CRÍTICA | Segredos deixam nervos à flor da pele no intrigante ‘La Quietud’
Giovanna Landucci
|2 de novembro de 2018
Dirigido pelo aclamado diretor Pablo Trapero, La Quietud fala de família, das aparências, de conflitos e dramas. Estrelado pela famosa atriz argentina Martina Gusman, Berenice Bejo e Graciela Borges, que interpretam suas respectivas filhas, o filme aborda os segredos entre famílias e tenta desvendar a origem desses conflitos.
42ª Mostra de SP: CRÍTICA | ‘Sofia’ retrata a consequência de polêmica lei no Marrocos
Após longos anos de ausência e o derrame de seu pai, Eugenia retorna à fazenda da família. Ela está morando na França com seu marido, um amigo de infância das duas irmãs. Depois do problema com o pai e muitos dias no hospital, a família resolve acomoda-lo em casa. Com a vinda de Eugenia, começam a emergir todos os conflitos do passado em uma constante discussão entre Mia e sua mãe, que nunca dá ouvidos à ela e sempre demonstra rispidez.
42ª Mostra de SP divulga vencedores: ‘Todas as Canções de Amor’ ganha prêmio de melhor filme
La Quietud é repleto de emoções e sentimentos à flor da pele, com muitas cenas eróticas contadas de uma maneira bem interessante. As duas irmãs sempre tiveram uma relação muito próxima, como unha e carne, quase como se fossem uma só dividiam tudo. Inclusive, há bastante semelhança física entre as duas, o que, em determinados momentos de sexo, o espectador pode demorar a entender qual das duas está ali, mas isso faz parte do conflito e da confusão que o autor quis deixar no espectador. Por aqui tudo vai se desmembrando aos poucos e revelando sutilmente segredos sórdidos.
42ª Mostra de SP | 25 filmes voltam a ser exibidos durante repescagem
Foto: Wild Bunch / Divulgação
As três mulheres, agora sozinhas, são obrigadas a confrontar traumas emocionais do passado, crises de rejeição e de ciúmes, e episódios conflituosos que aconteceram na época da ditadura militar e que deixaram rastros por toda uma vida entre elas e o pai, a quem Mia tem uma proximidade muito grande e, por isso, é a mais fragilizada com tudo que vem acontecendo com ele. Com tudo isso, segredos enterrados há um longo tempo ressurgem, o que fará o espectador se envolver em cada trama revelada. Apesar da fazenda (e do filme) se chamar La Quietud, que em português significa “quietude”, elas estarão mais inquietas do que nunca e tudo isso será exposto de maneira drástica.
42ª Mostra de SP: CRÍTICA | ‘O Grande Circo Místico’ não corresponde à expectativa de um indicado ao Oscar
As belas canções, que casam perfeitamente com as cenas exibidas, e a linda fotografia, que retrata exatamente o que é viver em uma fazenda, criam um clima perfeito para também receber à mesa os amigos de infância (e amantes das irmãs), que trazem também revelação de uma relação distorcida, deturpada, que todas elas vivem como família, como mulheres, como mães e filhas.
*Filme visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: La Quietud
Direção: Pablo Trapero
Elenco: Bérénice Bejo, Martina Gusman, Joaquín Furriel
Distribuição: Mostra de SP
Data de estreia: em breve
País: Argentina
Gênero: drama
Duração: 111 minutos
Ano de produção: 2018
Classificação: 18 anos
Giovanna Landucci
Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
