Crítica de Filme | Micróbio & Gasolina

Juliana Góes

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27 de outubro de 2015

Exibido no Festival do Rio, Micróbio & Gasolina consegue prender a atenção com a história simples de uma bela amizade entre os protagonistas, Daniel (Ange Dargent), que ganha apelido de Micróbio pelo seu tamanho pequeno, e Théo (Théophile Baquet), apelidado de Gasolina por gostar de coisas mecânicas.

Os dois meninos encontram apoio um no outro ao compartilhar os problemas que enfrentam em casa, e na escola, onde são vítimas de bullying. Daniel é sufocado por excesso de atenção da mãe, que sofre com problemas de depressão, além de ser excluído pelos colegas da escola por ser tímido e indefeso. Já Théo, não recebe tanta atenção dos pais, mas demonstra mais confiança e se propõe a ensinar sobre experiências da vida, se tornando um irmão mais velho para Daniel. Com pensamentos diferentes, ambos traçam um plano de cruzar o país, para isso, testam seus limites quando decidem construir uma espécie de carro-casa e caírem na estrada pela França. A partir daí, começa uma série de desventuras com dose de humor, apesar da distância da casa da família e enfrentando dificuldades durante a viagem.

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Micróbio & Gasolina é um filme sobre trajetória de amizade e descoberta, que resgata a inocência da infância e a criatividade juvenil. Simples e auspicioso, não há como apontar erros pelo conteúdo ou parte técnica. A obra assinada pelo cineasta Michel Gondry (Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças) mistura o lúdico com a seriedade para contar uma história de amizade que ajuda dois garotos a vencer obstáculos na pré-adolescência, revivendo a chance de acreditar na possibilidade de transformar sonhos em realidade, como construir um carro-casa, apenas com uma mola simples, caixas e algumas placas. Assim como é de costume em seus trabalhos, Gondry abriu mão de efeitos especiais computadorizados, e mostrou com praticidade como é fácil construir um carro de madeira que vira casa apenas usando a criatividade, propondo que é preciso muito pouco para produzir um grande filme. Isso também deixa evidente a rejeição de tecnologia em geral na história, até a cena de selfie é ridicularizada.

Os protagonistas atuam muito bem. Embora ainda sejam inexperientes, eles não se intimidaram com as câmeras. O diálogo entre eles é engraçado e há situações extremamente hilárias, que arrancaram risadas da plateia. Em relação ao elenco, o único problema foi que a consagrada atriz francesa Audrey Tautou, mundialmente conhecida pelo filme “Amélie Poulain”, que interpreta a mãe de Micróbio e é pouco aproveitada no filme. Quanto à fotografia, a iluminação é bem natural nas cenas de dia e de noite, mas sem muita importância, pois o diálogo dos garotos é o que se destaca.

Micróbio & Gasolina não chega a ser a melhor obra de Michel Gondry, mas é um filme divertido sobre amadurecimento, que mistura o real e o imaginário, através do ponto de vista de dois adolescentes no que se refere ao desconhecido mundo das obrigações e na busca pela liberdade, enquanto não voltam a realidade da escola e da família.

*Filme visto no Festival do Rio em outubro de 2015.

FICHA TÉCNICA:

Título original: Microbe et Gasoil
Direção e roteiro: Michel Gondry
Produtora: Partizan Filmes
Produção: Georges Bermann
Elenco: Théophile Baquet, Ange Dargent, Audrey Tautou
Fotografia: Laurent Brunet
Montagem: Elise Fievet
Música: Jean-Claude Vannier
Gênero: Ficção
COR
País: França
Ano: 2015

Juliana Góes

Leonina, carioca, adora filmes e séries, apaixonada pelos animais, e não vive sem chocolate...
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