Como começar a ler quadrinhos | Episódio 2: DC - a editora das lendas

Como começar a ler quadrinhos | Episódio 2: DC – a editora das lendas

Pedro Marco

|

15 de maio de 2018

Detective Comics ou apenas DC para os íntimos. A editora que, não é a mais antiga, mas que lançou o primeiro super-herói do mundo.

A editora das lendas e casa dos melhores super-heróis do mundo, apresenta nessas décadas uma cronologia bastante diferente da Marvel. Se na concorrente tínhamos histórias completamente ligadas e dependentes, a DC costumeiramente investia em graphic novels isoladas, com tramas fechadas. Isso fez com a que a Distinta Concorrência investisse em alguns “reboots” durante sua trajetória.

Reboots

Basicamente, a cada certo espaço de tempo, a editora via que estavam chegando novos leitores, que a cronologia estava uma zona (acrescido das confusões com as 52 terras paralelas) e, então, reiniciava os heróis. As origens eram atualizadas para a geração vigente, com os visuais adaptados. Assim surgiram os quatro períodos da DC.

Leia mais sobre QUADRINHOS

– Pré-Crise (era de ouro e prata, onde os heróis foram criados. Em breve discutiremos melhor estas eras num post separado);

– Pós-Crise (após o mega-evento intitulado “Crise nas Infinitas Terras”, os heróis foram reiniciados pela primeira vez, criando a DC mais conhecida e identificável no gosto popular);

Como começar a ler quadrinhos | Episódio 1: MARVEL – Vingadores

– Novos 52 (Durante anos a DC tentou fazer um novo reboot, 30 anos depois, mas só conseguiu em 2011 após a saga Ponto de Ignição. Isso trouxe uma roupagem nova aos heróis, que não agradou tanto os fãs. Esta iniciativa, porém, durou poucos anos, até findar pelo clamor do retorno daquele clima mais esperançoso e heroico);

– Renascimento (atual período da DC, apresenta o resgate do clássico aos heróis, além de desenvolver a introdução de Watchmen na cronologia dos heróis).

Guia de leitura | ‘Vingadores: Guerra Infinita’ – THANOS

Agora que já conhecemos melhor os termos, vamos ao que interessa. Não falaremos aqui dos selos alternativos da DC, como a Vertigo, pois também cabem uma matéria exclusiva e separada.

Superman – O Homem de Aço / Origem Secreta

O grande escoteiro de capa vermelha coleciona em seu currículo cerca de 10 origens, que são ou foram canônicas. Isso abre um leque para começar a ler o azulão de várias formas. Dentre elas, acabei separando duas pelo motivo de ter uma continuidade direta para ser acompanhada após a leitura.

A primeira, é a origem do Superman Pós-Crise: O Homem de Aço, publicada originalmente em “Man of Steel” #1  a #6. No final dos anos 80, um time de elite de autores e desenhistas foram reunidos para recriar pela primeira vez, a aurora dos heróis lendários.

E, para cuidar de Clark Kent, a DC escalou o grande John Byrne. O icônico autor e desenhista ficou alguns anos à frente da revista do herói sob a difícil responsabilidade de substituir Curt Swan após a crise. Em seus arcos, ele deixou o Superman menos “apelão”, com poderes controlados e uma mitologia bem amarrada. Um excelente ponto de partida para fãs do azulão, que podem ir emendando até a fase de Dan Jurgens e companhia.

Como começar a ler quadrinhos DC Superman O Homem de Aço

No Brasil, esta fase encontra-se esgotada (apesar de prometida). Apenas o primeiro arco de 6 edições saiu pela coleção de graphic novels da Eaglemoss. Portanto, separei uma alternativa para os mais apressados.

Origem mais moderna

Origem Secreta, de Geoff Johns e Gary Frank. Uma origem um pouco mais moderna do herói foi contada por este que, ainda hoje, é considerado um dos melhores autores a passar pelo personagem. Sua estadia sobre o S de Kripton conta com parcerias de Richard Donner (diretor do filme de 1978) e um artista que emocionou vários leitores quando começou a desenhar o herói com o rosto de Christopher Reeves (interprete do herói no filme supracitado). Johns e Frank, além de atualizarem de forma justa e bem feita esta origem clássica, deram sequência nos arcos Brainiac e Legião de Super-heróis, deixando uma boa coletânea para os fãs novatos ou até mais clássicos.

As revistas foram lançadas em capa dura pela editora Panini Comics e, com exceção de Legião, relançadas na coleção da Eaglemoss.

Como começar a ler quadrinhos DC Origem Secreta

Mulher-Maravilha: Deuses e Mortais

Se você é um frequentador assíduo de bancas ou Comic Shops, com certeza viu esta publicação em algum momento. O arco icônico de George Pérez (roteiro e arte) foi lançada na coleção de graphic novels da Eaglemoss e pela Panini na coleção Biblioteca Histórica, e também na coleção Lendas do Universo DC. No entanto, somente neste último tivemos continuidade a esta saga épica, lançada completa em 4 volumes.

A origem e primeiros anos da Amazona pelas mãos inacreditáveis de George Pérez definiu a personagem como nunca, mudando até mesmo algumas formas de se fazer quadrinhos. Numa história extremamente atual ainda hoje, esta origem Pós-Crise da Embaixadora da Justiça é um pedido obrigatório para os fãs da nona arte e, principalmente, da personagem.

Como começar a ler quadrinhos DC Mulher-Maravilha Deuses e Mortais

Batman – Ano Um

O grande Cavaleiro das Trevas também reúne versões de sua origem. Nada de mudanças muito drásticas entre as mesmas, mas se tem uma que se destaca com louvores é a versão Pós-crise do personagem, pelas mãos de Frank Miller.

Ano Um é a versão definitiva dos primeiros momentos de Bruce Wayne como o vigilante sombrio, sendo considerada uma das 10 maiores HQs de todos os tempos pelo IGN. A obra mega aclamada acompanha o morcegão junto ao comissário Gordon numa Gotham suja e que influenciou tudo o que viria pela frente na mitologia do personagem.

Como começar a ler quadrinhos DC Batman Ano Um

Um porém desta citação, entre as semelhantes anteriores, é que o Batman não foi totalmente reiniciado após a crise. Sua origem foi recontada “à parte” e, logo depois, retornamos para a cronologia normal do herói, imediatamente recrutando seu novo Robin. Para leitores novos, a sequência mais adequada (e de fácil acesso em terras tupiniquins) seriam os arcos de Jeph Loeb à frente do personagem. Vitória Sombria, Silêncio e Longo Dia das Bruxas acompanham o morcego ainda falho e inexperiente, seguindo seus primeiros passos na carreira.

Lanterna Verde – Amanhecer Esmeralda / Origem secreta

Aqui vamos para mais uma dupla citação. Um panorama breve que deve ser explorado para os leitores iniciantes de Lanterna Verde é que Hal Jordan não foi o primeiro terráqueo a empunhar o anel. Alan Scott havia surgido na Era de Ouro, mas acabou sendo abandonado na cronologia (voltando ocasionalmente em participações especiais), dando lugar a Hal Jordan. O mesmo aconteceu com Flash e sua troca de Jay Garrick (chamado no Brasil de Joel Ciclone) para Barry Allen. Esta reformulação de ambos foi o estopim para o início da Era de Prata, a era dos novos heróis.

Mas nesta ousada roupagem não tínhamos ainda uma origem bem definida para o grande patrulheiro galáctico. Foi então que após a Crise nas Infinitas Terras (vai vendo o quão importante e marcante é este período) surge o Amanhecer Esmeralda.

História não foi reiniciada

Dividida em duas partes, a história segue a ascensão de Hal Jordan como Lanterna e seu treinamento com o misterioso Sinestro (que mais tarde viria a ser seu algoz). Mesmo para quem conhece bem os personagens, a origem traz gratas surpresas e uma trama instigante. Assim como Batman, o Lanterna também não foi reiniciado, seguindo assim a história de onde parou antes da Crise assim que a origem foi atualizada. Infelizmente, esta história, assim como suas sequências diretas, carecem de republicação. Portanto, vamos a um bônus mais atual.

Como começar a ler quadrinhos DC Amanhecer Esmeralda

Pouco após a origem Pós-Crise, Hal Jordan acabou tornando-se um grande vilão da DC, deixando o manto de Patrulheiro Esmeralda para Kyle Rayner. Hal acabou se sacrificando no arco Noite Final, até que, nos anos 2000, Geoff Johns o trouxe de volta. E, para tal, uma nova origem precisava ser contada. Surgia então outra Origem Secreta. Desta vez do Lanterna Verde.

Seguindo os moldes da do azulão, a origem atualizada do Lanterna aposta na arte incrível, agora de Ivan Reis, e cuida para inserir elementos da mitologia na origem do personagem. Uma trama maior que seria construída pelo próprio Johns nos anos seguintes, fechando melhor a trajetória do herói. No entanto, para quem não conhece completamente seu histórico, pode ficar meio perdido ao fim da saga, que não aborda o final de suas primeiras desavenças com Sinestro. Ainda assim, é uma ótima origem.

Flash – Nascido para Correr

Advinha de quando é esta origem? Mil lelecos para quem chutou “Pós-Crise”. A grande consequência da mega saga para os heróis mais clássicos, sem dúvidas, foi a morte de Barry Allen. Assim, ficava a cargo de Mark Waid revitalizar o herói, agora com uma nova identidade secreta.

É admirável como a trajetória de Flash e Lanterna se confundem em suas semelhanças. Ambos criados na Era de Ouro, mudaram completamente no final dos anos 50, e agora viriam a mudar mais uma vez no Pós-Crise. Se no lado verde tínhamos Kyle como o Lanterna definitivo daqueles que cresceram nos anos 90, do lado vermelho, Wally West abraçava a força de aceleração para salvar Central City.

Diferentes origens

Inicialmente conhecido como Kid Flash, o herói adquire os poderes daquele de quem tanto admira e começa a seguir os passos do velocista em uma trajetória única e duradoura. Nascido para Correr é o ponto de largada ideal para aqueles que querem saber mais desse Flash mais brincalhão, jovem e despojado. A história traz sua origem junto ao Barry, ainda vivo, e segue até o momento propício para ingressar na cronologia.

Agora, se for do interesse conhecer o Barry Allen e ninguém mais, deve-se seguir as publicações dos Novos 52. A trajetória de Barry da origem até o Renascimento estão compilados nos encadernados do herói lançados pela Panini Comics. Já Nascido para Correr, encontra-se na coleção Eaglemoss junto com outros encadernados desta fase icônica de Mark Waid.

Aquaman – As Profundezas

Não. Esta não é a origem Pós-Crise do herói. Mas não vamos deixar de mencionar que a trajetória do Rei dos Mares pelas mãos de Peter David foi sim excelente. Porém, extremamente difícil de achar por aqui.

Então, vamos àquela que talvez tenha sido uma das surpresas mais gratas da iniciativa Novos 52. O Aquaman de Geoff Johns (já pode pedir música: três indicações mostrando que o cara é bom nessa de origens) e do brasileiro Ivan Reis.

Com uma abordagem mais cômica, tratando o herói como um rei que sofre com piadas por sua condição aquática, a trajetória de Johns na revista é um deleite para fãs antigos e novos. Com tramas políticas, participações da Liga e uma arte fenomenal, a origem definitiva do herói se encontra em três encadernados fechados, da editora Panini Comics, além de um quarto com o crossover Liga da Justiça: Trono de Atlantis. Obrigatório para quem acha que ele é só um cara que fala com peixes.

Liga da Justiça – Origem

Tudo bem. Então você leu ali essas seis origens separadas. Teve o vislumbre de um ou outro herói interagindo, e agora quer vê-los juntos em uma apoteose única. É onde começa a treta.

Assim como o bandeiroso de Kripton, a equipe dos Melhores Heróis do Mundo tem inúmeras versões da primeira vez em que se juntaram. Mark Waid contou o evento em Ano Um, respeitando a versão de que a equipe foi criada por Flash, Aquaman, Lanterna Verde, Canário Negro e Caçador de Marte. Mas sabemos que não é isso que você quer. Quer ver a Trindade. Os sete imbatíveis. E nisso, se encaixa também a versão dos Novos 52 da super equipe.

Origem por Geoff Johns

Origem, escrita por um tal de… Geoff Johns. Mostra separadamente o primeiro encontro de cada qual com seus companheiros, enfrentando a ameaça iminente de Darkseid e formando a eterna Liga. Um prato cheio para quem acabou de sair do filme e quer entender mais as tramas malucas de Apokolips.

Alguns resenhistas torcem bastante o nariz para a publicação. Mas o argumento geralmente está atrelado a ser algo clichê, genérico e sem muitas novidades. O que é muito bom para leitores iniciantes. Se você já for macaco velho na nona arte, no entanto, pode cair de cabeça na Nova Ordem Mundial, o início da fase de Grant Morrison na equipe. Apesar de não ser a origem do grupo, é também outra ótima porta de entrada.

Shazam – Com uma Palavra Mágica

É lei que a Liga da Justiça tem sua base formada por sete integrantes. Além dos seis fixos apresentados acima, a última vaga fica rotativa entre Caçador de Marte, Cyborg, Homem Borracha… Mas quem começou a ler Liga da Justiça nos Novos 52 pôde acompanhar uma origem atualizada, daquele que já bateu de frente com o Superman.

Shazam. O antigo Marvel (longa história) está com seu filme se aproximando e nada melhor do que adquirir aquela que provavelmente será a base do longa. O encadernado da Panini compila toda essa primeira aventura de Billy Batson se tornando um herói imbatível, em uma  história divertidíssima e com a arte incomparável de Gary Frank.

Ah, não contei a novidade? A revista é escrita por Geoff Johns.

Como começar a ler quadrinhos DC Shazam

Então é isto galera. Tomei o cuidado de mesclar clássicos com modernos da DC, mas sem causar uma confusão para você, leitor iniciante. Não há ordem de leitura, já que em sua maioria são sagas fechadas. E daqui a 15 dias nos vemos com o guia de como começar a ler Vertigo. E não se esqueça de voltar semana que vem para a parte 2 do guia de leitura da MARVEL. Agora com Homem-Aranha, Wolverine, Justiceiro e muitos outros.

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman