Crítica de Filme | Ressurreição

Adolfo Molina

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13 de março de 2016

A abordagem aos contos bíblicos sempre descarrega olhares tendenciosos e voltados a uma estrutura quase sobrenatural. No entanto, ao alinhar uma aventura paralela através de um ponto de vista contrário ao status quo religioso, as precauções devem ser maiores e constantes, já que o perigo de cair em uma obviedade se estabelece.

Em “Ressurreição“, filme de Kevin Reynolds, conta-se a história do soldado romano Clávius (Joseph Fiennes), agnóstico e crente pelo deus Marte, mandado por Pôncio Pilatos (Peter Firth), a investigar o desaparecimento de um recém-crucificado judeu, que segundo seus discípulos e populares, ressuscitou e é o Messias.

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Os primeiros atos do filme cria o cenário da imposição romana e as fortes influências políticas que acometem a Judéia. Ambos romanos e muçulmanos travam constantes diálogos e conflitos em relação a situação do desaparecimento e dos boatos que a população começara a estimular. Tribuno (alocação dada ao cargo que Clávius desempenhava) se mostra cético de imediato e claro, contrário ao regimento de outra religião. Sua determinação é puramente militar, com motivações estratégicas e guerrilheiras, apesar das péssimas cenas de combate que é tanto problema de montagem quanto de roteiro.

Os atos finais introduzem Yeshua (Cliff Curtis), que já iniciou bem ao contextualizar histórica e geograficamente, pois além de usar o nome hebraico, o rosto do ator se assemelha a um pardo-hebraico, o que segundo estudos históricos, dizem ser sua verdadeira etnia. Outro ponto correto do filme foi a abordagem mais suave do filho de deus. Ele é um ponto de mudança no roteiro mas nada que roube o real protagonismo e real intenção do filme, que é mostrar como a sabedoria e o amor de Yeshua transforma o ceticismo do protagonista, mas sem o exagero da conversão e manipulação religiosa.

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Há atuações boas, como a de Joseph e Cliff, que produzem uma interessante sinergia; como também há descartáveis. Tom Felton nada acrescenta, além de apresentar nenhuma motivação para o papel. O roteiro têm amarras e alguns pontos falhos, principalmente na estruturação dos personagens, por exemplo, ao abobar um dos discípulos de Yeshua e com uma das cenas finais, que beirou o ridículo.

No mais, a história ganha realces ao mostrar um olhar distinto e incrédulo, criando uma espécie de parcialidade. Não há componentes e elementos de roteiro que sobressaltam o aspecto sobrenatural. Este “spin-off” bíblico leva boas considerações e um interessante sobre Yeshua sábio, único e exclusivamente, sábio.


FICHA TÉCNICA
Título original: Risen
Direção: Kevin Reynolds
Roteiro: Kevin Reynolds, Paul Aiello
Elenco: Joseph Fiennes, Tom Felton, Cliff Curtis, Peter Firth, Stewart Scudamore
Distribuição: Columbia Pictures
Data de estreia: 17/03/16
País: Estados Unidos
Gênero: Épico
Ano de produção: 2016
Duração: 107 Minutos
Classificação: 14 anos

Adolfo Molina

Jornalista hiperativo, estranho e que ama falar e escrever. Sou o que sempre busco ser. Comunicar e mudar as pessoas. Levar o bem através de tudo que amo!
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