CRÍTICA | ‘De Palma’ funciona como registro histórico e homenagem a um dos grandes cineastas de todos os tempos

Bruno Giacobbo

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23 de novembro de 2016

Considerado um dos melhores diretores da geração que ficou conhecida como “Nova Hollywood”, ao bater de frente com o establishment cinematográfico, na década de 70, Brian De Palma é uma figura singular. Contemporâneo e amigo de Steven Spielberg, George Lucas, Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, ele teve pouquíssimos sucessos de bilheteria e crítica na carreira. Para ser preciso, apenas “Os Intocáveis” (1987) e “Missão Impossível” (1996) tiveram duplo êxito quando lançados. Em compensação, ao longo dos últimos 40 anos, quando revista, a maior parte da sua obra ganhou status de cult. Este é o caso de “Carrie, a Estranha” (1976), “Scarface” (1983) e “Pagamento Final” (1993). O que explicaria esta situação, no mínimo, curiosa? Assistindo o documentário De Palma, dirigido pelos cineastas Noah Baumbach e Jake Paltrow, dá para ter uma ideia.

Durante quase duas horas, o velho cineasta se revela um exímio contador de causos. Uma daquelas pessoas com quem poderíamos ficar conversando por muito tempo sem cansarmos ou ficarmos entediados. Cada vez que faz referência a terceiros, De Palma imita a voz e os trejeitos. Esta verve tardia para a comédia de stand up compensa o fato dele ser o único “personagem” do filme. Não há outros entrevistados, opiniões contrárias ou favoráveis, só dá ele na telona. Alternando com o depoimento do diretor, imagens dos seus trabalhos mais importantes. É difícil determinar por que Baumbach e Paltrow escolheram filmar desta forma. Talvez tenha sido uma condição imposta pelo entrevistado, já que, como o próprio revela, ele teve problemas de relacionamento com os estúdios e outros profissionais.

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De Palma funciona, perfeitamente, como registro histórico e homenagem a um dos grandes cineastas de todos os tempos do cinema mundial. Há muitas curiosidades bem interessantes. Por exemplo: quantas pessoas sabiam que, inicialmente, o diretor estudou matemática, física e russo na universidade? De Palma se define como um autêntico nerd. A carreira artística surgiu depois, quando se matriculou numa pós-graduação que tinha aulas de teatro. Foi lá que ele conheceu um dos seus amigos mais antigos, Robert De Niro. Intrigante, também, é descobrir que seu pai, de certa forma, serviu de inspiração para o longa-metragem “Vestida Para Matar” (1980), uma das obras do chamado período hitchcockiano do diretor. Como? Só vendo o documentário para saber.

Desliguem os celulares e ótima diversão.

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:
Direção: Noah Baumbach, Jake Paltrow
Distribuição: RT Features
Data de estreia: 11/2016
País: Estados Unidos
Gênero: documentário
Ano de produção: 2015
Duração: 109 minutos
Classificação: a definir

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
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