Crítica de Filme: “Oz – Mágico e Poderoso”, por Cadu Barros

Colaboração

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19 de março de 2013

*** Crítica escrita pelo colaborador Cadu Barros ***

Oz – Mágico e Poderoso, nova empreitada da Disney no gênero de fantasia, conta as origens do feiticeiro criado pelo escritor L. Frank Baum e apresentado pela primeira vez no cinema em 1939, no clássico O Mágico de Oz. A intenção do estúdio do Mickey é clara: repetir o mesmo sucesso comercial alcançado com outra obra semelhante, Alice no País das Maravilhas, que arrecadou mais de 1 bilhão de dólares em todo o mundo há exatos 3 anos.

O visual de Oz é um dos grandes atrativos do longa.

O visual de Oz é um dos grandes atrativos do longa.

Atributos para isso não faltam: elenco estrelado, produção caprichada, visual deslumbrante e uma história com elementos facilmente presentes no imaginário infantil (heróis, princesas, bruxas, castelos). O diretor Sam Raimi (da primeira trilogia do Homem –Aranha) acertou em, por exemplo, começar o filme no formato letterbox (a tradicional “tela quadrada”) e em preto e branco, assim como a obra da década de 30. Assim, é apenas no momento em que Oscar entra no mundo mágico que tudo se torna colorido e a tela é totalmente preenchida, proporcionando um impacto muito maior ao público. Nesse sentido, o design de produção mostra-se bastante eficaz. A fauna e a flora de Oz são impressionantes, apesar de não causarem o mesmo impacto que os vistos recentemente na animação Os Croods.

Raios Stih verdes

Weisz: raios Sith verdes

Os efeitos visuais, por outro lado, são bastante irregulares. Em alguns momentos são convincentes, como na cena do furacão ou no ataque dos cidadãos de Oz à Cidade de Esmeraldas. Em outros, são cartunescos e nada imaginativos (os raios da Bruxa Má são os mesmos proferidos pelo Imperador Palpatine em Star Wars, porém na cor verde). No caso da Boneca de Porcelana, o mérito por nos fazer crer que ela existe é tanto dos efeitos em computação gráfica quanto do excelente desenho de som (é delicioso ouvir cada passinho dela na estrada de tijolos amarelos).

Mas sem dúvida o que torna Oz – Mágico e Poderoso menos eficiente que o esperado é a falta de controle habitual de seu diretor, que erra no tom em vários momentos (o que ajudou a transformar seu Homem-Aranha em um herói bobalhão). O surgimento da Bruxa Má do Oeste, por exemplo, torna-se involuntariamente cômico ao invés de assustador. Na verdade, o filme poderia ser muito mais sombrio caso tivesse sido dirigido por Tim Burton, que pode ter errado ao não conseguir fazer de Alice uma personagem cativante, mas definitivamente sabe como realizar fábulas com toques de obscuridade.

Kunis e Franco: sem química.

Kunis e Franco: sem química

E falando em protagonista cativante, o astro James Franco (Planeta dos Macacos – A Origem) consegue tal feito, mesmo aos trancos e barrancos. Seu anti-herói é carismático, apesar de em alguns momentos soar tão bobo quanto o macaco falante que o auxilia. E se Mila Kunis (Ted) derrapa feio em uma composição exagerada de Theodora, Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel) surpreende como a manipuladora Evanora, inicialmente com um semblante calmo e sereno, que muda no decorrer da trama . Mas quem rouba a cena é Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn), de longe a mais talentosa dentre todos eles. Sua Glinda é ao mesmo tempo forte e meiga, sempre com uma sutileza encantadora. É nos pequenos gestos e tom de voz baixo que a Rainha Boa consegue as maiores proezas (inclusive a de fazer o público torcer para que a população de Oz seja salva).

Michelle Williams: sutileza encantadora.

Michelle Williams: encantadora

Quanto ao enredo, por mais arrastado que seja em alguns momentos, consegue pelo menos fugir do óbvio no terceiro ato. Ao contrário do combate frio e enfadonho visto no clímax de Alice no País das Maravilhas, presenciamos uma resolução inteligente e divertida do conflito, ao mesmo tempo em que ficamos sabendo como o charlatão vivido por Franco consegue chegar ao ponto que vimos em O Mágico de Oz.

E se o filme de Raimi está longe de ser inovador e criativo quanto o original, pelo menos não deve fazer feio na tarefa de cativar novas gerações de fãs, já que uma sequência já foi confirmada pela Disney. Podemos esperar, portanto, que a franquia seja melhor dirigida e que traga os personagens que fizeram de O Mágico de Oz um marco na história do cinema. E que a magia continue…

BEM NA FITA: Visual arrebatador, homenagens ao filme original, clímax inteligente.

QUEIMOU O FILME: Direção e atuações irregulares, ritmo arrastado.

FICHA TÉCNICA:

Nome: Oz – Mágico e Poderoso (Oz, The Great and Powerful)
Diretor: Sam Raimi
Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams, Zach Braff, Abigail Spencer, Joey King, Martin Klebba, Ted Raimi, Bill Cobbs, Tony Cox, Toni Wynne, Tim Holmes, Ron Causey, Dennis Kleinsmith, Keith Schloemp, Wayne Brinston, Mark S. Kerr, Jon Overgaauw, Phillip Huber, Arnold Agee, Talia Akiva, Kellerina Bacon, Ron Baratono, Grady Chambless, Will Clarke Michael Dault, Mike Estes, Carly Francavilla, Julie Gershenson, Kevin Hall, Stephen R. Hart, Nate Hatton, Ron Heisler, Gene Jones, Suzanne Keilly, Jessica Nichole Lach, Kef Lee, Linda Linsley, Rebecca Mccarthy, Oz Noori, Heather Park, Jessica Petrik, Deborah Puette, Sherzad Sinjari, NikkiSmith, Eric AdamSwenson
Produção: Joe Roth
Roteiro: Mitchell Kapner, David Lindsay-Abaire, baseado na obra de L. Frank Baum
Fotografia: Peter Deming
Trilha Sonora: Danny Elfman
Duração: 128 min.
Distribuidora: Disney
Classificação: Livre

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