Luta de Classes

‘Luta de Classes’ | CRÍTICA

Mayara Ferreira

Novo filme do diretor Michel Leclec, Luta de Classes (La Lutte des Classes)  é uma comédia excelente, capaz de discutir assuntos sérios com um humor leve e inteligente.

Leia mais:

‘A VIDA INVISÍVEL’ TEM ESTREIA ADIADA PARA NOVEMBRO
‘DOWNTON ABBEY’ | CRÍTICA
STAR WARS: A ASCENSÃO SKYWALKER | CONFIRA O NOVO TRAILER!

Um casal formado por uma advogada de origem árabe, Sofia (Leïla Bekhti), e um músico profissional anarquista, Paul (Edouard Baer), cria os filhos em um bairro do subúrbio francês, em meio a um estilo de vida diferente e um contexto marcado pela desigualdade social.

A Luta de Classes

Aliás, já em sua cena de abertura, o longa demonstra todo seu potencial para comédia quando vemos o excêntrico Paul tentando lutar contra uma das grandes faces do capitalismo atual: a especulação imobiliária. Por exemplo, em um diálogo, no mínimo, inusitado, vemos o personagem oferecer sua casa por metade do valor de mercado, a fim não aceitar o lucro proporcionado pela valorização do imóvel.

Além disso, em uma clara referência à teoria marxista, Luta de Classes retrata com humor os princípios da vida de uma família com ideais de esquerda em meio ao mundo capitalista e à desigualdade social vivida na França, principalmente pelos imigrantes recém chegados ao país.

Luta de Classes (1)

Ademais, Paul e Sofia tentam lutar contra o sistema nos mínimos detalhes, seja cultivando produtos orgânicos em uma horta compartilhada ou se negando a matricular seu filho caçula, Corentin, em uma escola particular, mesmo quando ele começa a ter problemas para ser aceito pelos amigos de turma.

Mesmo se tratando de uma comédia, Luta de Classes consegue sustentar discussões sérias como, por exemplo, a crise imigratória vivida na Europa; os conflitos da vida em família e o acesso à cultura e educação; exclusividade para alguns no sistema capitalista; a xenofobia disfarçada; bem como outras discussões sensíveis em nossa sociedade atual.

Comédia à la ‘Capitão Fantástico’

De fato, temos muitos exemplos de filmes dedicados a contar a vida de personagens que se rebelam contra a sociedade capitalista. O aclamado Capitão Fantástico, um ótimo exemplo um pouco mais dramático, propõe a mesma discussão de Luta de Classes. Como ensinar nossos filhos a viver em sociedade valorizando as coisas que realmente importam na vida? Como formar cidadãos que se importem com questões sociais além de sua própria vivência? Se vemos um Paul, excêntrico e divertido, ele pouco se difere de Ben, o capitão, no quesito apego a uma ideologia. Ambos, tão presos às suas crenças, cometem erros tentando fazer o melhor por suas famílias e se vêem obrigados a mudar, mesmo que apenas um pouco, sua perspectiva.

Luta de Classes (2)

Mais do que um conflito entre etnias dominantes e oprimidas, Luta de Classes é um filme sobre o amor familiar; a educação e a formação de um indivíduo em diferentes contextos; bem como nosso papel como cidadãos em uma sociedade desigual.

Enfim, cumprindo sua proposta, a história nos  emociona e diverte ao mesmo tempo. Vale a pena o ingresso e a pipoca. 🙂

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: La Lutte des Classes
Direção: Michel Leclerc
Elenco: Leïla Bekhti, Edouard Baer, Ramzy Bedia
Distribuição: A2 Filmes
Data de estreia: qui, 24/10/19
País: França
Gênero: comédia
Ano de produção: 2019
Classificação: 12 anos

Mayara Ferreira

Publicitária, amante de cinema e conversas filosóficas de bar. Ama a epifania gerada pela 7ª arte e, por isso, resolveu começar a escrever sobre. Como boa cinéfila, não assiste filmes dublados e perturba os amigos até conferirem suas indicações. Mas, no fundo, é uma pessoa legal.
NAN