Crítica de Teatro | O Olho Azul da Falecida

Anna Cintra

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11 de agosto de 2015

Se o riso é como alimento para a alma,a plateia que assistir à O Olho Azul da Falecida, sairá do teatro, digamos, de barriga cheia! Tudo porque essa deliciosa comédia de erros traz o irônico e subversivo texto de Joe Orton e cumpre aquilo que algumas outras peças do gênero em cartaz em 2015 só prometeram: dá banquete!

Durante os noventa minutos de encenação, a impressão é de que talvez as coisas hoje ainda funcionem como há cerca de cinquenta anos, quando a peça ganhou sua primeira montagem na Inglaterra. Orton é tido como um dos dramaturgos mais corrosivos do seu tempo,capaz de críticas certeiras à instituições públicas e aos padrões morais impostos por uma sociedade interessada em viver de aparências. Nada mais estranhamente atual!

A história é contada através de uma narrativa ágil e linear. Facilmente nos aproximamos dos personagens e conhecemos suas péssimas ( e cômicas ) intenções. Uma morta para ser enterrada, um viúvo sendo fisgado por uma enfermeira serial killer, dois trapalhões assaltantes de banco que escondem o dinheiro no caixão ( e a morta no armário! ) e um detetive metido à Sherlock Holmes ( às avessas! ) tentando resolver o caso.

O elenco exala entusiasmo, engajamento e humor, enaltecendo a tradução feita por Bárbara Heliodora, crítica de teatro falecida esse ano. Mas, o ritmo acelerado com que frases inteiras são ditas faz com que determinados trechos se tornem verdadeiros trava-línguas e alguns erros sejam percebidos,como a constante troca de palavras. Ainda sim, o talento dessa trupe é visível,com destaque para Mário Borges como o Sr. McLeavy ,de luto pela esposa e Helder Agostini como Dennis, o agente funerário. E a ótima direção musical de Wagner Campos confere um clima a la Agatha Christie e Hitchcock a essa boa sátira às tramas policiais.

::FICHA TÉCNICA

TEXTO: Joe Orton
TRADUÇÃO: Bárbara Heliodora
DIREÇÃO: Sidnei Cruz
CENÁRIO: José Dias
FIGURINOS: Samuel Abrantes
MÚSICA ORIGINAL E DIREÇÃO MUSICAL: Wagner Campos
ILUMINAÇÃO: Rogério Wiltgen
ADEREÇOS: Guilherme Reis e Samuel Abrantes
PROGRAMAÇÃO VISUAL: João Carlos Guedes
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Valéria Meirelles
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Edmundo Lippi
REALIZAÇÃO: Cia Limite 151
ELENCO:
Tuca Andrada – Truscott
Gláucia Rodrigues – Fay
Rafael Canedo– Harold
Helder Agostini – Dennis
Johnny Ferro – Meadows
Mário Borges – McLeavy

Anna Cintra

Estudante de Psicologia há dois semestres, metida à mochileira há alguns anos e interessada em Fotografia desde sempre! Tem mania de sair com o cabelo molhado, de tomar mate gelado e de Ricardo Darin. É de Niterói, mora em Maricá e diariamente atravessa a Guanabara para trabalhar. Tá sempre saudosa de Porto Alegre, do Guaíba e do Quintana. Adora lugares com farol, mar e Iemanjá. E jura que viu Deus no último grande show que assistiu: ele estava no palco,usava uma bata, óculos escuros,cantava e tocava piano como ninguém! Pera! Esse era o Stevie Wonder...!
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