Crítica de Filme | Se Deus Vier Que Venha Armado

Pedro Somini

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10 de novembro de 2015

O cinema brasileiro sempre foi alvo de críticas por ser celebrado em festivais nacionais e internacionais por filmes que abordam o crime, o tráfico e as pessoas que convivem com todos estes elementos à margem da sociedade. Esses filmes foram apelidados carinhosamente pela classe média como “favela movie”, longas que “denigrem” a imagem de nosso país. O que a classe média ainda não percebeu é que esses filmes não são celebrados somente por suas ótimas atuações e direções competentes, mas por abordarem a realidade nua e crua, que muitas vezes a mídia decide não mostrar.

Se Deus Vier Que Venha Armado, primeiro filme de Luis Dantas entra nesse hall de filmes, mesmo que não chegue ao mesmo nível  de outras projeções que exploram o mesmo universo.  Após ser liberado da prisão por 3 dias devido o dia das mães, Damião (Vinicius de Oliveira) recebe uma missão de chefes do PCC, nessas 72 horas ele se encontra com seu irmão Josué (Giulio Lopes), seu amigo Palito (Ariclenes Barroso) e conhece Cléo (Sara Antunes), uma professora de teatro.

Escrito e dirigido por Dantas, o cineasta mostra uma verdadeira segurança, nunca tentando chamar atenção para si, querendo que o espectador foque na história. Aliás, o começo do longa se consolida como um thriller, você não entende direito quais as convicções de Damião, o que ele realmente pretende, criando um clima de tensão que permanece durante toda a projeção. A trilhas sonora de Zé Godoy , composta por notas de piano, colabora com a apreensão criada pela atmosfera do filme.

Apesar de termos conhecimento sobre o envolvimento de Damião com o PCC, nunca o banalizamos somente como um presidiário. O amor que nutre pelo seu irmão e sua amizade com Palito expõem um jovem companheiro e amoroso, porém ao decorrer da história lembramo-nos de sua missão, e que talvez “roubar em uma moto” não tenha sido um de seus únicos crimes.

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Mesmo com personagens bem consolidados e uma trama extremamente interessante, Dantas não consegue manter a força da narrativa até seu fim. A segunda parte de Se Deus Vier Que Venha Armado é um road movie, porém parece que o filme perde seu foco, não possui mais história para contar, muitas cenas que estão inseridas servem apenas para preencher o tempo de duração, que conta com menos de 1 hora e meia.

Outro grande problema é o desperdício de elementos na trama, que no início parecem ser relevantes. Como o abandono de Damião no início da película, tão presente durante o filme, apesar de servir como construção de personagem, não possui relevância alguma, sendo totalmente dispensável. Outro caso é do policial Jeferson (Leonardo Santiago), representante do lado da polícia, seu ponto de vista foi poucas vezes mostrado, dando a impressão de que foi esquecido pelo próprio cineasta.

Apesar da boa direção, do competente elenco (destaques para Giulio Lopes e Ariclenes Barroso) e da eficiente mixagem de som, Se Deus Vier Que Venha Armado promete mais do que consegue cumprir, entregando um bom filme, mas que tinha muito mais potencial.

FICHA TÉCNICA 

Título original: Se Deus Vier Que Venha Armado

Gênero: Drama, Policial

Direção: Luis Dantas

Roteiro: Luis Dantas e Beatriz Gonçalves

Elenco: Vinicius de Oliveira, Sara Antunes, Ariclenes Barroso, Giulio Lopes, Leonardo Santiago e André Franco

Ano: 2015

País: Brasil

Pedro Somini

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