RESENHA | ‘Legião’ de Salvador Sanz tem roteiro bem ‘lovecraftiano’

Italo Goulart

|

7 de agosto de 2017

Durante toda nossa história como civilização, a arte (literatura, pintura, músicas…) tem um papel importante, seja para retratar acontecimentos, contar algum fato ou mitologia, ou como uma exteriorização de sentimentos e emoções. E se essa arte também fosse capaz de abrir as portas do inferno e for causa para o fim de nossa existência?!

“Imagine um mundo mais escuro que o nosso, onde a arte é só um motor para a morte e a aniquilação”.

Edição número cinco da ‘Coleção Fierro’ de Salvador Sanz, Legião foi lançada em 2006 na Argentina e lançado em 2014 pela Zarabatana Books no Brasil.

Um rosto gigante nas nuvens observa passivamente o massacre, chuva de sangue lava as ruas para a chegada da destruição, e um exército de seres malignos caminham juntando despojos e fazendo vitimas para a construção de seu castelo de terror, essa é a chegada da Legião.

Os acontecimentos dessa Grafic Novel se passam em Buenos Aires, Argentina, após a descoberta de uma nova cor, a Ultramal, criada por uma artista plástica chamada Azul Cobalto, todos ficam incrédulos e fascinados com a nova descoberta. Uma escultora, Alicia Parodi, molda uma torre com um formato único, que inexplicavelmente é a mesma mostrada na pintura com a nova cor na exposição de Azul. Sem saber do que se tratavam, mal elas sabiam que tinham iniciado o chamado para o fim de tudo que nós conhecemos. Só faltava a melodia, a música que nunca deveria ser escutada ou tocada, e isso ficou a cargo de Félix, que ao ir ao ensaio de sua banda, num momento de pura inspiração, “criou” a melodia e abriu o ultimo portão para a chegada do fim dos dias.

Salvador Sanz escreve e ilustra essa obra que já é considerada uma das melhores histórias em quadrinhos criadas na Argentina nos últimos anos. Com traços pesados e grossos, ele dá vida com uma riqueza de detalhes incríveis (e assustadoras) de um mundo pronto para ser destruído, lembra bastante Hellraiser de Clive Barker. O uso de cores pontual e restrito dá um clima claustrofóbico e aumenta a atmosfera de terror e suspense que perdura por toda a obra. O roteiro lovecraftiano de Sanz não deixa muito espaço para esperança, por sua ação continua e horror e gore crescente. Os personagens não tem muito aprofundamento, pois sabemos, apesar de esperar o contrario, que eles não têm chances e que são totalmente descartáveis.

“Imaginem um mundo mais escuro que o nosso, onde a arte é só uma força destrutiva. O motor para a guerra e para a aniquilação.”

O único ponto negativo de Legião é o seu tamanho, com pouco mais de 60 paginas, o leitor vai ficar com uma desolação ao terminar uma leitura tão incrível e prazerosa.

Italo Goulart

O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman