Crítica de série | UnREAL (1ª temporada)

Sabrina Rodrigues

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22 de agosto de 2015

Quando soube que a série se tratava dos bastidores de um reality show cuja finalidade é encontrar uma esposa para um solteirão rico, não me senti atraída pelo enredo. Primeiro, porque não gosto de realities shows e segundo porque achei inviável o desenvolvimento de uma história assim sem cair na mesmice e no tédio. Mero engano meu, pois a série vai além dos bastidores de um reality show, ela é repleta de incidentes, reviravoltas e eventos apimentados e inesperados.

UnREAL é uma série com 10 temporadas, produzida e exibida pelo canal Lifetime nos Estados Unidos, (tem na AppleTV e no iTunes), e criada por Marti Noxon (Buffy, a Caça Vampiros) e por Sarah Gertrude Shapiro (The Bachelor) e é sobre os bastidores de um reality show chamado Everlasting, que tem por objetivo encontrar,  no final da temporada, uma esposa, entre várias concorrentes, para Adam Cromwell (Freddie Stroma), um inglês rico de família tradicional, que quer ampliar os seus negócios e ficar bem com a família, e por isso precisa que o show seja um sucesso. Como produtora do reality temos Rachel Goldberg (Shiri Appleby), braço direito da sua chefe, a produtora executiva do programa, Quinn King (Constance Zimmer, House of Cards, 1ª temporada).

Adam Cromwell e as candidatas

O primeiro destaque vai para a direção que dá à série o tom ágil, frenético que uma produção de um programa tem: seus problemas, percalços, imprevistos e expectativas. O segundo destaque vai para a série em si. UnREAL chega a ser incômodo, desconcertante, principalmente, quando desconfiamos que seja exatamente daquele jeito o desenrolar dos bastidores de um programa de reality show, no afã de alcançar resultados chocantes, provocadores, audiência e sucesso.

O terceiro destaque vai para as duas personagens principais da série, Rachel Goldberg e Quinn King, duas personagens fortes, complexas, manipuladoras. As duas exercem uma espécie de relação complicada e simbiótica, quase que doentia. Rachel sempre no intuito de agradar a sua chefe e mesmo discordando dela, se dispõe a realizar tudo o que Quinn pede.

Rachel e a sua chefe Quinn

Rachel Goldberg é sem dúvida a personagem principal da série. Ela já está sendo considerada por alguns especialistas em TV nos Estados Unidos como a versão feminina de Walter White de Breaking Bad. E a própria produtora Sarah Gertrude Shapiro afirmou, em Julho desse ano, ao portal The Huffington Post que Breaking Bad foi uma de suas principais influências, que eles (os produtores e roteiristas) desejavam ter uma espécie de anti-herói, mas que fosse do sexo feminino.

Surge aí a força de uma personagem feminina, carente por atenção e poder, assim como a sua chefe Quinn. Entretanto, a diferença entre Rachel e Quinn está na frieza concreta e sem remorsos da última, enquanto que na primeira ainda encontramos uma espécie de culpa em ser tão manipuladora e nas consequências de seus atos.

A produtora Rachel Goldberg

Esse é um dos aspectos que torna a série diferente, talvez a única série exibida atualmente que seja tão metalinguística, tão crítica à TV, na verdade de programas de realities, onde a espontaneidade é, de alguma forma, fabricada. E o mais aterrorizante é a possibilidade daquilo tudo possa ser verdadeiro, uma vez que  Shapiro afirmou que se baseou um pouco nas suas experiências como produtora de um reality show chamado The Bachelor.

Como foi dito no início, UnREAL vai além dos bastidores, é uma série sobre poder, manipulação, resultados. Como protagonistas dessa busca pelo poder estão duas mulheres. Você, ao ler essa crítica, deve estar se perguntando: “Mas por que ela está dando 3.5 numa escala de 5.0 e não deu 4.0 ou 5.0 à série se ela gostou tanto?” É porque espero mais de UnREAL, percebi que ela pode surpreender mais e quero voltar aqui no Blah, na próxima temporada, dando 5.0 à UnREAL e dizer a todos vocês que valeu à pena continuar.

Se você ama reality show tem que assistir à série UnREAL, se você odeia reality show, você também tem que assistir à UnREAL.

https://www.youtube.com/watch?v=n3IjmQiB8wc

Sabrina Rodrigues

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