Crítica de Filme | Minúsculos

Gabriel Meira

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21 de janeiro de 2015

Minúsculos, do original “Minuscule – La Vallée des Fourmis Perdues”, é uma animação francesa, dirigida por Heléne Giraud e Thomás Szabo, que segue boa parte da linguagem cinematográfica  do país utilizada em filmes de drama. Em um longa para crianças seguir a mesma forma de fazer cinema para adultos pode tornar a produção cansativa e desinteressante para seu público alvo.

O desenho conta a história de uma joaninha solitária que se perde da família e faz amizade com uma colônia de formigas negras. Ao salvá-las do ataque de um lagarto, ela acaba entrando em guerra, ao lado de suas novas amigas, contra outra colônia de formigas (desta vez vermelhas) por causa de alimento.

Joaninha e formigas unidades: luta pelo alimento

Joaninha e formigas unidades: luta pelo alimento

A sinopse faz parecer que Minúsculos é uma animação qualquer, para divertir aqueles a quem a animação se propõe (as crianças). Ao mesmo tempo que tenta passar uma lição de moral para dar um motivo a mais para os pais levarem os filhos ao cinema, o filme utiliza esta fórmula norte-americana. A linguagem, porém, é totalmente francesa e é isto que torna o longa animado diferente. Deixar de lado as falas, o uso exagerado de trilhas sonoras para compor este espaço vazio contrapondo a aos momentos de grande silêncio, são características marcantes do cinema francês e aqui são utilizadas tão à risca que, por vezes, dá um ar de cult ao desenho. Os efeitos sonoros também nos fazem lembrar os usados nos primeiros desenhos animados da Disney, pela sua rusticidade e distorção, além de extremamente repetitivos, onde os mesmos acontecimentos surgem diversas vezes em diferentes momentos.

A guerra entre as formigas negras e vermelhas

A guerra entre as formigas negras e vermelhas

O século XXI, principalmente em seus mais recentes  anos, trouxe o péssimo hábito de querer  antecipar a fase adulta do ser humano. Cada vez mais a infância vai ficando para trás e dando lugar a um adulto frustrado. Agora veio a mania da intelectualização precoce e o cinema está se rendendo a isto. Minúsculos não é uma animação com temas que fogem da capacidade intelectual de uma criança em seu conteúdo, porém, em forma de cinema sim. Além do longa ser mudo, o que já traz naturalmente um ritmo lento, os cortes e a utilização do som dão ênfase à esta lentidão. A forma da animação atingir uma criança com sua mensagem é através da diversão. Elas não recebem a mensagem se não tiverem se divertindo. O longa passa uma mensagem comum sobre coragem e amizade, e, neste quesito, a comparação com o aclamado “Vida de Inseto” fica inevitável.

BEM NA FITA: Humanização de alguns personagens.

QUEIMOU O FILME: Utilização de uma linguagem cult em um filme de animação para crianças.


FICHA TÉCNICA:
Título original: Minuscule – La vallée des fourmis perdues
Gênero: Animação
Direção: Hélène Giraud, Thomas Szabo
Roteiro: Hélène Giraud, Thomas Szabo
Produção: Philippe Delarue
Montador: Côme Jalibert
Trilha Sonora: Hervé Lavandier
Duração: 89 min.
Ano: 2013
País: Bélgica / França
Cor: Colorido
Estreia: 21/01/2015 (Brasil)
Distribuidora: Paris Filmes
Estúdio: Entre Chien et Loup / Futurikon / Futurikon Production II / Nozon
Classificação: Livre

Gabriel Meira

Formado em cinema e apaixonado por todo tipo de arte, assiste de tudo, mas tem suas preferências pelos filmes que trabalham com o psicológico. Acredita na evolução do cinema nacional, assim como sua influência na educação.
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