Crítica de Filme | Caminho de volta

Leandro Stenlånd

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11 de novembro de 2015

”Caminho de Volta” é um filme documentário brasileiro que propõe analisar relações afetivas e culturais de brasileiros morando no exterior.

Dirigido entre a parceria de José Joffily e Pedro Rossi, o filme percorre sensações ambíguas de dois diferentes personagens na história: um deles é André, um reconhecido fotógrafo de Londres que passa por dificuldades junto ao país em que mora devido a instabilidade econômica presente na Europa, e a outra é Maria do Socorro, uma idosa que decide ir morar com seu filho solteiro em Nova York, que almeja ser reconhecido como cidadão americano e alcançar o famigerado ”sonho americano”, que muitos falam e não vivem.

E diante de uma ideia simples mas muito bem executada o filme se cria: não há informações além destas ditas aqui, durante o percorrer da obra, o telespectador, por meio de uma ótima fotografia e uma direção que decide não expor demais, descobre e contextualiza com sua própia percepção os fatos apresentados.

Não há narração, explicações, ou um enredo fechado dizendo ”o filme esta se seguindo para tal caminho”, se tornando totalmente previsível, pelo contrário, vemos as diversas dicotomias das personagens, suas questões sobre pertencerem ou não à tal lugar, como por exemplo o fato da mãe e filho apresentados não falarem a língua nativa mesmo depois de mais de vinte anos no local.

A sugestão do filme impressiona, não é comum um documentário que se preocupe tanto com a beleza das imagens, alias, sendo bom ou ruim, você esquece de que é um (documentário), e certas cenas parecem totalmente armadas de tão bem feitas, como a do ‘poster’ de divulgação do filme, do qual pai e filho brincam e se unem, e um avião rasga o céu perfeitamente enquadrado, remetendo ao título da película, algo que eles tentam alcançar mas passam por dificuldades em obter.

caminho post

Além disso, a obra nos dá uma pitada de crítica social, mas não indo muito à fundo, como em pequenos diálogos sobre as crises dos países, ou rápidas cenas em que falam sobre o Brasil, e nesta junção de ideias, o filme se torna sentimental e sociológico, pois percorre a vida das pessoas que buscam sua identidade ao mesmo tempo que nos coloca à par de breves assuntos políticos e sociais.

Com uma direção que sabe o que quer, o filme ao mesmo tempo que é direto, consegue nos presentear com diversas metáforas e planos que contam a história de modo do qual somente o atento cinéfilo capta, criando um longa que consegue ser acima da média em todos os seus aspectos.


Gênero: Documentário
Direção: José Joffily, Pedro Rossi
Roteiro: José Joffily, Pedro Rossi
Produção: Isabel Joffily
Fotografia: José Joffily, Pedro Rossi
Montador: Jordana Berg
Duração: 80 min.
Ano: 2015
País: Brasil
 

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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