Balanço das principais categorias do Globo de Ouro 2017

Bruno Giacobbo

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9 de janeiro de 2017

Até o Globo de Ouro, a temporada de premiações vinha sendo dominada por três filmes: “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, de Barry Jenkins, “La La Land: Cantando Estações”, de Damien Chazelle, e “Manchester à Beira-Mar”, de Kenneth Lonergan. No último domingo (08/01), o musical de Chazelle assumiu, provisoriamente, a liderança rumo ao Oscar, ao vencer sete Globos de Ouro (todos os quais estava indicado) e bater o recorde que pertencia a “Um Estranho no Ninho” (1975) e “Expresso da Meia-Noite” (1978), ambos com seis prêmios. É difícil dizer se o longa conseguirá repetir todas estas vitórias no Oscar (Filme, Diretor, Ator, Atriz, Roteiro, Trilha Sonora e Canção), uma vez que lá, por exemplo, não há divisão em filmes ou atores de Drama e Comédia. Por ora, algumas considerações sobre a premiação: 

Vitoria mais inusitada (não para mim): 

Isabelle Huppert – Ainda que algumas pessoas tenham visto “Elle” como um filme misógino e machista, a obra de Paul Verhoeven tem sido quase que unanimemente aplaudida pela crítica. E Huppert tem o melhor desempenho feminino de 2016. Logo, se havia algum prêmio onde ela e o filme eram favoritos, este era o Globo de Ouro. Indicada ao Oscar, eu creio que ela será, vencer são outros 500. Sua grande adversária promete ser Natalie Portman, pelo papel de Jackie Kennedy. 

Derrota mais surpreendente: 

Mahershala Ali – Até o Globo de Ouro, ele tinha levado 24 prêmios de melhor ator coadjuvante, o mesmo número de Casey Affleck como principal. Sinceramente? Acho que ninguém apostou na vitória de Aaaron Taylor-Johnson, nem mesmo o próprio Aaron Taylor-Johnson. Vamos esperar o SAG Awards. Se o sindicado dos atores premiar Mahershala, ele volta a pole position. Contudo, se Taylor-Johnson surpreender mais uma vez, teremos uma nova tendência. Jeff Bridges ainda corre por fora. 

Vitórias que até Steve Wonder viu antes da hora: 

Casey Affleck e Viola Davis – Diferentemente de Mahershala, Casey e Viola confirmaram no Globo de Ouro o favoritismo que vinham tendo em toda a temporada. Avançam em direção ao Oscar como favoritos e o SAG pode vir a confirmar isto. Porém… Se Viola já conhece todas as suas adversárias (Michelle Williams é a mais forte) e vem subjugando todas, no Oscar, Casey pode ter a companhia de Michael Keaton, por “Fome de Poder”, onde vive Ray Kroc, o homem que transformou o McDonalds no império do fast food. Dois anos atrás, Bradley Cooper não esteve no Globo de Ouro e no SAG, mas foi indicado ao Oscar. Então, é possível que Keaton esteja na festa da Academia e algumas publicações como a Variety, por exemplo, chegam a apontá-lo como favorito. A seu favor, a derrota para Eddie Redmayne justamente há dois anos. A Academia pode querer recompensá-lo, premiando um ator renascido e que tem feito um papel bom atrás do outro. Ryan Gosling corre por fora. 

Trilha sonora de La La Land e “City of Stars”, música do mesmo filme – No ano que um musical desponta como o favorito, a trilha e a canção favoritas poderiam ser de outro filme? Não. Estas parecem ser vitórias certas no Oscar. Que eu não queime a língua. 

Vitórias do Rei Salomão (aquele que mandou dividir a criança em duas para agradar as duas mães / ou seja: onde tudo parece aberto):

La La Land / Roteiro – O Globo de Ouro não divide os roteiros em originais e adaptados. Numa contenda com “Manchester à Beira-Mar” (Kenneth Lonergan / Original), Moonlight (Barry Jenkins / Adaptado), “A Qualquer Custo” (Taylor Sheridan / Original) e “Animais Noturnos” (Tom Ford / Adaptado), deu “La La Land” (Damien Chazelle / Original). Na temporada de premiações, a disputa tem sido cabeça a cabeça com os dois primeiros, com Manchester levando uma ligeira vantagem no número de vitórias. Com a divisão, no Oscar, sua disputará será com o próprio “Manchester à Beira-Mar” e “A Qualquer Custo”. Talvez por achar bom demais o texto de Lonergan, que já foi indicado duas vezes ao Oscar, acredito que esteja disputa está aberta. Já Jenkins viu suas chances aumentarem ao ter seu roteiro  classificado como adaptado, anteriormente ele estava concorrendo como original, mas terá que duelar com “A Chegada” (Eric Heisserer). 

La La Land / Filme – O dilema: dizem que filmes de drama levam vantagem no Oscar e que costumam ter mais premiações no Globo de Ouro. La La Land começou a subverter esta lógica. Além disto, em 2012 e 2015, “O Artista”, vencedor do Globo de Ouro de Comédia / Musical, e “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, que disputou esta categoria e perdeu para “O Grande Hotel Budapeste”, levaram o Oscar. Assim, “La La Land: Cantando Estações” parece  ser o favorito, mas “Moonlight”, vencedor entre os dramas, levou a maior número  de prêmios de melhor filme na temporada até aqui. Há, ainda, Silêncio, do mestre Martin Scorsese (quem viu disse que o filme é uma obra de arte). Sem aparecer em nenhuma premiação até agora, ele pode ser o Sniper Americano da vez e ser indicado ao Oscar. E se for, quem duvidaria de uma vitória sua? “Manchester à Beira-Mar” corre por fora.

Agora, é aguardar o PGA Awards, a premiação do Sindicato dos Produtores da América, considerado o maior balizador na disputa de melhor filme. O anúncio dos indicados ocorre nesta terça (10/01).

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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