Crítica de Filme | (Un) Glamorous: The Naked Truth About Male Models

Antonio de Medeiros

|

12 de julho de 2015

A realidade nada glamorosa da vida dos modelos é mostrada de forma contundente no documentário (Un) Glamorous:  The Naked Truth About Male Models (“Sem Glamour: A Verdade Crua sobre os Modelos Masculinos”, em tradução literal), de Pedro Andrade. Muito já se falou das modelos, temas como prostituição, o agora famoso book rosa da novela “Verdade Secretas” e de modelos como Gisele Bündchen, agora aposentada das passarelas, mas pouco ou quase nada se fala da carreira dos modelos. Financeiramente, as modelos dominam e faturam muito mais do que os homens.  O filme em questão revela, portanto, um lado pouco explorado da moda e apresenta as dificuldades da carreira do modelo masculino.

No extremo oposto da imagem mais comumente difundida de superficialidade, narcisismo e pouca inteligência dos modelos, cujos estereótipos são explorados por Ben Stiller na comédia “Zoolander”, o documentário americano revela que para ter sucesso nessa área, além da indispensável dupla de sorte e beleza, o modelo precisa saber aproveitar com inteligência as oportunidades que surgem a fim de construir uma carreira.

Pedro Andrade apresenta (Un) Glamorous:  The Naked Truth About Male Models e fala do tema por experiência própria, antes de se tornar um dos apresentadores do Manhattan Connection, trabalhou como modelo e isso lhe possibilita uma visão de dentro e de fora da temática abordada.

cine_modelos-1

O glamour de ser capa de revistas como Vogue ou de estrelar campanhas para marcas como Tommy Hilfiger e Calvin Klein nos levam a pensar que os modelos vivem uma vida exuberante, mas o que acontece de fato com a grande maioria deles é justamente o contrário, a principal preocupação desses rapazes em início de carreira é a mais trivial, como a da maioria dos meros mortais: pagar o aluguel e as contas ao fim do mês. Muitos acabam se endividando, já que algumas agências adiantam valores para hospedagem e alimentação, por exemplo, a serem devolvidos depois. Se a carreira não deslancha, além da dívida, o tempo perdido pode se revelar uma verdadeira frustração para esses jovens que podiam estar numa faculdade ou com suas famílias. Ser modelo é uma carreira bastante competitiva e que, na maior parte dos casos, não tem vida muito longa e termina ainda antes dos 30 anos. Uma exceção à regra, mostrada no filme, é a do top sueco, Alex Lundqvist, de 43 anos, que continua sendo o rosto e, principalmente, o corpo da Hugo Boss.

Dividido em seis partes, durante o filme conhecemos a história de diferentes modelos. Alguns em início de carreira como Cameron, que tem um destaque maior no documentário, e que antes de se tornar modelo morava num trailer com a família e encontrou na moda a chance de conhecer outros países e de se encontrar no mundo. Outro modelo, Malik Lindo-Ireland, canadense, que já faz campanhas para grifes como a marca americana A & F, mas que divide um apê do tamanho da vaga de um carro como outro modelo. RJ King, ao contrário, já alcançou um nível mais alto na carreira e estampa diversos anúncios da Tommy Hilfiger. São nesses contratos publicitários que eles fazem mais dinheiro, os desfiles pagam bem menos do que imaginamos, mas, por outro lado, servem de vitrine para outros futuros trabalhos.

Vitrine é uma palavra-chave para falar desses modelos, cujos rostos e corpos devem estar sempre perfeitos e são constantemente exibidos e vendidos como padrões de beleza e sucesso. Quem vê da vitrine esses rapazes sorridentes em lugares fascinantes e com roupas de grife, mal sabe que por trás do vidro há um jovem correndo atrás de um sonho, esperando ansiosamente por uma ligação para um trabalho e vivendo “fora da vitrine” uma vida cheia de apertos e dificuldades.

(Un) Glamorous:  The Naked Truth About Male Models, indicado ao Emmy e ao Webby Awards, vale a pena ser visto e pode ser conferido nos vídeos abaixo:






Antonio de Medeiros

Antonio de Medeiros apenas digita os textos entregues pela própria Patty, ou por seu sobrinho Fernandinho, em papeizinhos escritos à mão (cartõezinhos amarelados de fichamento) ou datilografados, às vezes manchados de café ou quase sempre de whiskey. Ela me fez prometer que eu não modificaria nem uma única vírgula. De modo que não me responsabilizo por sua opinião e pitacos. (Antonio De Medeiros é formado em Turismo pela UniRio. Atualmente, é funcionário público. Passou pela CAL e pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Ama Cinema, Literatura e Teatro. Sonha em ser escritor. Enquanto escreve peças e um romance, colabora para o site "Blah Cultural")
O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman