REVIEW | ‘Sword Art Online: Fatal Bullet’ mostra breves melhorias e falhas que são persistentes

Leandro Stenlånd

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19 de março de 2018

Sword Art Online é uma franquia ousada e antiga que chegou ao Ocidente pela primeira vez em 2016 com o título Hollow Fragment. De lá para cá, muita coisa mudou na franquia, menos seus protagonistas. Ainda centrado na saga de Kirito, que ficou preso dentro do mundo do game que leva o mesmo nome do anime, tenta recriar todo um visual voltado para o MMORPG. Vivendo esse mundo paralelo no qual enquanto jogamos um bom RPG, o protagonista se vê dentro de um MMORPG, vamos conhecendo aliados e, dentre eles, Asuna, que também se junta à causa de forma coadjuvante para ao menos tentar combater os inimigos dessa realidade virtual.

Após passar pelos acontecimentos de Sword Art Online Memory Defrag, Lost Songs, Hollow Realization e Hollow Fragment, Kirito se viu em um outro jogo, vivendo no mundo paralelo do título Accel World vs Sword Art Online. Esta anomalia também permitiu descobrirmos alguns detalhes sobre nosso casal de protagonistas e também conhecê-los melhor. A trama era simples e iniciávamos em uma espécie de combate no qual Yui desaparecia. Kirito precisava desafiar os Sete Reinos do mundo de Accel World para descobrir onde ela estaria.

Agora, longe dos ‘universos’ mencionados logo acima, nosso protagonista inicia sua jornada em uma nova empreitada vivenciando uma trama diferente onde Kirito não é diretamente o personagem principal do mundo de Gun Gale Online. De cara, notamos algumas mudanças e uma delas é que a desenvolvedora abandonou certos elementos que antes habitavam a saga. A franquia agora dá adeus ao JRPG e tenta apostar um bocado mais no sistema de Action RPG, e acaba se assemelhando bastante com outros títulos do gênero, em especial, Nier Automata. Se olharmos para toda trajetória que vinha criando no decorrer de todos os títulos lançados até então, qualquer pessoa notará que Sword Art Online: Fatal Bullet se perdeu um pouco. Não está ruim. Longe disso, na verdade, mas aquela essência que antes existia, agora não há mais. Claro que adoramos os elementos que se aproximam do Action RPG, mas as coisas não são bem assim. Para início de conversa o sistema de progressão não é tão imersivo mesmo levando em conta que outrora também não era, mas está menos que antes.

De início, temos que escolher nosso personagem (seu sexo) e atribuir algumas customizações nele (a). Podemos modificar a cor do cabelo, dos olhos, corte de cabelo, aumentar os ombros da personagem, como estará vestida, mudar a feição do rosto, altura e voz, entre outras características. Eu, particularmente, curto personagens femininos, então, escolhi uma e dei o nome de ISUZU (marca de carros japonesa que cultuo).

De posse de Isuzu, somos teleportados a um mundo chamado de Gun Gale Online (ou GGO) e conhecemos uma menina chamada Kureha. Ela nos apresenta detalhes deste local onde estamos, visto que nossa personagem é iniciante nesse mundo do Sword Art Online. Então, Kureha explica o básico sobre o jogo falando que um jovem gênio chamado Akihiko Kayaba inventou um hardware chamado NerveGear e, junto dele, deu nome ao game. Assim, como nos dias de hoje, os vícios desse gênero são League of Legends e Dota 2, em SOA não seria nada muito diferente. Kureha, então, conta a Isuzu que a trama nos levou a quase 10.000 pessoas dentro do VMMORPG e isso seria um número formidável. Tudo é contado a nossa personagem que acaba iniciando sua jornada dentro do famoso tutorial explicando os comandos básicos de ataque e defesa.

Nesse começo, convenhamos, há muito ‘blah blah blah’ desnecessário. Somos apresentados à Itsuki, um jogador muito forte em SOA e que precisa de auxilio para derrotar algumas máquinas e soldados, e que são o alvo em nosso tutorial. Na verdade, todos estão atrás de um drop valioso que normalmente sai de alguns baús encontrados em nossa jornada. Mimimi para lá e Mimimi para cá, após quase 25 minutos com diálogos extensos, enfim somos apresentados ao famoso Kirito, que tenta chegar a tempo de impedir que “nossa” Isuzu tenha acesso ao famoso tesouro raro. Na verdade, tudo acontece repentinamente e, por acidente, quando Kureha nos teleporta para um local, justamente onde está esse tesouro e que Kirito vinha tentando ter acesso, acabamos sendo recompensados. Infelizmente (para Kirito), ele não chega a tempo e, por fim, descobrimos que o danado de tesouro seria esse: um outro personagem que será nosso auxiliar durante a jornada: Sayaka. Bom, foi assim que o batizamos, já que também podemos escolher seu nome, além de customizar seu visual. Ele acaba nos chamando de Mestra antes que Kirito consiga intervir. Então, já não havia mais o que ele pudesse fazer a não ser deixar para lá e que Isuzu e Sayaka viriam a se tornar não somente Mestre e ‘Pupilo’, mas também grandes amigas.

A narrativa possui alguns acontecimentos mal organizados para quem acompanha o anime. O problema em SOA: FB é como esta narrativa se desenvolve. Ao assistirmos as cutscenes, temos a sensação que não conseguimos acompanhar a linha temporal de acontecimentos, visto que, se você considerar não jogar os primeiros títulos da franquia, certamente ficará perdido, em especial, devido à excessiva quantidade de falatório.

Depois de uma longa introdução, de aproximadamente 40 minutos, que em sua maioria tivemos Kureha balbuciando algumas coisas e até tendo razão em outras, somos apresentados a um maior esclarecimento sobre como lidar com nossa ‘recompensa’. Essa inteligência artificial de suporte, chamada de ArFA-sys, nos ajudará ao longo de nossa jornada. É aí onde começamos a ver os problemas do título. Por mais divertido que possa ser o sistema de combate e mostrar que nem só de espada fotônica o título viverá, não existe algo que me motivasse a permanecer jogando mais que algumas horas. Os ‘monstros’ em nosso encalço, por exemplo, possuem obviamente um nível superior se considerarmos que nossa personagem é iniciante no mundo de SOA, mas, mesmo assim, depois de um certo tempo, o game se tornou um bocado cansativo com inúmeras repetições. O título permite ao jogador equipar diferentes tipos de arma e vestimentas em seu personagem, mas nada considerado uma inovação. Sword Art Online: Fatal Bullet lembra mais títulos como House of The Dead, com seu sistema de miras. Por diversos momentos me senti na era do Sega Saturno com Virtual Cop. Também lembrou um bocado de Mass Effect, considerando o ângulo da câmera e o formato do jogo em terceira pessoa.

Pelo que pudemos constatar, Fatal Bullet se passa em outro VMMO, onde nossos personagens, ao lado de nossa auxiliar, terão contato direto com os antigos protagonistas do jogo Kirito e Asuna, mas somos nós que seremos os destaques dessa vez com Sayaka e Isuzu. Então, sabendo que Kirito se tornou um ”coadjuvante”, esteja certo que, além de toda hora haver um loading na tela, também passaremos muito tempo conversando. Aliás, confesso que, por muitas vezes, quis cortar o ‘tititi’ e seguir com o trama, mas se há muito falatório, é preciso entender que ele está lá por alguma razão. As vozes, principalmente a de Kureha, irritam muito e são caricatas tanto quanto é seu nome.

As melhorias feitas a Sword Art Online: Fatal Bullet são poucas. A franquia ganhou novos tons, principalmente no lado visual e sonoro, mas não são necessariamente melhorias. No que compete à história, também não vimos um impacto tão grande assim.  Se você está atrás de um jogo rápido e dinâmico, poderá sofrer com tamanhas cutscenes mostrando muito diálogo enquanto nos outros da série, até onde posso me recordar, não haviam tantas. Particularmente, gosto muito de Hollow Realization e acredito ser o melhor capítulo dessa ‘novela’ japonesa.

Graficamente, estamos longe de ter um esplendor e, em alguns momentos, somos levados a linhas gráficas que lembrarão a arte vista em jogos como One Piece, que é mais voltado ao cartunesco do que necessariamente um visual de JRPG. Não é sempre que isso acontece, mas é quase, ao menos nas reais cutscenes. É um visual declaradamente mais apurado, melhor desenhado, está mais próximo do que essa atual geração requer, com locais bonitos quando estamos fora das masmorras, mas em determinadas situações nos vimos olhando para um gráfico que se mostra datado. Essa oscilação entre o muito bom e o mais ou menos faz com que nossa opinião oscile tanto quanto. Não tivemos quedas de framerate, ou seja, mesmo experimentado um jogo que aparenta ser algo parecido com MMORPG, não observamos quedas.

O VEREDITO

A parte mais técnica de Sword Art Online: Fatal Bullet é o que carrega o jogo. Mesmo com falhas ali e aqui, a arte visual impressona e isso inclui todo o ambiente apresentado (exceto a introdução). A realização da trilha sonora é básica e em sua maioria lembra heavy metal com guitarras pesadas, algumas mais cleans, mas deixa a desejar mesmo assim. As batalhas são normais e sem nada muito grandioso. Não é um título memorável, mas certamente não deixa de ser uma nova aquisição aos amantes do gênero J-RPG.

Jogo analisado pela equipe do Blah Cultural no Playstation 4 com cópia cedida gentilmente pela Bandai Namco do Brasil.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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