Crítica de Filme | A Incrível História de Adaline

Bruno Giacobbo

|

21 de maio de 2015

Mais conhecida pelo papel de Serena Van der Woodsen, protagonista de “Gossip Girl” (2007 a 2012), série de enorme sucesso na televisão norte-americana e com muitos fãs no Brasil, Blake Lively teve, até hoje, apenas participações menores ou desimportantes em suas incursões cinematográficas – seu trabalho mais famoso foi “Quatro Amigas e um Jeans Viajante” (2005). Bonita, carismática e boa atriz, como atestam os prêmios recebidos por sua interpretação no seriado que lhe deu fama, só agora, dezessete anos depois de seu primeiro filme, ela tem uma chance verdadeiramente real de brilhar. Em A Incrível História de Adaline, Lively dá vida a personagem título, uma mulher pra lá de comum, nascida no início do século passado, em 1908, que após sofrer um acidente de carro para de envelhecer e torna-se imortal. Esta premissa fantasiosa emoldura um dos mais belos romances dramáticos dos últimos tempos.

Dirigido por Lee Toland Krieger, o longa-metragem não dá nenhuma atenção aos principais acontecimentos da chamada “Era dos Extremos”, como o historiador inglês Eric Hobsbawm batizou o século XX. Apesar de Adaline Bowman ter sido uma testemunha ocular privilegiada da história, não é isto o que importa. Os acontecimentos extremos, aqui, são aquelas coisas que preocupam qualquer pessoa: paixões, trabalho ou o que será do futuro dos nossos filhos, claro, tudo influenciado por uma perspectiva de vida infinita. Neste aspecto, o roteiro escrito por J. Mills Goodloe e Salvador Paskowitz é perfeito por abordar estes temas com delicadeza, diálogos deliciosos e bem humorados, intercalados com os dramas da protagonista. Em todo filme, somente uma passagem talvez não tenha muito sentido para o público brasileiro, já que ela faz piada com o baseball, esporte essencialmente ianque – fui o único a rir na cabine de imprensa.

Adaline_2

Amores, alegrias e dramas ganham texturas e colorações vivas, graças às atuações de Blake Lively, Michiel Huisman e Harrison Ford, os dois últimos na pele das duas grades paixões de Adaline. São pessoas com quem os espectadores poderão se identificar facilmente. Parecem reais, em meio à magia da trama. A excelente veterana Ellen Burstyn também está nesta película com um papel semelhante ao que desempenhou em Interestellar (2014). E, mais uma vez, encanta. Igualmente excelente é o trabalho de caracterização da personagem principal à medida que os anos passam. Aos poucos, seu rosto, jeito e figurinos vão mudando, se adequando a cada nova época. Com todas estas características, fica impossível não lembrar de “O Curioso Caso de Benjamim Button” (2008). Existem links, sim, para a alegria dos amantes de uma história bem contada.

Com esta encantadora aura mágica no ar, A Incrível História de Adaline não é apenas romance por romance ou drama por drama. Inverossímil, dirão alguns. Sim. Mas o que é o cinema de ficção senão a mais bela fábrica de ilusões já inventada pelo homem? Se o espectador procura unicamente realidade, que veja um documentário. Há alguns excelentes, em cartaz, pela cidade. Ainda assim, advirto: mesmo documentários estão sujeitos a imaginação de seus entrevistados. Logo, nem tudo ali é verdade. Agora, se a intenção é se desconectar da realidade, sonhar e, ainda que por algumas horas, fingir que vivemos em um mundo onde o bem sempre vence, a verdade é libertadora e o amor o remédio para todos os males da humanidade, eu insisto: não deixe de ver este filme. Preferencialmente de mãos dadas com o amor da sua vida.

Desliguem os celulares, ótima diversão e beijem muito.

FICHA TÉCNICA:

Direção: Lee Toland Krieger
Elenco: Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford, Kathy Baker, Ellen Burstyn, Amanda Crew, Anjali Jay, Richard Harmon, Lynda Boyd, Barclay Hope, Chris William Martin, Lane Edwards e Anthony Ingruber.
Produção: Sidney Kimmel, Gary Lucchesi, Alix Madigan e Tom Rosenberg.
Roteiro: J. Mills Goodloe e Salvador Paskowitz.
Trilha Sonora: Rob Simonsen.
Figurinos: Angus Strathie.
Direção de Fotografia: David Lanzenberg.
Edição: Melissa Kent.
Duração: 110 minutos.
País: Estados Unidos.
Ano: 2015.

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman