‘Casamento Sangrento’ | CRÍTICA
Fernando Coutinho
|10 de março de 2020
Sendo anunciado com os títulos de “O Ritual” e Casamento Sangrento, Ready ou Not (Pronto ou Não, em tradução direta) é um filme de terror, mas que consegue transcender os clichês desse filão.
A trama
O enredo nos conta a história de Grace, no dia de seu casamento com o herdeiro de uma família milionária que construiu um império com a produção de jogos de tabuleiro.
A família possui uma tradição que é sempre seguida à risca: de noite, após a cerimônia do casamento, cada novo membro da família deve passar por uma partida de um jogo que será “escolhido aleatoriamente” por uma espécie de caixa-segredo que está na família a gerações.
Grace, genuinamente disposta a agradar a família e ser bem recebida na mesma, retira uma carta da caixa: Hide and Seek – a nossa tradicional brincadeira de esconde-esconde (ou pique-esconde) – e, apesar de estranhar a situação, vai se esconder participando da brincadeira.
O que ela logo irá descobrir é que a brincadeira não tem nada de inocente. A carta Hide and Seek é considerada a carta do mal pela família, e o “esconde-esconde”, nesse caso, é uma verdadeira caçada fatal com uso de armas diversas e da ajuda dos serviçais da mansão, onde tudo é permitido para assassiná-la antes do amanhecer.
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Ótimos protagonistas
Até aí, apesar de alguns elementos diferentes, Casamento Sangrento seria um filme de terror comum, com situações de susto, gore, humor negro, mortes etc. Mas alguns pontos fazem toda a diferença, como a construção (e a interpretação) de alguns personagens.
Podemos destacar, nesse caso, a própria protagonista Grace (Samara Weaving), que consegue ir além da superficialidade e “unidimensionalidade” de uma simples final girl; o cunhado bebum Daniel (Adam Brody), o único que demonstra consciência diante da tradição, mesmo sendo fraco para ir contra ela; bem como a sogra (Andie MacDowell), que parece realmente gostar e criar um vínculo com Grace, mas coloca a tradição e a família acima disso.
Os demais personagens do filme Casamento Sangrento são mais caricatos (o mordomo fiel à família, a cunhada gananciosa, a irmã doida e atrapalhada, o cunhado gordo bobão e medroso, a tia má, o patriarca poderoso e etc), mas bem utilizados e dosados, contribuindo ao invés de atrapalhar a história.
Terror acima da média
Outros pontos interessantes são a leve crítica social sobre os “ricos podem tudo”, assim como a construção do filme como um todo, que consegue misturar muito bem as situações bizarras, o gore, os conflitos entre os familiares e até uma pitada de sobrenatural, ao ponto de nos dar a impressão várias vezes de não se levar muito a sério. Mas, ainda assim, manter certa “seriedade” e (quase) verossimilhança.
Em suma, Casamento Sangrento é um filme acima da média entre as produções de terror. Divertido e capaz de prender a atenção sem grandes impactos, passando rápido mesmo com a duração de pouco mais de 1h30. Vale a pena conferir, mesmo para quem não é exatamente fã do gênero.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Ready or Not
Direção: Matt Bettinelli-Olpin, Tyler Gillett
Elenco: Samara Weaving, Andie MacDowell, Mark O’Brien, Adam Brody, Henry Czerny, Nicky Guadagni, Melanie Scrofano, Kristian Bruun, Elyse Levesque, John Ralston, Liam MacDonald, Daniela Barbosa, Celine Tsai, Hanneke Talbot, Ethan Tavares, Chase Churchill, Etienne Kellici, Nat Faxon
Distribuição: Fox
Data de estreia: –
País: Estados Unidos
Gênero: comédia, terror
Ano de produção: 2019
Duração: 95 minutos
Classificação: 16 anos
Fernando Coutinho
Profissional e professor de TI, é nerd desde antes do termo virar moda e da Internet ganhar o mundo. Antenado em tecnologia, literatura, filosofia, quadrinhos, filmes, séries, fotografia e boa música. Acredita que A Verdade Está Lá Fora e ao mesmo tempo dentro de cada um.
