CRÍTICA | ‘As Herdeiras’ retrata de forma sensível e envolvente as dificuldades financeiras de um casal na terceira idade
Bia Merces
|30 de agosto de 2018
Coprodução entre Paraguai, Alemanha, Brasil, Uruguai, Noruega e França, o longa As Herdeiras (Las Herederas) conta a história de duas senhoras, que formam um casal homossexual, e herdaram uma boa herança de suas respectivas famílias.
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Chela, interpretada pela atriz Ana Brun – que desempenha excelente e comovente atuação – possui personalidade mais introvertida e, por vezes, expressa certa melancolia e tristeza. Ela costuma se isolar por horas para pintar quadros ao som de músicas clássicas. Chiquita, ao contrário, é cheia de atitude e vivacidade. Essa personalidade é claramente demonstrada pela atriz Margarita Irún, que interpreta o papel com leveza, mesmo após a prisão da sua personagem. É justamente esse jeito “carpe diem” de “Chiqui” que faz o casal se afundar em dívidas.
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Denunciada por credores, Chiquita é imediatamente detida. Isso a obriga a se afastar de sua companheira, que se vê perdida ao ter que administrar a casa que vivem e os bens que foram postos à venda. Ao se deparar com a nova e conturbada realidade, Chela desiste de vender o carro que possuem e passa a trabalhar como motorista, oferecendo seu serviço especialmente para senhoras da alta classe.
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Como Albert Einstein afirmava “em meio à dificuldade, encontra-se a oportunidade”, em uma das viagens a trabalho, ela conhece a jovem Angy, interpretada pela charmosa e sedutora Ana Ivanova, que provoca uma verdadeira transformação na sua forma de enxergar a vida. Chela, ao redescobrir a paixão, recupera sua autoestima e alegria.
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Merecidamente premiado com o Urso de Prata no Festival de Berlim 2018, As Herdeiras aborda de forma sutil e emocionante a dependência emocional e o quanto alguns relacionamentos podem se tornar tóxicos para parceiros mais introspectivos, submissos e sensíveis. A obra vai além da história que se propõe a contar. Ela fala nas entrelinhas da importância da responsabilidade emocional que, quando negligenciada, transforma o amor em prisão. A fotografia e cenografia, com cores densas e muitos jogos de luz e sombra, dão a profundidade que o roteiro pede, tornando o drama realmente marcante e envolvente.
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::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Las Herederas
Direção: Marcelo Martineri
Elenco: Ana Brun, Margarita Irún, Ana Ivanova
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 30/08/18
País: Paraguai, Alemanha, Brasil, Uruguai, Noruega, França
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Duração: 95 minutos
Classificação: 12 anos
Bia Merces
Beatriz Merces, ou simplesmente Bia Merces, é uma amante da sétima arte e de todas as formas possíveis de cultura. Fã de obras que não só entretenham, mas que façam pensar, gosta de prestar atenção em histórias e “cores que nem sabe o nome”. Se sente uma espécie de Zé Wilker de saia quando escreve sobre filmes. Formada em jornalismo, já trabalhou como produtora de conteúdo em rádio. É também fotógrafa, por hobby, e fascinada por tudo que a comunicação pode lhe proporcionar!
