Marvel Studios' CAPTAIN MARVEL..Captain Marvel (Brie Larson) ..Photo: Film Frame..©Marvel Studios 2019

CRÍTICA | ‘Capitã Marvel’

Cadu Costa

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7 de março de 2019

Seria mentira se disséssemos que o filme mais esperado do ano estreia nesta quinta-feira. Mas, sem sombra de dúvidas, não é exagero afirmar que Capitã Marvel (Captain Marvel) é um sopro poderoso de representatividade e que a heroína irá brigar lado a lado com os grandes super-heróis do cinema. Neste artigo, você saberá TUDO que precisa saber sobre o grande lançamento do mês.

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Muito do possível sucesso do longa se deve a todos os envolvidos. O chefão da Marvel Studios, Kevin Feige, por exemplo, soube escolher a melhor heroína para esse novo momento do MCU.

“Capitã Marvel será, de longe, a mais poderosa heroína no Universo Cinematográfico da Marvel, ela será fiel a sua contraparte. A história precisa acompanhar a personagem tridimensional e cheia de camadas que é Carol Danvers. Você tem que acompanhá-la e entender todos os pontos do filme, não importa quantos efeitos visuais ele tenha.”

É dele também a escolha do casal de diretores Anna Boden e Ryan Fleck, premiados em festivais, como o de Sundance, com filmes como Half Nelson (2006), onde Ryan Gosling foi indicado ao Oscar, e Sugar (2008).

“Nosso casting é sempre baseado em pessoas que fizeram algo que achamos interessante, em qualquer nível. Nunca contratamos alguém que nunca fez nada, mas o que você encontra em nossa sala é um monte de gente que fez algo interessante. Para nós, o que Anna e Ryan fizeram de forma tão espetacular em todos os seus filmes é que eles criam uma jornada bem singular. As histórias que eles contaram tem sido tão diversas, não importa o assunto, eles sempre mergulham na jornada do personagem.’’

Foto: Disney / Marvel / Divulgação


Exatamente por esse casal de diretores falar a língua da diversidade há tempos podemos acreditar no êxito de Capitã Marvel. A direção a quatro mãos de Boden e Fleck é tão precisa, sua mensagem é tão forte que, em alguns momentos, é possível esquecer se tratar de um filme do MCU. Aliás, nessas duas horas de projeção é possível até mesmo acreditar que o mundo pode vir a ser mais igualitário porque a Capitã Marvel é uma super-heroína poderosa, vibrante e extremamente carismática.
Mas aí, méritos também para Brie Larson. A atriz vencedora do Oscar em 2016 por O Quarto de Jack (2015) é tão múltipla quanto uma artista deste quilate pode ser. É talentosa como cantora, atriz de comédia, drama, ação e também ativista pelos direitos das mulheres. Na boa, não havia nome melhor no momento para interpretar Carol Danvers.
Mas quem é Carol Danvers, a Capitã Marvel? Bom, nos quadrinhos, ela já foi muitas coisas desde Miss Marvel, membra do primeiro escalão dos Vingadores à Binária, participante oficial dos X-Men (?). Isso sem falar que a Segunda Guerra Civil da Marvel estourou por causa dela. Mas contemos um pouco mais de sua origem.

Foto: Disney / Marvel / Divulgação


Nas HQs, antes de ser Capitã Marvel, aos 18 anos, Carol se alista no exército e entra para a Força Aérea dos Estados Unidos. Um belo dia, seu avião se choca com uma nave alienígena Kree e o acidente mistura seu DNA ao material genético daquela raça extraterrestre. Nesse momento, Carol se torna uma híbrida humana-Kree, adquire diversos poderes e passa a ter como mentor o herói conhecido como Capitão Mar-Vell que a treina para lidar com sua força destrutiva. Aqui ela é conhecida como Ms. Marvel e ao longo de sua jornada como heroína, Carol enfrentará tantos inimigos lendários quanto dramas pessoais como abusos e alcoolismo. Adversários esses tão poderosos quanto Thanos de Titã.
No filme, sua origem não chega a ser tão diferente. Ela tem sim seu DNA misturado à raça Kree mas ela é levada por eles para o outro lado da nossa Via Láctea como se fosse uma arma na Guerra Kree-Skrull, o grande mote da aventura. Ela é treinada por Yon-Rogg, personagem de Jude Law, e tem muitos lapsos de memória devido ao acidente que lhe deu habilidades e seus traumas de infância onde lutou contra o machismo e o sexismo de seus colegas e até mesmo seu pai.
E os poderes da Capitã Marvel? Bom, vamos lá: superforte, resistente à maioria das toxinas e venenos, pode voar, ultrapassando a velocidade do som e tem a capacidade de absorver e manipular energia, a ponto de produzir explosões fotônicas, ou, na contramão, criar quantidades de antimatéria equivalentes a buracos negros. Com o poder de explodir até mesmo estrelas, Carol Danvers, que no planeta Kree, só atende pelo nome de Vers, é praticamente indestrutível.

Foto: Disney / Marvel / Divulgação


Mas, como ainda tem que se conter por ser acreditada não dominar tamanha força, tudo dá errado em uma missão e Vers vem parar na Terra. Aí, Capitã Marvel embarca na gostosa nostalgia dos anos 90, quando aparecem o maravilhoso Nick Fury, de Samuel L. ‘Muthafuckin’ Jackson, e o agente Coulson, de Clark Gregg, aqui retratado como um novato, quase um estagiário na S.H.I.E.L.D..
A química de parceiros policiais de Brie com Samuel L Jackson é tão divertida e seu relacionamento com a amiga Maria Rambeau (Lashana Lynch) é tão emocionante para o coração da história que guarda até mesmo uma curiosidade: Carol é, também, uma das melhores amigas de Jessica Jones, e deveria aparecer no seriado da personagem, produzido pela Netflix, não fosse o fato de ter ganho um filme solo. Mas Jessica e Netflix perderam suas chances pois Lashana faz um trabalho incrível com sua filha Mônica Rambeau (Akira Akbar) e são o elo emocional com o passado de Carol. Some a isso, a trilha sonora dos anos 90 com direito a clássicos do Nirvana e a protagonista vestida com camisa de Guns’N Roses e Nine Inch Nails, e temos motivos suficientes para irmos nos entreter na sala escura. Destaque também para as roubadas de cena de Ben Mendelsohn, o líder Skrull Talos.

Foto: Disney / Marvel / Divulgação

A PARTIR DAQUI, O TEXTO CONTÉM SPOILERS

Focando na parte dramática, se Nick  Fury pode ser considerado responsável por ajudar Vers a descobrir sua conexão com seu passado e seu velho mundo, é Talos quem garante a grande virada da história e onde enxergamos o real inimigo. Vale lembrar também que é aqui onde vemos como o Tesseract ressurge após desaparecer em Capitão América: O Primeiro Vingador (2011).  Ele não estava em Os Vingadores (2012) por acaso. Ah, e como podemos esquecer o gatinho alienígena Goose? O bichano mais fofo do MCU é justamente o responsável por guardar o artefato e também por um certo tapa-olho.
Capitã Marvel, como um todo, passeia por ação implacável e humor impagável. Destaque para as cenas das lutas finais e tudo que remete aos anos 90 desde a internet discada às locadoras Blockbusters. Mas, justamente pelo toque social dos diretores Anna Boden e Ryan Fleck, somados ao forte ativismo da atriz Brie Larson, o longa passa uma mensagem de empoderamento feminino como nunca visto antes. Nem mesmo em Mulher-Maravilha (2017).  Não à toa, a Marvel Studios está apostando todas as fichas em Carol Danvers para encostar ou até mesmo superar o resultado da concorrente amazona, que somou mais de U$ 800 milhões em bilheteria.

Foto: Disney / Marvel / Divulgação


A batalha final faz uma junção importante na história da personagem ao revelar todo o poder da Capitã e, para os conhecedores dos quadrinhos, nos lembrar a personagem Binária, versão estelar de Carol Danvers. Mas, num todo, a presença da personagem de Brie Larson apresentada neste filme é tão grandiosa que inspirou o nome do próprio supergrupo da Marvel: Carol ‘Avenger’ Danvers é o nome da piloto num avião antes de tudo acontecer e que faz Nick Fury pensar a respeito da Iniciativa Vingadores. E sem falar do poder da Capitã que poderia destruir até mesmo uma das pedras da manopla de Thanos. A conferir.
O que sabemos mesmo é que sobrou para a heroína a grande responsabilidade de salvar os super-heróis varridos da face da Terra pelo vilão em Vingadores: Guerra Infinita. Duvida? Então vamos dizer agora qual foi a cena que fez a imprensa inteira pirar: a cena pós-créditos. Como geral sabe, após todos sumirem em Guerra Infinita, um Nick Fury também prestes a virar cinzas manda uma pedido de ajuda à Capitã com o auxílio de um bip que foi entregue a ele no filme da Capitã, com ordem expressa de só chamá-la num perigo indescritível e incomparável, mas onde exatamente ela está e o que está fazendo não se sabe. É aí que chega a cena que vai criar a conexão mais F@#&$ desde a a primeira aparição de Nick Fury em Homem de Ferro (2008). Capitão América, Viúva Negra, James Rhodes e Bruce Banner estão ainda debatendo tudo o que aconteceu e não entendem como aquele bip funciona quando ele simplesmente para e então tentam conectar o aparelho novamente. Neste momento, surge a mais poderosa do MCU e pergunta: “Onde está Fury?” Preciso dizer a ovação que foi o cinema no momento?

Foto: Disney / Marvel / Divulgação


Para finalizar (porque está na hora), Capitã Marvel tem uma ótima vibe sci-fi dos anos 90, com um tom diferente de qualquer outro filme da Marvel, de verdade. É retrô e alucinante, misterioso e engajado, além de ser engraçado em lugares surpreendentes e forte nos momentos certos. E continua sendo entretenimento porque está sempre mudando. Acertou em cheio.
Evidente que com tanto discurso social e prestes a ser exibido num mundo tão machista e apegado ao politicamente incorreto como forma de justificar preconceitos e laranjas, Capitã Marvel já está sofrendo nas mãos de haters. Mas, nossa heroína já está preparada para isso. E os sites especializados também, visto o que também aconteceu com Pantera Negra (2018) na época de seu lançamento e hoje nós vemos no que o filme se transformou.
A Capitã Marvel de sua intérprete Brie Larson e seu casal de diretores Anna Boden e Ryan Fleck não precisa provar nada a ninguém. Ela simplesmente é – e sempre foi – a menina teimosa e destemida que tod(x)s gostam de pensar que foram, são ou querem ser. É uma heroína do novo milênio para mostrar a tod(x)s que não creem em representatividade que o mundo mudou. Ou se adaptam ou serão derrotados. Isso já é mais do que suficiente para enfrentar todo o sistema patriarcal e vigente do mundo hoje. E o fato de ser mais poderosa que o Superman também ajuda. O Universo Cinematográfico da Marvel parece muito mais completo agora que a Capitã Marvel faz parte dele. Thanos que se cuide…e os machistas também.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Captain Marvel
Direção: Anna Boden, Ryan Fleck
Elenco: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Ben Mendelsohn, Djimon Hounsou, Lee Pace, Lashana Lynch, Gemma Chan, Annette Bening, Clark Gregg, Jude Law
Distribuição: Disney/Marvel Studios
Data de estreia: qui, 07/03/19
País: Estados Unidos
Duração: 124 minutos
Gênero: Aventura, Comédia, Ação
Ano de produção: 2019
Classificação: 12 anos

Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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