CRÍTICA | ‘Acrimônia’ é que nem Denorex: parece, mas não é!

Paulo Cardoso Jr.

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8 de agosto de 2018

Já nos primeiros cinco minutos percebemos que Acrimônia – Ela quer Vingança (Acrimony) é daqueles contados em flashback. Particularmente, gosto desse tipo de filme, há exemplos tanto dos que deram certo, quanto dos que deram errado, mas é mais fácil que alguma coisa saia errada por várias razões, ou seja, pode ser que haja furos no roteiro, ou alguma atuação mediana para ruim, ou previsível demais, ou sem sentido. Aposto que deve estar se perguntando: “Afinal, é bom ou ruim?”. Lamento dizer que é ruim e por todos esses motivos enumerados anteriormente.

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Tudo começa com uma mulher de meia idade narrando sua história para uma psiquiatra. Seu nome é Melinda (Taraji P. Henson / Ajiona Alexus) e, quando jovem, perto de se formar na faculdade, ela conhece um rapaz charmoso e de boa lábia chamado Robert Gayle (Lyriq Bent / Antonio Madison). Não muito tempo depois sua mãe morre e a deixa de herança a casa, onde cresceu ela e suas duas irmãs, e 350 mil dólares. Coincidência ou não, logo em seguida, o que era somente uma paquera passa a ser um amor ardente capaz de desafiar todas as desconfianças por parte da família da Melinda.

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Robert até poderia parecer um malandro como outro qualquer, mas era um jovem brilhante e promissor, cursava a mesma faculdade de Melinda, tinha uma bolsa integral de estudos e era dono de um projeto que, caso viesse a dar certo, poderia render milhões de dólares. Robert não poupava promessas e sempre dizia que compraria um apartamento luxuoso, joias e até iates para a sua amada, já Melinda acreditava tanto no que ele dizia que, ano após ano, foi financiando sua pesquisa, seus estudos, deu casa, comida e, com o passar dos anos, deu também toda sua juventude e vontade de viver. Cedendo à pressão da família, depois de anos ouvindo que o marido era um malandro sonhador e de perder toda a sua herança e sua casa, Melinda coloca Robert na rua e volta para casa de uma das irmãs.

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É nesse momento, caro leitor, que há uma ruptura na história. Robert, que todos acham se tratar de um malandro aproveitador, tem seu projeto reconhecido e avaliado em 300 milhões de dólares. De acordo com o dicionário, acrimônia significa “aspereza e severidade”. Tenho certeza de que já tenha conhecido pessoas amarguradas na vida, mas não como Melinda. Lembra que lá no início disse que o filme pecava em vários aspectos e que ele era ruim? O diretor Tyler Perry pega uma ótima ideia e tenta transformar num suspense desnecessário e criar brechas e tramas mirabolantes onde não há.

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Entre mortos e feridos salvou-se muito pouca coisa de uma história que é uma mistura (para ruim) de “Dormindo com o Inimigo” (1991), estrelado por Julia Roberts, com “À Procura da Felicidade” (2006), com Will Smith. A impressão que dá é que Tyler Perry escreveu a trama toda sem pensar no final. Os últimos 10 minutos de Acrimônia são tão loucos e com furos tão absurdos, que tudo isso só seria plausível se no início dos créditos estivesse escrito: “Baseado em fatos reais”. Só que, infelizmente, não está.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Acrimony
Direção: Tyler Perry
Elenco: Taraji. P. Henson, Danielle Nicolet, Jazmyn Simon
Distribuição: Paris
Data de estreia: qui, 09/08/18
País: Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Classificação: 16 anos

Paulo Cardoso Jr.

Jornalista formado pela PUC-RJ e Pós Graduação em "Comunicação com o Mercado" pela ESPM-RJ.
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