Crítica de Teatro | Sexo, Drogas e Rock’n’Roll

Gabrielle Meira

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9 de março de 2015

Em Sexo, Drogas e Rock’n’Roll, Bruno Mazzeo interpreta a vulgaridade, a hipocrisia e a banalidade da sociedade. O espetáculo, é dividido em minis monólogos, onde Bruno dá vida a 6 personagens diferentes, que estão envolvidos indiretamente no mesmo ciclo de vida.

Em sua primeira cena, Bruno interpreta um viciado em drogas, que pede dinheiro ao público. Nesse primeiro momento, o objetivo é que as pessoas sintam pena e indiferença ao personagem mendigo e drogado. O fato de ter escolhido estar fora do palco, faz com que o público tenha a sensação que o espetáculo ainda não começou, e que este personagem não está dentro de uma boa realidade. Poucas risadas eram ouvidas da plateia, nesta primeira cena, mesmo que o texto tenha muitas vielas de comédia. É nesta cena que a direção de Victor Garcia Peralta, é audaciosa, pois começa a peça deixando de lado o ponto mais forte de Bruno Mazzeo: a comédia. A intenção do diretor fica clara, assim que começa a segunda cena. Neste momento, Mazzeo interpreta um Rock Star, viciado em drogas e famoso, que dá uma entrevista ao programa do Jô Soares, sobre sua vida exageros, um mundo de Sexo, Drogas e Rock’ n’ Roll. Ao contrário do início da peça, a cena roubou grandes gargalhadas da plateia. O diretor, Victor Garcia, mostra em apenas duas cenas, de forma suave, o quanto as pessoas tendem a dar mais importância ao que se apresenta com mais status e dinheiro.

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As outras cenas seguem com Bruno, interpretando um mundo de banalidades. Passando desde um Empresário mau caráter, até um homem qualquer, sem perspectiva de vida. A luz do espetáculo é branca , o cenário é dividido em três blocos brancos em tiras, dispostos nas laterais e meio do palco. Nesses blocos entre, uma cena e outra, era usado o recurso, da multimídia, onde passavam imagens, referentes à cena anterior. A trilha sonora, é toda internacional, o espetáculo começa com “Smoke on the water”, do Deep purple , e termina com Rolling Stonnes, “I can’t Get No, Satisfaction”.

O monólogo é uma adaptação da peça que foi produzida nos anos 90, levando o prêmio Obie Awards, de destaque do circuito off brodway. É notável que o texto tentou realizar a adaptação para o público Brasileiro de forma sutil . Porém, o ponto positivo da peça original americana, gera o ponto negativo do espetáculo brasileiro, mesmo com Bruno Mazzeo se desdobrando em inúmeras e bem realizadas mudanças de personagens. A adaptação do humor crítico americano, para o humor crítico Brasileiro, confunde o público. A unificação do mundo de sexo e drogas, pode ser o mesmo, porém a compreensão das piadas é distinto de acordo com o público e local. Por muitas vezes, o texto americano, se desconectava das piadas brasileiras, gerando uma queda da peça do meio para o final.

Sexo, Drogas e Rock’n’Roll, é uma bela aparição de Bruno Mazzeo, que está acostumado a ser visto no cinema, com o estilo de “comédia pastelão”. Neste monólogo ele se apresenta com uma comédia inteligente e que instiga o público a repensar sobre o comportamento de aparências e mediocridade da sociedade atual.

FICHA TÉCNICA

Elenco: Bruno Mazzeo
Direção: Victor Garcia Peralta
Autor: Eric Bogosian
Tradução: Maria Clara Mattos
Direção de Produção: Maria Siman
Trilha: Plínio Profeta
Cenário: Dina Salem Levy
Luz: Daniela Sanchez
Projeto gráfico e vídeos: Rico e Renato Vilarouca
Produção Executiva: Clarice Coelho
Gerente de Projetos: Paula Salles
Realização: Primeira Página Produções e Bruno Mazzeo

Gabrielle Meira

Estudante de Jornalismo, na Universidade Castelo Branco . Gosta de ler livros, ir ao cinema e atua em peças de teatro . Não se incomoda que a chamem de Gabrielle, mas prefere Gabi . Ama uma ótima conversa ( de preferência interessante), não é chata, apenas questionadora por natureza .
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