The carousel never stops turning

Ana Carolina Garcia

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4 de junho de 2015

Minha cabeça não para, não desliga. Queria simplesmente poder esvaziar minha mente com todas as preocupações, dores e sofrimentos como quem coloca o lixo pra fora toda noite. Mas não consigo. O rolo do filme não para de passar e não tem pausa que dê jeito.
Meu cérebro hiperativo não descansa e enquanto tento dormir, ele faz um balanço forçado do dia. Me cobra o que eu poderia ter feito melhor, me puxa a orelha o que eu não deveria ter dito, pelo menos não daquele jeito (por que você tem que ser tão grossa?!). Mas principalmente me atormenta pelo que eu não disse. Sim, as coisas que ficaram por dizer.
Minha mente orgulhosa não leva desaforo pra casa e quer responder cada contenda com argumentos sólidos e racionais, mas meu coração, que na verdade controla a boca e as maravilhas da fala, não faz mais isso. Sim, não faço mais isso mesmo.
Não sou mais refém dos meus sentimentos e do meu orgulho, literalmente não entro mais na pilha. Mas não por isso sem dor, certo?! Tenho confrontações mentais do que diria se tivesse a oportunidade e de como faria. Mas no fim desse exercício infrutífero descubro que não sou mais essa pessoa impulsiva, que diz coisas sem pensar só porque ferem e não porque as sinto realmente.
A verdade é que nunca fui boa de discutir ou desavenças. Fico literalmente nervosa e desconfortável quando tem um mal-estar no ambiente. Não gosto de bate-bocas, talvez porque não fui criada assim, por isso sempre me assustou relacionamentos polarizados e agressivos a todo o momento. Minha família sempre foi do silêncio, quando algo nos desagradava, calávamos. Assim, sempre mantivemos o respeito, os bons modos e uma pseudo-amigável convivência. Quer saber, prefiro assim, a civilidade acima de tudo.
Voltando a minha inabilidade de engolir sapos, pra mim é incrivelmente difícil deixar algo que brutalmente me desrespeita e agride passar em branco. É um esforço hercúleo, um ato de bravura, de resistência mesmo a minha própria natureza retaliadora e naturalmente vingativa.
Mas descobri que é tudo culpa das estrelas. Ou melhor, a culpa é dos astros. Afinal a culpa não é minha se nasci fazendo parte do signo pária do zodíaco: escorpião. Mas me recuso a ser reduzida a posição exata dos astros referente ao dia, hora, minutos e segundos do meu nascimento, sou melhor do que isso.
Mas como eu queria recobrar o controle da minha mente megalomaníaca que é refém ainda da premissa “chumbo trocado não dói” e liberá-la dessa ideia limitante e arcaica que remonta minha adolescência. Mas agora que tenho controle da fala e do meu coração, é questão de tempo até que emancipe a penthouse de todas as dores e às vezes onde inicia todo o sofrimento, a mente.

Ana Carolina Garcia

Penso melhor com a caneta em punhos cintilando no papel ou com meus dedos tocando nos teclados a espera da escrita que desabrocha. Adoro os livros da Martha Medeiros acompanhados de um bom café e uma boa música para começar os domingos. Cinéfila por opção tenho Almodóvar, Tarantino e Woody Allen no meu altar particular. Escrevo no blog A Razão de Toda a Pressa e o site Engramas.

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