70 anos de reinado | Sete filmes para entender a família real britânica

Vanderlei Tenório

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8 de fevereiro de 2022

Neste último domingo (6), a rainha Elizabeth II inseriu mais uma conquista ao seu invejável reinado recorde. Ela se tornou a primeira monarca britânica da história a celebrar um Jubileu de Platina.

Isso mesmo, sete décadas se passaram desde que ela subiu ao trono aos 25 anos, após a morte de seu pai, George VI. Hoje, a soberana de 95 anos se torna a primeira monarca britânica a alcançar 70 anos de reinado. Agora à frente de 15 países da Commonwealth, depois que Barbados se declarou república em novembro.

Ao longo dos 70 anos de reinado, ela aconselhou 14 primeiros-ministros; reuniu-se com 13 presidentes dos EUA; conheceu mais de sete papas; assistiu a quase 20 Olimpíadas; visitou 116 países e atuou como uma figura central inabalável enquanto o país enfrentava inúmeras crises.

O Jubileu de Platina

O Jubileu de Platina da Rainha é notável porque será o primeiro Jubileu Real a celebrar os 70 anos de um monarca britânico no trono. Feito este que é improvável que se repita dentro de uma vida ou duas. A rainha de 95 anos é a monarca mais longeva da história britânica – um título que ocupa desde 2015. A recordista anterior, a Rainha Vitória – que morreu aos 81 anos – era monarca há quase 64 anos.

Além disto, o Jubileu de Platina também será o primeiro Jubileu de Elizabeth II sem seu marido, príncipe Philip, ao seu lado. O casal Real se casou em novembro de 1947 e foi inseparável por 73 anos. O Duque de Edimburgo morreu em 9 de abril de 2021.

Para marcar este feito, uma série de eventos acontece ao longo do ano, culminando em um fim de semana de quatro dias em junho. Entretanto, a imprensa britânica informou que neste domingo (6), a monarca teve um compromisso mais solene. Ela esteve em sua casa em Sandringham, interior da Inglaterra, respeitando o aniversário da morte de seu pai, o rei George VI. Como aconteceu nos anos anteriores, não se prevê nenhum compromisso público no dia.

Nessa perspectiva, para ajudar a entender a jornada da família real britânica, curiosidades, rotina, intrigas e histórias, o Ultraverso separou alguns filmes. Verá que alguns destes são embasados em informações verídicas, outros são mais romantizados, contudo, todos explicam quem é quem nessa inebriante trama da vida real.

Veja a lista abaixo:

A Jovem Rainha Vitória (2009), de Jean-Marc Vallée:

Jubileu de Platina

Muito antes do longevo reinado de Elizabeth II, polêmicas já eram comuns na realeza. Sua tataravó, a Rainha Victoria (1819-1901), assumiu o trono muito jovem, e até ser de fato coroada, viveu uma série de conflitos com sua família.

Interpretada por Emily Blunt, cuja atuação foi muito elogiada, Vitória é blindada de cortejos por sua mãe. Porém, a motivação não é apenas protegê-la, e sim um jogo de interesses e poder. Enquanto Victoria busca lidar com paixões e dúvidas no auge dos seus 18 anos, conhecemos parte da história de uma das monarcas mais importantes de todos os tempos.

O longa foi nomeado a três Oscars na 82.ª edição de entrega dos Prêmios da Academia. Respectivamente, Melhor Direção de Arte (Patrice Vermette e Maggie Gray); Maquiagem e Penteados (Jon Henry Gordon e Jenny Shircore), ganhando o de Melhor Figurino (Sandy Powell).
Onde assistir: Amazon Prime Vídeo.

Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (2017), de Stephen Frears:

Jubileu de Platina

Victoria é a segunda governante a ficar mais tempo no poder. Ela perde apenas para a longeva Elizabeth II, e sempre manteve uma relação inspiradora, porém quase apagada da história. O longa é estrelado por Ali Fazal, Judi DenchMichael GambonEddie Izzard, Tim Pigott-Smith (em seu último papel no cinema) e Adeel Akhtar; estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 3 de setembro de 2017.

Em Victoria & Abdul, Judi Dench interpreta a monarca na última fase de sua vida. A trama foca na sua relação com Abdul Karim (Ali Fazal), um jovem criado indiano que passa a servir a família real. O roteiro é baseado em diários da própria rainha e de Abdul, que foram compilados no livro da autora Shrabani Basu. O filme mostra como a amizade da dupla foi construída, mesmo depois de tantos boatos e tentativas de apagamento desses fatos.

O filme foi indicado para Melhor Figurino (Consolata Boyle) e Melhor Maquiagem e Penteados (Daniel Phillips e Lou Sheppard) na 90.ª edição do Oscar; e Melhor Atriz em Filme – Musical ou Comédia (para Dench) no 75.º Globo de Ouro.
Onde assistir: Claro Now.

Downton Abbey: O Filme (2019), de Michael Engler:

Jubileu de Platina

Como um grande episódio especial de fim de ano, a família Crawley recebe o rei George V; a saber, neto da Rainha Vitória, filho do Rei Edward VII, pai dos reis Edward VIII e George VI e avô da Rainha Elizabeth II); além da rainha Maria de Teck. Eles terão de se preparar para a visita real do jeito que sempre lidaram com questões menores. EM outras palavras, com preparativos grandiosos, muita agitação nos andares debaixo e costuras políticas na superfície.

Na produção cinematográfica, os residentes de Downton recebem a notícia de uma visita real. Enquanto isso, os moradores dos andares de cima se apressam para organizar os preparativos e os criados dos andares debaixo tentam encontrar um jeito de não serem substituídos pelos funcionários da Coroa. Fique despreocupado, o filme se passa depois dos acontecimentos da série, mas apesenta uma história central independente. Além disso, ele não toca em questões muito pessoais de cada personagem que precisem de conhecimento prévio.

Nesse contexto, a trama, em suma, é básica. No entanto, ela é complementada por romances paralelos e questões políticas, tudo que se passa em duas horas de longa poderia preencher uma temporada inteira. Felizmente, Fellowes e Engler acertaram no equilíbrio. Fazendo, assim, que o longa não soe nem como uma trama apressada de oito capítulos nem um longo episódio arrastado.

O longa homônimo tem tudo que você espera de um retrato das intrigas da aristocracia, com carisma o suficiente para nunca ser arrogante demais. Nesse sentido, não está preocupado com os detalhes específicos ou meandros diversos de trama. Ela foca em seus reflexos, bem como nas pequenas e grandes mudanças que provocam através das diferentes castas.
Onde assistir: Amazon Prime Video.

O Discurso do Rei (2010), de Tom Hooper:

Jubileu de Platina

O Discurso do Rei é um filme que, em suma, retrata a trajetória do rei George VI, que se viu obrigado a assumir o trono inglês no início da segunda guerra mundial. Mas esse não era seu maior problema. George era portador de gagueira severa, fobia social e timidez — a ponto de não conseguir falar em público. Nada bom para um rei. Em outras palavras, o tema gagueira é destaque no longa-metragem, Tom Hooper traz à tona os desafios de quem tem este problema.

O esforço do Rei George VI em vencer a gagueira tinha por objetivo um pronunciamento na rádio BBC, informando aos súditos sobre o começo da Segunda Guerra Mundial e preparando a nação para tempos difíceis, já que são nesses momentos que os grandes líderes usam o carisma, a credibilidade, bem como a segurança para transmitir a realidade ao povo, mas sem deixar seus liderados sem esperança.

Tom Hooper em sua direção fez questão de evidenciar o fardo que, a princípio, é se tornar rei. Ao contrário do que muitos pensavam, não existe glamour o suficiente que apague as responsabilidades de carregar uma nação nas costas.

A saber, Colin Firth, merecidamente levou o Oscar de Melhor Ator por seu papel como rei George VI, teve muito química ao contracenar com Geoffrey Rush, que dá a vida ao fonoaudiólogo Lionel Logue, e Helena Bonham Carter que interpreta Elizabeth, esposa do rei (é tão bom vê-la em um papel sóbrio e dramático), o desemprenho do trio é o trunfo do longa. Hooper conseguiu, assim, desenvolver bem a dinâmica do elenco e humanizar as figuras quase fabulares que compõe a nobreza, o clero e a plebe.

O Discurso do Rei ganhou sete prêmios BAFTA e quatro Oscars, sendo eles Melhor Filme (Iain CanningEmile Sherman e Gareth Unwin), Melhor Diretor (Tom Hooper), Melhor Ator (Colin Firth) e Melhor Roteiro Original (David Seidler).
Onde assistir: HBO Max e Amazon Prime Video.

Diana (2013), de Oliver Hirschbiegel:

Jubileu de Platina

No ano de 2013, Naomi Watts recebeu a missão de interpretar Diana no cinema. Neste filme biográfico que leva o nome da princesa, conferimos os momentos em que a jovem está prestes a se divorciar do Príncipe Charles, enfrentando a solidão de sua vida sozinha no palácio em meio aos compromissos beneficentes.

A sua história, em suma, ganha uma reviravolta quando ela conhece o médico Hasnat Khan (Naveen Andrews) e fica encantada por ele a tratar como uma pessoa sem títulos reais. A trama exibe em suma o envolvimento dela com o médico paquistanês, iniciado ainda antes do divórcio oficial com Charles.

Dentre idas a trabalho ou não ao hospital em que o médico atua, Diana acaba se envolvendo com ele, começando um namoro secreto, longe das câmeras fotográficas dos tabloides ingleses. Mas a rotina confusa do relacionamento, possível apenas por meio de disfarces e encontros escondidos, prejudica o grande amor que um sente pelo outro.
Onde assistir: Amazon Prime Video, Telecine Play, Globoplay e Claro Now

Spencer (2022), de Pablo Larraín:

Spencer está longe de ser uma biografia como “Jackie”, trabalho anterior de Larraín que traz um recorte de eventos fartamente documentados, os dias de Jacqueline Kennedy imediatamente após o assassinato de seu marido, o presidente John Kennedy. Este novo trabalho é, em suma, a investigação de um mito, humanizando-o ao mesmo tempo em que se rende à mais pura fantasia.

O longa é estrelado por Kristen Stewart e Jack Farthing, ao lado de Timothy Spall (“Franquia Harry Potter”), Sean Harris (“Missão Impossível”), Sally Hawkins (“A Forma da Água”) e grande elenco.

O roteiro de Steven Knight concentra-se no fim de semana do Natal de 1991, quando Diana já tomara a decisão de encerrar seu casamento com Charles. No entanto, ela precisa antes cumprir este último protocolo, encarar mais uma vez a indiferença de uma família que demonstra, com uma crueldade passivo agressiva sufocante, que ela nunca pertenceu àquele mundo.

Em Spencer, um dos diferenciais é o uso de elementos de suspense e até de terror para contar a história. O outro (e mais importante) é a incrível interpretação de Kristen Stewart como a Princesa de Gales. Spencer pode causar estranheza para quem espera ver mais uma cinebiografia simples e burocrática como várias que são lançadas a cada ano, ou mesmo uma versão das séries como ‘The Crown’ (que a própria Kristen Stewart confessou ter visto para se preparar sua atuação) – mas irá agradar aos que buscam por algo mais original sobre uma personagem tão emblemática quanto Lady Diana Spencer.
Onde assistir: em exibição nos cinemas.

A Rainha (2007), de Stephen Frears:

No intervalo de uma semana, entre o final de agosto e o começo de setembro de 1997, um mundo de mudanças se abateu sobre a realeza da Inglaterra. O que era secular se modernizou, o que era dogmático se flexibilizou e o que era particular se tornou público. Depois daquela semana, em que morreu a ex-princesa Diana e Tony Blair (Michael Sheen) elegeu-se Primeiro-ministro, a Rainha Elizabeth II nunca mais foi a mesma.

O formidável A Rainha, de Stephen Frears, repassa a semana dia a dia. Começa com a eleição de Blair, representante do Partido Trabalhista, reerguido ao poder – depois de 18 anos de hegemonia do Partido Conservador – com discurso de reciclagem das relações de trabalho, incentivando o livre mercado sem deixar de lado a assistência social. É a famosa Terceira Via que fez de Blair um ‘superstar’ do neoliberalismo durante a segunda metade da década.

Vista publicamente desde 1997 como uma rancorosa opositora à imagem santa de Diana, Elizabeth II ganha no filme – e na figura estupenda da atriz Helen Mirren (indicada ao Oscar pelo papel) – um pouco de justiça histórica. Seu entendimento do que são os deveres e os limites de um soberano, sua visão de mundo no que se refere a privacidade e símbolos públicos, são bem mostrados em A Rainha.

Por fim, o filme justamente indicado a seis Oscars, incluindo Melhor filme (Andy Harries, Christine Langan e Tracey Seaward), Roteiro Original (Peter Morgan – criador de “The Crown”), Diretor (Stephen Frears), Figurino (Consolata Boyle) e Trilha Sonora Original (Alexandre Desplat).
Onde assistir: Claro Now.

Vanderlei Tenório

Vanderlei Tenório é colunista dos jornais Tribuna do Sertão e Gazeta Regional de Jaguariúna, dos portais 082 Notícias e JB Notícias, do Web Jornal O Estado RJ – OERJ, colaborador do portal Repórter Nordeste, da Revista Alagoana, do jornal Tribuna de Itapira e do site português Cinema7Arte, além de editor da página Cinema e Geografia. Siga o jornalista no perfil pessoal, como colunista e em Cinema e Geografia.
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