Crítica de Filme | A Linguagem do Coração

Adolfo Molina

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17 de março de 2016

Construindo o sentimentalismo de forma alternativa, sem necessitar dos melindres padronizados da indústria, o diretor, Jean-Pierre Améries, que dirigiu filmes que percorreram as características do cinema francês como “Românticos Anônimos” e “O Homem que Ri”, este último inclusive que esteve em cartaz no Brasil durante 2013. Seu novo filme, “A Linguagem do Coração”, cativa e interpola.

A narrativa conta a história de uma freira e a criança-aluna, em um convento do século XIX. A experiência cresce e recebe cargas humanistas, reais. Apesar de conotar um tom pessimista e negativo dado à subjetividade da direção fria e cautelosa, o contraste com a história se enalta quando se percebe uma ode à vida, às pequenas e simples atividades de vida que exaltam a felicidade. A irmã Marguerite, interpretada por Isabelle Carré impõe uma curiosidade quase que inocente ao tentar desvendar uma vida restrita às interpretações e expressões.

marie

Um dia, uma garota de 14 anos, surda-cega, chega ao convento, com nítidas dificuldades em se comunicar e se socializar. A partir da empatia e solenidade irmã, a menina se sente acolhida e protegida. A irmã se identifica com a pequena garota Marie (incrivelmente interpretada por Ariana Rivoire), e esta, por sua vez, terá com Marguerite uma relação recheada de respeito, compaixão. Há um exagero nas camadas inicias do filme, talvez pelas referências dos enquadramentos à Nouvelle Vague e isto faz com que o filme leve tempo para angariar identificação própria e auto-condução, mas a proposta ganha vida e força ao longo de sua continuidade.

A delicadeza do roteiro é bem feita e cuidada, sem exageros e nem adoção de discursos prontificados. A direção é romântica, foca a delicadeza das relações e das composições dos personagens. Não é apenas um filme para nos sentirmos otimistas, é um filme que fala aborda também questões como perda, amizade e existencialismo. Améries constrói um melodrama que foge dos padrões convencionais, que gera uma profundidade lírica em suas cenas.

“A Linguagem do Coração” é comovente e natural. O aspecto otimista junta-se a um trabalho de direção que cria momentos de encantamento, catarse e profundidade. A fotografia de Virginie Saint-Martin elabora relatos artísticos e impressionantes com cores e iluminação para desenvolver momentos ternura mas sem deixar de lado um peso metafórico nas tragédias e nos momentos dramáticos. Com um sentimentalismo muito bem desenvolvido, “A Linguagem do Coração” representa uma passagem fantástica sobre as comunicações e o otimismo sobre.

Confira o trailer:


Ficha Técnica:
Título Original: Marie Heurtin
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 17/03/16
País: França
Ano de produção: 2015
Duração: 95 minutos.
Direção: Jean-Pierre Améris
Roteiro: Jean-Pierre Améris, Philippe Blasband
Elenco: Isabelle Carré, Ariana Rivoire, Brigite Cattilon, Noémie Churlet

Adolfo Molina

Jornalista hiperativo, estranho e que ama falar e escrever. Sou o que sempre busco ser. Comunicar e mudar as pessoas. Levar o bem através de tudo que amo!
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