Crítica de Filme | Caçadores de Emoção: Além do Limite

Bernardo Moura

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26 de janeiro de 2016

Mexeu com filme exibido no Sessão da Tarde (TV Globo), mexeu comigo. Dirigido por Kathryn Bigelow, Caçadores de Emoção (Point Break), o filme de 1991 que tinha como estrelas Patrick Swayze e Keanu Reeves, marcou gerações. Se não me engano, o filmaço daquela década continua sendo exibido até hoje na TV e é facilmente encontrado na internet. Pensando nisso, os estúdios decidiram homenageá-lo e fizeram um remake (mesma história quase com novos atores). Foi a pior decisão realizada.
O filme de 91 contava a história do mauricinho Johnny Utah (Reeves) que entrava para o FBI e já tinha como missão em pegar uma quadrilha de ladrões especializados de banco em uma cidade litorânea na Califórnia. Para se infiltrar e adquirir hábitos e informações da população local, Utah entra para o mundo do surfe e  tenta equilibrar a vida nas ondas com a vida burocrática e das armas. Neste meio do caminho, ele conhece o seu amor Tyler, interpretada pela atriz Lory Petty, e seu “melhor amigo” de surfe, Bodhi (Swayze). No meio do longa, ele descobre que o seu melhor amigo é o chefe da gangue que tanto procura e deseja colocar atrás das grades.
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Neste filme de 91, apesar de ter o mesmo título que a versão de 2015, vimos que há uma forte sintonia entre os atores e o roteiro. Kathryn opera com uma poesia tamanha o mundo do surfe, o mundo até então pouco conhecido dos surfistas e de suas filosofias. Os personagens parecem estar em um balé clássico e vão envolvendo o espectador entre uma onda e outra. A diretora faz com que você se sinta como um aprendiz de surfista. E isso é muito belo e genuíno. Até porque era a característica daquela década, dos filmes daquela época.
Agora, deixo aqui uma pergunta: que raios de tempos em que estamos vivendo em que parece que tudo aquilo que consumimos acaba ficando sem gosto, sem cor e sem vida? O remake de Caçadores de Emoção que você verá no cinemas a partir desta quinta-feira é mias uma prova cabal desta nova tendência.
A comparação acaba sendo inevitável. Primeiro que colocaram uns atores horríveis que não chegam aos pés dos anteriores. Édgar Ramirez (Bodhi) e Luke Bracey (Utah) chegam a ser patéticos. Os dois durante todo o tempo de filme tentam disputar quem é o vencedor de tanta bobagem. Estes precisam voltar para uma escola de atuação URGENTE! Em segundo, está o roteiro. Kurt Wimmer e Rick King e mais 5 pessoas retiram a poesia e a essência escancarada no filme original para fazerem uma sucessão de provas do extinto programa “No Limite”, apresentado por Zeca Camargo (TV Globo). Como acontecia no reality  show, os atores do longa são obrigados a passar por sucessivas provas para testar o seu limite.
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Dias atrás, eu assisti a um mini-vídeo que estava rolando no Facebook sobre umas pessoas patrocinadas pelo energético Red Bull se jogam de um dos prédios mais altos de Dubai a fim de testar a adrenalina e curtirem aquela onda. Depois de tantos andares, eles abrem, todos eles, os paraquedas. Este filme é isso! Temos que ver se não foi patrocinado pelo energético. E a direção, nem preciso falar. Ercison Core transforma a boa história do agente do FBI que deseja prender meia dúzia de meliantes em uma salada de provas de teste psicológico e ao corpo. O espectador fica cansado após uma cena atrás de outra ter ação, e nenhuma se conectar. Parecem que são cenas independentes, provas independentes. Os personagens com diálogos chulos e um argumento patético e torto de espiritualidade com sustentabilidade de fazer algo pelo próximo misturado com a lei da ação e reação. E mais: parece que a direção ou a produção executiva do filme decidiu homenagear os filmes bem sucedidos de ação de 91 para cá e acaba que fazendo uma cena retirada de cada filme. Sendo assim, vemos “007”, “Missão Impossível”, “O Clube da Luta”, “Rocky Balboa” etc.
Esta estrela que você vê lá no começo da crítica se refere à fotografia. Feita pelo próprio diretor, vemos que o filme esbanja cada tomada maravilhosa. Com drone ou sem drone, Core proporciona um espetáculo visual muito grande ao cinema. Ainda mais com o efeito 3D então, fica melhor ainda. Ao final do filme, tem – se a sensação de que ele focou apenas na fotografia e esqueceu a direção.
Então, se você tem o Caçadores de Emoção original como um filme do seu coração, mantenha-o lá e não perca seu tempo indo assistir à esta versão novata e amadora. Te garanto que uma re-assistida no filme de 91 vai te dar sentimentos muito mais nobres e não te dar a sensação de perda de tempo.
ASSISTA:

FICHA TÉCNICA:
Filme: caçadores de Emoção: Além do Limite
Direção e Fotografia: ericson Core
Elenco: Édgar Ramirez, Luke Bracey, Ray Winstone, Teresa palmer, Matias Varela, Clemens Schick, Tobias Santelmann, Max Thierot, Delroy Lindo e Nikolai Kinski
Roteiro: Kurt Wimmer, Rick King e W. PeterIliff.
Trilha Sonora: junkie XL
Edição: John Duffy, Gerald B. Greeberg e Thom Noble.
Gênero: Ação, Crime e Esporte
Duração: 114 minutos
Distribuidor: Warner
Ano: 2015

Bernardo Moura

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