Crítica de Filme | Love 3D
Leandro Stenlånd
|3 de setembro de 2015
Um dos filmes mais polêmicos e esperados a serem exibidos no Festival de Cannes desse ano foi Love 3D. O pano de fundo é a história de amor entre os protagonistas, mas o que realmente se destaca é a grande quantidade de cenas de sexo explícito, o que pode chocar alguns e atrair outros. Mas, independente disso, é preciso mencionar que é mais uma ótima obra do diretor Gaspar Noe, que também dirigiu um dos melhores filmes da década passada, Irreversível, e Enter the Void (não tão memorável).
Primeiramente, é sobre o amor e como ele resiste ao tempo. O filme começa mostrando o distanciamento entre Murphy e sua amada Electra e, conforme evolui, retrata como se deu o início desse amor, com todos os seus percalços. O sexo, para eles, é um modo de manifestação do amor, mas também suscita conflitos quando é colocado em primeiro patamar. Acompanhamos de que modo o amor e as relações sexuais vão se modificando com o tempo, e as consequências do conflito sexo-amor sobre as personagens.
Outro aspecto digno de nota é em relação ao aspecto técnico: a trilha-sonora (que intercala batidas de música eletrônica com músicas clássicas), em conjunto com a fotografia (com fortes e característicos tons de vermelho, já usados pelo diretor anteriormente) transmitem ao espectador a intensidade dos sentimentos das personagens. Conseguimos captar o real sofrimento de Murphy por não estar perto de Electra, por não conseguir mais manifestar o amor que sente.
Contudo, um aspecto falho é o uso da terceira dimensão: tradicionalmente usado para destacar profundidade das cenas, aqui me pareceu sem propósito seu uso. Muitas cenas trazem os atores próximos à câmera, não justificando a ampliação da profundidade pretendida pelo 3D. Parece-me que ele foi utilizado de modo gratuito, com o simples objetivo de marketing, para vender a película ao mercado e atrair mais público.
O filme também peca por ser desnecessariamente longo, com cenas de sexo repetidas à exaustão. Poderia economizar nas relações sexuais, que irrompem na tela sem trégua, o que o tornaria melhor e mais conciso, sem cansar tanto o espectador.
Portanto, ainda que seja eficaz ao transmitir as intensidades dos sentimentos das personagens por meio da fotografia, montagem e trilha sonora, Love 3D peca pelo excesso (seja de cenas de sexo, seja do uso do 3D). Mesmo assim, é um ótimo filme, que leva à reflexão sobre o amor, e os conflitos que suscita.
FICHA TÉCNICA
Título original: LOVE
Direção: Gaspard Noé
Roteiro: Gaspard Noé
Produção: La Petite Reine, RT Features, Wild Bunch
Edição: Gaspard Noë
Gênero: Drama
Classificação: a verificar
País: França
Ano: 2015
Elenco: Karl Glusman, Aomi Muyock e Klara Kristin