Game of Thrones

‘Game of Thrones’ – Episódio 5 (8ª Temporada) | CRÍTICA

Pedro Marco

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13 de maio de 2019

Game of Thrones, adaptação da saga literária As Crônicas de Gelo e Fogo, dá seu penúltimo suspiro antes do encerramento deste épico televisivo. O quinto episódio da oitava temporada, “The Bells”, talvez tenha sido até então o ápice de uma onda de controvérsias e divisão do público em sua mais polêmica temporada.

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Iniciando com um recuo das forças armadas antes do derradeiro embate, a morte do enigmático Varys abriu alas para um amargo gosto de Lost nestas últimas pontuações. Recheado de mistérios e segredos ao longo de toda sua jornada entre as temporadas, o personagem tem um fim seco e mau resolvido levando consigo uma série de questionamentos da cara de interrogação do grande público.

Ainda antes do embate que marcaria este episódio, tivemos a soltura de Jaime por seu anão irmão. A cena, iniciada por uma forçada e mau colocada cena cômica envolvendo a dicção do personagem, demonstra o quão perdido o mais inteligente dos Lannister está nos últimos anos. Flutuando entre situações rasas de sua bebedeira e ironia, Tyrion acaba utilizando-se de suas emoções acima da razão para soltar seu irmão, fazendo os fãs dos livros, e mesmo os da série, não o reconhecerem em meio à cena piegas e completamente fora de hora.

Foto: HBO / Divulgação

Além de momentos clichês, o episódio aposta também em soluções fáceis que beiram à bizarrice. O anúncio de Arya estar entrando em Porto Real para matar a rainha sendo aceita como desculpa para acabar a guerra pelo único soldado que guardava o acesso de uma cidade prestes a entrar em estado de cerco, coroa bem este ponto. Outra questão é a constante afirmação durante toda a temporada de que os dragões de Danearys estavam fracos e famintos, tendo sido duramente derrotados pelas forças de Euron Greyjoy no embate anterior. Já aqui, vemos o mesmo dragão contra as mesmas forças navais levando a melhor por puro roteirismo que elevou exponencialmente a força deste lendário réptil alado.

Porém, se no início tivemos uma morte fácil demais para o eunuco Varys, o tio malvado dos Greyjoy é duro na queda ao aguentar a investida de fogo de dragão, seguida de naufrágio de seu navio e nadar até a orla no exato momento da chegada de seu algoz, tendo ainda forças para um último embate.

Sendo construída desde a primeira temporada, a fama de regicida de Jaime o argumentava como o maior peso de sua consciência. Trauma este que os fãs aguardavam ser explorado ao fazê-lo confrontar novos monarcas, como sua irmã Cersei, a incendiária Danearys, Sansa ou mesmo o já quase esquecido Rei da Noite. No entanto, o público teve de se contentar com um mal estabelecido Rei das Ilhas de Ferro, dando um desfecho pífio a mais um de seus mais queridos antagonistas.

Foto: HBO / Divulgação

Na invasão dos portões de Porto Real, Dany e Drogon descem em um rasante de fogo que atinge o exército real pelas costas, dando entrada ao multiplicavel exército de dothrakis e imaculados. Belas cenas de destruição e Fogo tentam constantemente maquiar o fraco e duvidoso Cgi ao fundo da luta. Cenas como a entrada de verme cinzento na cidade, apresentam um chroma key quase palpável que tira a imersão da história em seu clímax dramático.

A desconstrução de personagens segue constante, com a mãe dos dragões mergulhando na loucura que seu pai deixou de herança. Apesar de ser um fator avisado desde o princípio, deve-se atentar na repentinidade desta virada de jogo para a personagem que no episódio anterior tomava um delicioso Starbucks em Winterfell com sorrisos e felicitações.

Olhando para o chão, o real herdeiro John Snow reflete o semblante perdido do público, ao prosseguir devendo ao público as razões pela qual retornou dos mortos.

Foto: HBO / Divulgação

Entre um drama bem mostrado da cidade com cenas comoventes em meio de morte, destruição e fogo de dragão, inicia-se o tão aguardado Clagane Bowl. O embate entre cão e montanha estoura com a epicidade que a luta pedia, tendo o mundo caindo ao redor. Apesar de apelar para um morto-vivo despertando sua consciência e desobedecendo mestre e criador, a luta se desenrola de forma bem coreografada e empolgante, apesar de desaproveitar os traumas de fogo construídos durante 8 anos.

Por fim, dentre o time de protagonistas, vemos Arya Stark igualmente perdida e sem propósitos, encerrando sua confusa participação em um gancho final de risco de morte tão clichê, que já havia sido usado de forma bastante similar entre Jaime e o mesmo dragão na temporada passada.

Como em Game of Thrones sem cadáver não há morte, podemos até estimar um retorno de Cersei, Jaime, Euron e até mesmo montanha dos esquecidos escombros de Westeros. Vendo os livros e anos de construção de trama, e personagens queimando junto à investida da Rainha Louca com um arco dramático digno de Anakin Skywalker, os fãs clamam que, ao menos no último episódio, os roteiristas sejam tão bons quanto a direção de arte e entreguem um final digno à jornada.

::: TRAILER


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::: FICHA TÉCNICA

Título original: Game of Thrones
Temporada: 8
Direção: David Nutter
Roteiro: George R.R. Martin (baseado n’As Crônicas de Gelo e Fogo), David Benioff, D.B. Weiss, Dave Hill, Gursimran Sandhu, Ethan J. Antonucci
Elenco: Peter Dinklage, Nikolaj Coster-Waldau, Lena Headey, Emilia Clarke, Kit Harington, Sophie Turner, Maisie Williams, Liam Cunningham, Nathalie Emmanuel, Alfie Allen, John Bradley, Isaac Hempstead Wright, Gwendoline Christie, Conleth Hill, Rory McCann, Jerome Flynn, Kristofer Hivju, Joe Dempsie, Jacob Anderson, Iain Glen, Pilou Asbæk, Anton Lesser, Richard Dormer, Gemma Whelan, Ben Crompton
Produção: HBO
Distribuição: HBO
Gênero: Drama, Fantasia
Ano: 2019
Classificação: 16 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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