Crítica de Teatro | Festa de Família

Gabrielle Meira

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19 de outubro de 2015

O espetáculo Festa de família conta a história de uma tradicional família  dinamarquesa que  reúne em um jantar parentes e amigos para comemorar o Sexagésimo aniversário do Patriarca da família. O que não era esperado é que, na reunião, fossem revelados segredos que mudariam a vida de cada um dos presentes.

A peça é baseada no filme do cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg. Em 1998, o roteirista alcançou prestígio internacional com Festa de Família, filme que recebeu muitos prêmios por  tratar de assuntos polêmicos. O diretor e ator,  Bruce Gomlevsky, acertou em realizar a montagem adaptada por David Eldridge . O tema é uma crítica a família tradicional e aponta temas polêmicos como abuso sexual, diferenças de classes sociais e  racismo. O teatro de Arena torna a peça intimista.

 se passa em uma sala de jantar, o cenário é composto por uma mesa retangular, e um grande espaço no meio. Em volta, piano e uma mesa de rádio antigo e um exuberante lustre tradicional no meio do palco, completam o cenário. Ao entrar o público é recepcionado por umas das atrizes, a mesma escolhe algumas pessoas para sentar-se à mesa de jantar. É incrível, como o diretor Bruce, consegue tornar  os espectadores como público personagem, ao mesmo tempo que os utiliza  como parte do cenário . A peça que em alguns momentos parece estar em uma estrutura contemporânea, desconstrói este conceito, quebrando a quarta parede, como por exemplo, em determinados momentos, os atores interagem com o público.

A montagem, adaptada de um filme dinamarquês, mantém a estrutura dinamarquesa, porém insere elementos brasileiros. Por vezes podemos observar vestimentas comuns do Brasil nos personagens, porém, o cenário e adereços não são comuns da nossa cultura. A homogeneidade das culturas, não atrapalhou a peça, porém faltou um elo para unir Brasil e Dinamarca, de uma forma sutil.

O público, que faz parte da peça, se vê a todo momento dentro dos problemas familiares,  se surpreende, se alegra e decepciona junto com os personagens . A utilização de todo o espaço, dentro e fora das vistas do público, faz com que a peça se torne dinâmica  e simples, devido a  luz branca, que torna a peça agradável aos olhos do público.

Um destaque ao ator principal Rafael Sieg, que faz o personagem Christian. O ator que é a chave da montagem conduz a peça do início ao fim, alternando momentos de depressão, satisfação, revolta e alegria de uma forma forte e suave. Torna o público a vontade com sua presença, romântica e misteriosa. O ator Gustavo Damasceno, personagem Michael, picareta e racista, irmão de Christian, realiza um belo trabalho de subtexto. O ator não perde o foco em nenhum momento da peça, reagindo a qualquer respirada mais forte do público ou dos seus companheiros de cena.

A montagem reúne no elenco, Carolina Chalita, Felipe Cabral, Gilberto Marmorosch, Gustavo Damasceno, João Lucas Romero, Luiza Maldonado, Marianna Alexandre, Xuxa Lopes, Paulo Giardini, Rafael Sieg, Ricardo Lopes, Ricardo Ventura, Thiago Guerrante e Tracy Segal.

Festa de família é uma montagem polêmica por  tratar da degradação de uma família tradicional. Por vezes a peça nos faz refletir sobre união familiar, e até que ponto o amor, pode superar os conflitos com os entes.

:: FICHA TÉCNICA

Texto: Thomas Vinterberg, Mogens Rukov e Bo Hr. Hansen
Adaptação teatral: David Eldridge
Direção: Bruce Gomlevsky
Tradução: José Almino

Elenco (em ordem alfabética):
Carolina Chalita / Pia
Felipe Cabral / Lars
Gilberto Marmorosch / avô
Gustavo Damasceno / Michel
João Lucas Romero / Kim
Luiza Maldonado / Helene
Marianna Alexandre / Sofie (a menina)
Participação especial de Xuxa Lopes como Else
Paulo Giardini / Helge
Rafael Sieg / Christian
Ricardo Lopes / Gbatokai
Ricardo Ventura / Poul
Thiago Guerrante / Helmut
Tracy Segal / Mette

Gabrielle Meira

Estudante de Jornalismo, na Universidade Castelo Branco . Gosta de ler livros, ir ao cinema e atua em peças de teatro . Não se incomoda que a chamem de Gabrielle, mas prefere Gabi . Ama uma ótima conversa ( de preferência interessante), não é chata, apenas questionadora por natureza .
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