Blah Entrevista | Miriam Chnaiderman, roteirista do filme De ‘Gravata e Unha Vermelha’

Anna Cecilia Fontoura

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4 de maio de 2015

Estreia, na próxima quinta-feira (07/05), o filme De Gravata e Unha Vermelha. O documentário (ganhador do Prêmio Felix e exibido no Festival do Rio 2014) trata das questões de identidade e sexualidade através do olhar de transgêneros e crossdressers (pessoas que se vestem com roupas do sexo oposto). Laerte, Rogéria, Ney Matogrosso, Leticia Lanz, o estilista e diretor de arte do documentário Dudu Bertholini, entre outros, integram o elenco. O BLAH CULTURAL conversou com a psicanalista e roteirista Miriam Chnaiderman .

Blah Cultural – O que motivou você a realizar um documentário sobre transgêneros e crossdressers?
Miriam Chnaiderman – Na verdade não é um documentário sobre transgenêros e crossdressers. É sobre pessoas que foram buscar sua própria vida. Fiquei encantada com a entrevista que fiz com Laerte há alguns anos. Achei interessante. Seguir seu desejo, que não é obediente, e passa por caminhos tortos.

BC – Você é psicanalista, mas desde os anos 90 faz filmes. Como você se descobriu roteirista de cinema?
MC- Escrever me encanta. Já escrevi na Folha Ilustrada. Sempre escrevi sobre cinema. Em 1982, fui procurada para escrever um roteiro de ficção e ai fiquei encantada. Em 1994, fui roteirista do filme ‘Dizem que sou louco’ e depois ‘Artesão dos Morte’.

BC – O filme traz um elenco muito diversificado. Parece ter sido criteriosamente selecionado. Conte um pouco sobre essa escolha e como foi trabalhar com eles.
MC – Primeiro entrevistei Laerte. Foi muito receptiva. Depois conheci Dudu Bertholini na padaria. Vestido daquele jeito ele me chamou a atenção e ai entrou no projeto. Ele tinha acesso a Rogeria, Ney Matogrosso. Tem muita coisa interessante nesse mundo. Fiquei encantada. São figuras muito tocantes que se dispuseram a participar do filme sobre questionamento de gênero.

BC – Qual foi a maior mensagem que você quis passar para o espectador com ‘De Gravata e Unha Vermelha’?
MC- Defender a luta pela diferença, de se poder viver a sexualidade como quiser. Desejo não passa por categoria de homem ou mulher. O desejo é rebelde.

BC – O documentário, exibido no Festival do Rio, foi reconhecido como prêmio Felix. Na próxima quinta (07/05) entra em cartaz nos cinemas. Qual a expectativa quanto a receptividade do público?
MC – Agora é a hora do vamos ver! Estou feliz que o documentário vai ser lançado para o grande público. Ainda mais nesse momento que o Brasil está passando por um momento de quebra do conservadorismo. O filme tem a função importante de mostrar quem tem o desejo e corre atrás, de ser libertário.

BC – Já tem novo filme em mente? Quais seus novos projetos?
MC – Estou trabalhando no curta sobre a Clínica dos Testemunhos, da Comissão da Anistia, do Ministério da Justiça. Em São Paulo, Porto Alegre e Recife, o filme mostra os sequelados da ditadura. Fala de testemunhos de coisas que não cabem na palavra. A previsão é de sair no segundo semestre, lá para novembro.

Anna Cecilia Fontoura

Jornalista graduada pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduada pela Universidade Cândido Mendes. Além de jornalista cultural, é redatora freelancer. Escrever é sua verdadeira paixão! Se considera uma pessoa determinada e criativa, porém um pouquinho sonhadora...
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