, mestre em propagar todo tipo de impropérios, e a mãe, uma típica personagem do melodrama mexicano. Dentro da “caixa de sapato”, apelido da casa em que vivem, no Morro da Puta que Pariu, o protagonista tenta entender sua situação econômica e mudar o curso de sua própria sorte.

Na iminência de ver a pequena moradia ser demolida pela chegada de um empreendimento imobiliário de alto padrão, cada membro da família cria subterfúgios, muitas vezes delirantes, para lidar com uma realidade cada vez mais opressiva. É neste cenário, sob o ponto de vista do personagem central, oscilando entre o adolescente entediado e o adulto raivoso, que se dá a sua percepção da luta de classes e do papel insignificante que a sua família ocupa no mundo.

Sozinho em cena, o ator/personagem conta sua história, interpretando diversos papéis em um rico processo de composição corporal e vocal. A partir de um cenário composto apenas por um cubo de madeira, cria-se, com elementos puramente teatrais, a visualização dos espaços presentes na história.

A trilha sonora assinada pelo compositor e músico Victor Hora, executada apenas com trechos de guitarra e violão, revela uma influência da viola country, do dedilhado brasileiro do samba e das tonalidades da música do sertão nordestino. No final entra um blues com pegada brasileira. De uma narrativa cômica, dinâmica e irônica, essa história resultará em uma encenação deliciosamente subversiva.

:: SERVIÇO

Temporada: 09 a 25 de outubro de 2015
Dia/Horário: sexta e sábado, às 19h30; e domingos, às 19h
Local: Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas
Endereço: Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa
Preço: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia)
Telefone: (21) 2215-0621
Gênero: tragicômico
Faixa Etária: 14 anos
Capacidade: 86 lugares
Duração: 60 minutos

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
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